NOVOS MORADORES (QUASE) TORRENSES OU EXILADOS DA COVID19

"A Pandemia, entre outras tantas coisas, mudou o número de habitantes das cidades do litoral Norte, incluindo Torres... Após a primeira etapa do “choque” da pandemia, que foi a fuga dos grandes centros para o litoral, esta aparente segunda etapa, migra para uma aceitação da condição de morador e não mais veranista" (por Roni Dalpiaz)

Praia Grande em tempos passados.... mas atualmente, o quanto mudamos?
27 de agosto de 2020

A Pandemia, entre outras tantas coisas, mudou o número de habitantes das cidades do litoral Norte. A estimativa é que a população tenha quase dobrado no período desde o final do mês de março até o mês de julho. Essa percepção é compartilhada por nós moradores (fixos) da cidade de Torres.

Aqui, percebemos um grande aumento do número de apartamentos e casas abertas e com moradores, o que normalmente só aconteceria próximo ao verão. Estas moradas estão sendo ocupadas frequentemente, não apenas nos finais de semana. Outra coisa que se nota é que muitos destes apartamentos e casas até estão sendo “reformados” e adaptados para uma ocupação mais frequente ou como moradia fixa (talvez).

Após a primeira etapa do “choque” da pandemia, que foi a fuga dos grandes centros para o litoral, esta aparente segunda etapa, migra para uma aceitação da condição de morador e não mais veranista. Ou seja, os que já tinham como opção após aposentadoria morar em Torres foram “forçados” a colocar em prática este plano futuro. A possibilidade de tele trabalho ou home office disseminado e aceito pela maioria das empresas, deixou mais fácil essa migração dos grandes centros para o litoral, ou qualquer lugar que se queira.

Este estado de coisas leva a muitas projeções que poderão tornarem-se reais ou serão simples devaneios. Então vamos lá, agora é pura percepção e um pouquinho de abstração.

Há alguns anos Torres recebe os aposentados de diversos locais do RS e do Brasil, recebe, também, parte da família e herdeiros de casas e apartamentos que por aqui ficaram. Esta população, que era sazonal, se transformou em fixa e avolumou aos poucos o contingente urbano da cidade. Atualmente, outro contingente está se somando ao existente: são os “exilados da Covid19”.

Eu acho que uma boa parte destes que estão aqui em Torres ou em outras cidades litorâneas, vão permanecer. As pequenas cidades vão, aos poucos, começar a transformar-se em médias cidades e tenderão a crescer em função do próprio tamanho físico, da qualidade de vida, e das opções de lazer e cultura oferecidas em boa quantidade. E para isso acontecer, também dependerá de cada cidade e de sua capacidade de investimento.

Falando nisso, não vi nem ouvi dos pré-candidatos a prefeito planos concretos de governo. A princípio nem o que está saindo (ou ficando) apresentou um Plano de Governo, o que se viu ao longo dos quatro anos foram ações perdidas com e sem focos, diluídas em um entra e sai de secretários. Enfim, esperamos que isto mude e que projetem a cidade e o município para, pelos menos os próximos 10 ou 20 anos.

E digo isso prevendo que o mundo, o país, o estado e o município não serão os mesmos depois da Pandemia. O que se fazia antes, terá que ser adaptado e modificado. Tendemos a ser uma cidade maior, com maiores problemas, com maiores deveres, com maiores responsabilidades e com maiores receitas, também. Penso que ela mudará um pouco seu perfil, de praia de veraneio e de final de semana. O turismo continuará sendo a principal fonte de renda, mas não a única. A indústria e o comércio/serviços terão um papel maior e mais consistente na economia, tomando para si a responsabilidade de manter e movimentar a cidade durante os meses de baixa temporada.

Outra tendência que dá para se considerar é a melhoria nos transportes públicos de massa. Havia uma antiga ideia de ligar o litoral à Capital através de um trem bala. Perdida no tempo e na memória, a tal ideia, se factível, caberia bem neste novo modelo pós-pandemia. Se bem que, vingando a ideia do tele trabalho, até aqueles empregos em que a presença é imprescindível poderia ser alterada para algo como semipresencial ou por escala! Novíssimos paradigmas.

Sei que isso implicaria em perdas de muitos direitos e outros problemas que nem daria para avaliar hoje. Mas há bem pouco tempo não tínhamos a mínima ideia do que o mundo iria passar. Nem como ficou e nem como poderá ficar. Estamos nos adaptando e, como bons resilientes, estamos mudando e tentando ir em frente.

————————————————————————————————————————

Em tempo: Como não se sabe como a pandemia estará até o próximo veraneio é necessário urgentemente planejar o que será feito em relação às praias e as aglomerações à beira mar. Dou uma singela e antiga sugestão: quem sabe se volta com os antigos guarda-sóis da SAPT, demarcando em quadrados para manter os turistas/veranistas/torrenses, cada um no “seu quadrado”. A velha e segregativa solução é uma bela alternativa para a sobrevivência do turismo atual. Aliás está se fazendo isso lá na Europa, dá para copiar a ideia novamente!




Veja Também





Links Patrocinados