OPINIÃO – O mundo imaginário de Trump

A questão central aí é a visão passadista de Trump. Ele idealiza o mundo do final do século XIX e vive falando que os Estados Unidos cresceu, na época, porque impôs tarifas na defesa de sua indústria... mas tal procedimento não se encaixa na realdiade atual

Donald Trump (AP picture - in freemalaysiatoday)
10 de fevereiro de 2025

O Presidente Trump, desde que subiu pela segunda vez ao Governo americano, vem dando mostras de sandices inimagináveis. Uma das últimas, por ocasião do Primeiro Ministro de Israel a Washington, prometer varrer os Palestinos da Faixa de Gaza e construir naquela região uma “Riviera Oriental” às margens do Mediterrâneo `a qual os palestinos afluiriam no futuro como trabalhadores: porteiros, arrumadeiras, limpadores etc. Uma pechincha para negocistas imobiliários americanos, ele à frente. Caiu mal, o mundo inteiro reagiu, afirmando tratar-se de um crime contra a humanidade, associado à limpeza étnica e domínio de território alheio. Ele “nem tá aí”. Continua reafirmando o absurdo propósito.

A questão central aí é a visão passadista de Trump. Ele idealiza o mundo do final do século XIX e vive falando que os Estados Unidos cresceu, na época, porque impôs tarifas na defesa de sua indústria. Tal procedimento, entretanto, na época – e que alimentou fortemente o nacionalismo alemão e japonês, que aliás iria influenciar os governos latino-americanos de Cárdenas, no México, a Vargas, no Brasil, e Perón, na Argentina – se constituía na defesa de economias retardatárias para ocupar um lugar numa economia global dominada por Inglaterra e França, alimentada pelo colonialismo que exerciam sobre Ásia e África. O mundo do pós-II Guerra Mundial mudou este cenário completamente. E trouxe no seu bojo o desenvolvimento de economias periféricas que hoje concorrem com a hegemonia americana. A China, por exemplo, tão odiada por Trump, tem um PIB calculado em Poder de Compra superior ao americano e junto com os países do BRIC se constitui numa poderosa presença na economia mundial. Há muitos anos deixou de lado a campanha ideológico pela revolução socialista no mundo, como fez na década de 60 treinando os ativistas que lutariam no Araguaia. Hoje a China está preocupada no seu fortalecimento tecnológico, já superior no campo de inteligência artificial aos modelos ocidentais, avançando na conquista espacial a passos largos. Aos Estados Unidos e seu Presidente compete assumir este fato reconhecendo o novo desenho da geoeconomia mundial que acabará consolidando uma geopolítica multipolar, com vários campos de gravitação.

Mas o mundo de Trump não enxerga o presente, nem consegue projetar um futuro de paz e prosperidade para o planeta. Paz ambiental, assegurada pelo obediência ao Acordo de Paris que destaca a necessidade de promover a transição energética para a economia verde. Paz entre os povos, reafirmando o papel dos organismo multilaterais, começando pela ONU, na garantia de negociação de conflitos. Paz econômica global, através da garantia do livre comércio entre as Nações e garantias de cooperação entre elas. Paz como a nova luz tão reclamada pelos Livros Sagrados e sempre lembrada por Göete ao final dos seus discursos: “_Mais luz!”

Vale, enfim, transcrever neste sentido, a oportuna Carta escrita pelo Ex-Presidente Carter, recentemente falecido, ao Presidente Trump no dia de sua posse:

 

MENSAGEM DE Jimmy Carter PARA DONALD TRUMP.

 

A imprensa americana relata o que o ex-presidente Jimmy Carter disse a Donald Trump durante a sua recente entrevista sobre a China.

“Tem medo que a China venha à nossa frente, e eu concordo com você. Mas você sabe por que a China nos adianta? Eu normalizei relações diplomáticas com Pequim em 1979. Desde essa data, você sabe quantas vezes a China entrou em guerra com alguém? Nem uma vez, enquanto nós estamos constantemente em guerra”.

“Os EUA são a nação mais guerreira da história do mundo, porque querem impor estados que respondam ao nosso governo e aos valores americanos em todo o ocidente, controlar as empresas que dispõem de recursos energéticos em outros países. A China, por seu lado, está investindo seus recursos em projetos como ferrovias, infraestruturas, comboios-balas intercontinentais e transoceânicos, tecnologia 6G, inteligência robótica, universidades, hospitais, portos, edifícios e comboios de alta velocidade em vez de usá-los em despesas militares”.

 

“Quantos quilômetros de comboios de alta velocidade temos neste país? Desperdiçamos 300 bilhões de dólares em despesas militares para submeter países que procuravam sair da nossa hegemonia. A China não desperdiçou um centavo com a guerra, e é por isso que nos ultrapassa em quase todas as áreas. E se tivéssemos levado 300 bilhões de dólares para instalar infraestruturas, robôs, saúde pública nos EUA. Teríamos comboios transoceânicos de alta velocidade”.




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