OPINIÃO – O sonoro grito da cultura em Torres

Em Audiência Pública na Câmara de Vereadores, cerca de 20 entidades representativas dos produtores e promotores da cultura em Torres pediram a convocação da Conferência de Cultura, a qual deverá eleger um Conselho Municipal de Política Cultural, na forma da Lei Federal, a aplicação de recursos do Fundo de Cultura sonegados nos últimos anos e a aprovação de um Plano de Cultura de Torres.

30 de setembro de 2022

Na semana, dia 27 passado (set/2022) , em Audiência Pública na Câmara de Vereadores, convocada pelo Presidente da Comissão de Cultura e Esportes, Ver. Moisés Trisch/ PT,  cerca de 20 entidades representativas dos produtores e promotores da cultura em Torres, lotaram o Auditório Ruy Rubem Ruschel, para denunciar o abandono da cultura na atual administração e deram o que, no dizer sensibilizado do Vereador Gimi, presente ao ato, o seu “Grito Cultural”. Querem a convocação da Conferência de Cultura, a qual deverá eleger um Conselho Municipal de Política Cultural, na forma da Lei Federal, a aplicação de recursos do Fundo de Cultura sonegados nos últimos anos e a aprovação de um Plano de Cultura de Torres. Há tempos o segmento cultural da cidade vem se ressentindo da falta de atenção da Administração Municipal. O caldo entornou no dia em que, reunidos para um abraço simbólico ao Museu, foram repelidos com inusitada truculência. Como resultado, acumularam-se tensões que acabaram levando à saída da competente Diretora de Cultura, Adriana Sperandir. Não há diálogo da Prefeitura com os poetas da cidade. Ruim para os poetas, pior para as autoridades que mal desconfiam do poder da maldição dos cantos órficos…

Tudo decorre, talvez, de uma incompreensão do papel da cultura na atual etapa do desenvolvimento da humanidade. Houve o tempo da caça, houve o tempo de agricultura, houve o tempo de indústria. Hoje é o tempo da Sociedade do Conhecimento, na qual os valores simbólicos cumprem cumprem decisivo papel. Inteligência, civilidade e democracia…Não por acaso já planejamos colonizar a Lua e Marte e o avião é o mais importante produto de exportação no mercado global; tem maior densidade tecnológica do que qualquer outro.  A EMBRAER, uma empresa relativamente pequena diante da PETROBRÁS e VALE DO RIO DOCE, igualmente exportadoras, mas de commodities,  é a quinta empresa com maior valor em exportações na nossa pauta. E para produzir aviões são necessários muitos e complexos serviços e, principalmente, engenheiros e executivos qualificados. Por isso, as modernas cidades são centros educacionais de excelência. A trama se condensa com o conjunto de atividades que fazem do setor terciário, serviços, o mais importante, hoje, tanto na geração de empregos, como para a riqueza das nações. Cultura e turismo, aí, ocupam papel estratégico, somando-se ao que se denomina , agora, Era da  ECONOMIA CRIATIVA, tema sobre o qual nos dedicamos, eu, Debora Fernandes e minha esposa, Solange Fernandes, com vistas à montar uma coletânea de textos ilustrativos desta etapa, que distribuímos por ocasião da citada Audiência desta semana. Paris, enfim,  é a mais visitada cidade do mundo, não porque tenha praias, sol, neve ou montanhas, mas porque tem História. Barcelona, considerada capital do século, igualmente. Cultura e Turismo se associam, contemporaneamente, à teia de modernas cidades que se projetam como centros do mundo. Quando pequenas, como acontece em muitas cidades europeias e até da vizinha Argentina, procuram tirar alguma vantagem neste processo em benefício de seus residentes. Aqui em Torres, nossas elites ainda não compreenderam isso. Não compreenderam que “Torres tem História”, título, aliás, da coletânea de artigos de Ruy Rubem Ruschel que deveria ser leitura de cabeceira de todo torrense, dentre os quais alguns dedicados ao tema Artes, Cultura e Turismo em Torres. Continuam apostando no passado das belezas naturais da cidade, sempre à espera de bons verões, amontoando muralhas de concreto. Se esquecem da necessidade de complementar o calendário turístico com respeito ao patrimônio cultural. Isso potenciaria a infraestrutura já montada para os veraneios  e favoreceria enormemente a  qualidade de vida na cidade. Tem cabimento não termos uma Casa Municipal de Cultural?

Sintomaticamente, ao final da Audiência Pública da Câmara de Vereadores, jovens de todas as idades, cores e inspirações, ao som de ilusórios atabaques,  saíram esperançosos, cantando: “Quem sabe faz a hora não espera acontecer!”

Quem viver, verá. Torres fez História no dia desta Audiência em cuja tribuna se escutaram pungentes depoimentos, dentre os quais de três líderes comunitárias negras. Vidas negras importam…Poetas, também…




Veja Também





Links Patrocinados