OS PRIMEIROS MORADORES DE TORRES

Os índios foram os primeiros habitantes de Torres e região do Litoral Norte, assim como do Brasil e do Continente. Eles viviam por aqui já há 10 ou 12 mil anos.Eram grupos humanos pré-históricos oriundo das variadas regiões da América do Sul: Planalto Meridional do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, Amazônia Meridional, noroeste da Argentina e Patagônia.

25 de agosto de 2021

Quando eu era mais novo (ou menos velho), lembro que havia uma figura esculpida nas rochas junto às escadarias da praia Grande. Para mim, a figura era de uma menina. Descobri, bem mais tarde, que se tratava de uma Índia (ou um Índio) esculpida por uma pessoa que fez a “obra de arte” e assinou. Francisco Gomes de Oliveira, esse era o nome do escultor que concluiu a obra no dia 01 de janeiro de 1952. Hoje em dia, se alguém fizesse algo parecido seria, provavelmente, preso (se identificado e encontrado, é claro).

O autor da escultura na pedra, a fez para homenagear os primeiros habitantes desta região. Aqueles que viveram por muito mais tempo que nós ou nossos ascendentes. Viveram e deixaram suas marcas através dos diversos sambaquis que rodeavam a cidade.

Os sambaquis, assim como os índios, também desapareceram.

Por isso, lembrando da escultura e dos sambaquis, resolvi dar uma pesquisada para ver quem era o índio que vivia nestas terras. Comecei, então, pelos primeiros…

Os índios foram os primeiros habitantes de Torres e região do Litoral Norte, assim como do Brasil e do Continente. Eles viviam por aqui já há 10 ou 12 mil anos.Eram grupos humanos pré-históricos oriundo das variadas regiões da América do Sul: Planalto Meridional do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, Amazônia Meridional, noroeste da Argentina e Patagônia. Grupos de caçadores-coletores de floresta que na Argentina denominam-se Alto Paranaenses e, no Brasil Tradição Humaitá. Essa tem origem durante o período “Ótimo Climático” com condições climáticas e geográficas bem diferentes das atuais.

Esses primeiros índios tinham uma indústria lítica bem definida, produziam machados de mão (bifaces ou curvos), percurtores de arestas e raspadores, todos feitos com basalto, matéria prima encontrada por aqui. Além de fabricantes, esses índios caçavam e pescavam, conforme evidências encontrados nos sítios de sambaquis de Torres e região.

Nos séculos XVI e XVII os índios ainda habitavam nosso litoral, nesses séculos eles foram “localizados” pelos bandeirantes que por aqui passavam. Aqui predominava a etnia Carijó.

Carijós ou Cariós, vem do “Cari-yó”, palavra derivada de “Cari”, que significa branco em Tupi, uma alusão à pele mais esbranquiçada dos índios guaranis do litoral do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Eles ocupavam a região que se estendia desde o morro dos Cavalos, perto da enseada do Brito, em Santa Catarina, até Tramandaí no RS, abrangendo cerca de 280 km de extensão.

A partir de 1500, passados 150 a 170 anos, os índios que ocupavam esta região foram quase que totalmente dizimados por doenças, escravidão e aculturamento.

Doenças como gripe, sarampo, catapora, comuns ao homem branco eram fatais aos indígenas. Vírus e bactérias entravam nas aldeias com o homem branco e as ervas e pajelanças não serviam para enfrentá-los.

O fator escravidão, também responsável pelo desaparecimento dos índios, que eram levados rumo a Santa Catarina e de lá em navios e embarcações menores para várias capitanias. Eles eram retirados do mato e levados “na corda” até os comerciantes de escravos.

Durante 40 anos (1605 a 1645) diversas missões jesuíticas tentaram proteger os índios das ações escravagistas. Os primeiros padres jesuítas foram João Lobato e Jerônimo Rodrigues, enviados em 1605 pelo Provincial do Brasil Fernan Cardim, que se fixaram em Laguna. O objetivo destes padres era o de levar cerca de 3 a 4 mil índios da aldeia de Boipetiba (Rio Mampituba,em Torres) para São Vicente, onde seriam salvos da ação dos escravagistas. Porém não deu certo e a única coisa que conseguiram foi a adesão dos chefes indígenas que foram até São Paulo negociar a vinda de mais padres para ajudá-los na luta contra os escravagistas. Em 1622 os padres Antônio de Araújo e João de Almeida, tentaram se instalar na região porém tiveram muita dificuldade por causa dos tumultos, injustiças e violência dos brancos escravagistas que transitavam pela região. A terceira missão foi entre 1622 e 1628 com os padres Antônio Araújo e Pedro da Mota, que sediados em Imbituba, vieram a Torres e retornaram para Laguna com cerca de 400 índios catequizados.

Enfim, foram estes e seus antepassados que foram homenageados nas rochas torrenses. Mais tarde, em 1820, vieram das Missões e de outras regiões como Entre Rios e do Paraguai, índios Guaranis, com o intuito de povoar as “Torres”. Sem rumo, depois do fracasso jesuítas nas missões, tiveram que buscar outros locais para se estabelecerem e entre uma batalha e outra com os espanhóis e portugueses, acabavam presos. Os portugueses os aproveitavam como operários em suas sentenças, inclusive vieram para ajudar na construção da capela. Para cá vieram 30 deles, porém não receberam terras e a maioria fugiu ou voltou para as missões e poucos ficaram por aqui se diluíram ao restante da população não sendo uma etnia forte que deixou marcas culturais ou genéticas na população torrense.




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