O que jovens moradores de regiões periféricas de Torres querem para o futuro?

Um levantamento da União das Associações de Moradores de Torres (UAMTOR) revela, que a renda domiciliar per capita média desses jovens é de apenas R$ 309,50 por mês. Aponta que muitos estão casados ou vivem juntos, quando alguns deles inclusive já têm filhos (antes dos 18 anos).

FOTO meramente ilustrativa (Crédito: Galeria de Fora do Eixo / Creative Commons)
11 de março de 2024

Jovens moradores de áreas em vilas e bairros de Torres querem estudar, qualificar-se profissionalmente e conseguir um emprego bom. Muitos pretendem voltar a estudar, querem alcançar curso superior ou fazer cursos de qualificação profissional, sonham em abrir o próprio negócio e reconhecem que o trabalho é importante para sustentar a família e garantir a educação dos filhos.  É muito importante aproveitar a relação desses jovens com seus bairros e reforçar a identidade, gerar oportunidades e ajudá-los a criar seus próprios negócios.

 

PERFIL DOS JOVENS – Um levantamento da União das Associações de Moradores de Torres (UAMTOR) revela, ainda, que a renda domiciliar per capita média desses meninos e meninas é de apenas R$ 309,50 por mês. Aponta que muitos dos jovens estão casados ou vivem juntos, quando alguns deles inclusive já têm filhos. A formação precoce da família é confirmada também pela média de idade na qual os entrevistados tiveram filho: 17 anos. Existe uma parcela significativa de jovens fora da escola que não possui documentos importantes para a entrada no mercado de trabalho, além do acesso à programas e políticas públicas; alguns não possuem título de eleitor ou estão sem carteira de trabalho e não possuem carteira de identidade. E têm casos de ainda não possuírem CPF.

 

ROTINA, USO DO TEMPO E QUALIDADE DE VIDA- O levantamento da UAMTOR revela perfis variados. Alguns dos jovens, quando podem, vão ate o centro e participam de atividades culturais, mas tem os que não leram nenhum livro nos últimos 12 meses. Parques e praças centrais são frequentados nos finais de semana, porque não existem muitas praças em condições de uso nos bairros. Em geral, os jovens ouvidos estão satisfeitos com as relações com a família, amigos e vizinhos. Também estão satisfeitos com as condições de moradia. No entanto, estão insatisfeitos com as oportunidades de trabalho e renda, com o acesso a espaços de lazer e cultura e com o tempo livre para essas atividades.

 

COMPORTAMENTO E DESEJOS PARA O FUTURO – Questionados sobre o que é necessário ‘para se dar bem na vida’, os jovens contatados em Torres acreditam que o estudo é muito importante. A maioria também acredita que é preciso saber aproveitar as oportunidades e trabalhar duro, com persistência. Dizem que é preciso fazer planos para o futuro e que a principal dificuldade para alcançar a universidade é a necessidade de trabalhar e a falta de dinheiro, o que resulta na dificuldade de acompanhar as aulas.

 

PERFIL NO BRASIL – Quatro em cada dez jovens brasileiros abandonaram a escola no ensino fundamental (aponta estudo da Firjan). Eles em média apresentaram baixa escolaridade e já reprovaram pelo menos uma vez. O que chama atenção é a porcentagem de entrevistados que declararam não saber ler ou ter dificuldade. E os principais motivos da evasão escolar estão na falta de interesse, na necessidade de trabalhar e no casamento com filhos. Entre as mulheres o número é ainda mais alarmante, pois estas também param de  estudar por causa do casamento ou de filhos. Entre os ocupados, a idade em que começaram a trabalhar foi 15 anos. A maioria deles são empregados, poucos  atuam por conta própria. Mais da metade não possui carteira assinada e recebe abaixo de um salário-mínimo. Apesar da precarização dos postos de trabalho, alguns afirmam já ter feito algum curso de qualificação profissional. Mas há um distanciamento entre a qualificação e o emprego disponível, o que resulta na dificuldade dos jovens que não trabalham ou que  nunca trabalharam, o fazerem  na área em que cursaram a qualificação profissional.

 

SEGURANÇA -Este é o maior desejo dos moradores dos bairros de Torres para 2024. Foi o que revelou o levantamento feito pela União das Associações de Moradores. Não é à toa que o assunto esteve em pauta entre o mesmo grupo em diferentes momentos do ano. “A violência chegou aqui, infelizmente”, “Gente, procurem seu vereador, cobrem segurança. Torres deixou de ser um lugar seguro em todos os sentidos. Onde está a segurança?”, disseram moradores na enquete.

O segundo maior desejo é ter mais infraestrutura, para  ter qualidade de vida no bairro, um problema antigo enfrentado. Em seguida, aparece mais opções como transporte, melhores locais de lazer e comércio e, por fim, mais espaços ao ar livre. 225 pessoas participaram da enquete em Torres. O levantamento feito pela UAMTOR mostrou ainda que a chegada de novos estabelecimentos nos bairros foi considerada como o que de melhor aconteceu. Grandes marcas aterrissaram por aqui nos últimos anos, entre elas, as redes de Supermercados, de Materiais de construção, Postos de combustíveis, clinicas médicas e comercio em geral.

1) Segurança, 2)melhoria na mobilidade, 3)espaços de lazer, 4)creches e 5)postos de saúde foram citados como os mais necessários nos bairros de Torres, nessa ordem.

 




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