OPINIÃO – OLHO VIVO NA ELEIÇÃO PAULISTANA

"O 19 de março de 24, pode vir a ser considerado um dia histórico. Na verdade, um dia normal mas que dá a entender que estamos vivendo um momento particular de afirmação institucional na História da República..."

22 de março de 2024

É lugar comum dizer-se que há dias que parecem anos e anos que voam como dias.  O 19 de março de 24, pode vir a ser considerado um dia histórico. Na verdade, um dia normal mas que dá a entender que estamos vivendo um momento particular de afirmação institucional na História da República.. Vários acontecimentos se condensaram apontando para inéditos desdobramentos:

  1. Indiciamento pela PF do ex Presidente Bolsonaro por falsificação de Certificado de Vacina, com prisão, por este motivo, que poderá exceder 8 anos e, portanto, obrigando-o a transferir seu legado político a outrem;
  2. Indicação do Governador de São Paulo, Tarcísio, mercê de sua boa performance nas pesquisas sobre o Governo do Estado, como possível candidato a Presidência em 26, apoiado por Bolsonaro e Centrão;
  3. Repercussões da reunião de Lula com Ministros no dia anterior, na qual o Presidente sinaliza a necessidade de mais vigor dos Ministros na divulgação de projetos concluídos e defesa do governo como forma de reanimar a aprovação do Governo. Haddad, paulista, sempre correndo por fora e crescendo como sucessor de Lula;
  4. Divulgação da Pesquisa PARANÁ sobre as eleições na cidade de São Paulo indicando um empate técnico do atual Prefeito Nunes com Boulos, do PSOL, apoiado por Lula. Nunes marca 32% contra 30,1% de Boulos no cenário com mais candidatos – um empate técnico, considerando-se a margem de erro de 2,7 pontos percentuais da pesquisa. Mais atrás, seguem Tabata Amaral (PSB), Marina Helena (Novo) e Kim Kataguiri (União Brasil), respectivamente com 9,6%, 5,9% e 5,7%.
  5. Governadores Ronaldo Caiado GO e Tarcísio Freitas SP divulgam fotos da viagem a Israel associando-se internacionalmente, na esteira de Bolsonaro, à extrema direita internacional em franca contraposição à posição oficial do Governo;

Todos estes fatos se condensam em São Paulo, deslocando-se das arritmias paroquiais de Brasília. Foi um dia em que ninguém falou em Artur Lira ou Alagoas. Apontam para a densificação da política paulista, ora pautada na disputa pela Prefeitura e virtual candidatura do Governador atual como candidato á Presidente. Isso não é novidade na  Política Nacional De São Paulo emergiram os Presidentes FHC, Temer, ainda que em substituição á Dilma, e Lula I , II e III. De lá vieram, também José Serra, ex-candidato á Presidência da República e Geraldo Alkmin, também candidato á Presidência e hoje vice Presidente de Lula. Foi-se o tempo do Rio de Janeiro como “caixa de ressonância” sobre o país inteiro. O último suspiro da tradição varguista construída sobre o eixo Rio/Rio Grande do Sul foi a candidatura de Brizola em 1989. A redemocratização projetou São Paulo, que sustenta sua hegemonia em aliança velada com as bancadas da Bíblia, vide protagonismo de Malafaya e do Agro., dominantes na Câmara dos Deputados.

Na disputa para a Prefeitura SP pode estar se abrindo, agora,  uma janela para a disputa ao Governo do Estado daqui a dois anos, caso Tarcísio opte pela candidatura à Presidência em 26 confirmando a  sequência de personalidades políticas daquele Estado no cenário nacional. Ganhando Nunes, nasce mais uma estrela paulista no firmamento nacional articulando em torno de si os cacos do MDB, PSDB, PSD, PDT/Aldo , União Brasil e PL. Cresceu com a aproximação cuidadosa com os bolsonaristas, decorrência de sua presença na manifestação de fevereiro passado, tornando-o mais conhecido da população paulistana; Boulos PSOL,  de outro lado, passa pelas dificuldades de transpor seus passos da política  de massas  do chão das avenidas para agendas mais inclusivas da classe média, tarefa, aliás, que confiou a Marta Suplicy que não parece, ainda estar  adequado ao papel que dela se espera. Ainda é muito cedo, porém, para afirmações categóricas. Temos um semestre pela frente e tudo isso ainda poderá se modificar. As performances dos outros candidatos à Prefeitura, Tábata PSB, Cataguili UNIÃO BRASIL  e Maria Helena P.NOVO, curiosamente, não são nada desprezíveis. Tanto podem crescer como, eventualmente, virem a influenciar decisivamente o eleitorado num segundo turno. Alea jacta est – a sorte está lançada – na disputa pela Prefeitura de São Paulo. Olho vivo por lá!




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