Assim que as águas baixarem estarão expostas as marcas da tragédia.
Além do que já se sabe e se viu, muitas coisas ficarão visíveis. Além das vidas, dos bens materiais, dos empregos, das cidades, o patrimônio cultural dessas regiões também foi duramente atacado pelas águas. No primeiro momento tudo o que se queria era salvar vidas, mas agora o que se pensa é em reinício, reconstrução, recuperação, e neste caso, se inclui o patrimônio cultural.
Vou falar principalmente sobre o patrimônio cultural que se pode ver e tocar, como documentos, fotos, móveis, casas, enfim, relíquias que guardam as memórias culturais dos lugares. Relíquias muitas vezes protegidas por museus, casas tombadas, ou mesmo em prédios públicos, que ficaram expostas a essa grande inundação.
A proteção desse material, extremamente delicado, já é complicada sem nenhuma intempérie, imagine em uma inundação de grande proporção como esta que ocorreu no RS. Estima-se que museus em todas as cidades inundadas devam ter sido atingidos e que parte desse patrimônio, embora protegida, possa ter sofrido algum dano ou possa ter sido perdida.
De acordo com o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) quase 700 bens culturais foram atingidos pelas cheias, foram registrados 98 municípios com bens culturais danificados – entre esses bens, estão mais de 650 sítios arqueológicos e pelo menos 28 bens tombados. O Iphan está mapeando os danos ao patrimônio histórico em todo o estado e assim que a água baixar vai avaliar os estragos e as intervenções necessárias.
“Os prejuízos ao patrimônio cultural têm um forte impacto intangível. Não se trata apenas de danos a edificações importantes, mas da perda de símbolos e de referências culturais. Os bens culturais fazem parte da história do estado e do país. Essas perdas afetam a autoestima da população e o sentimento de pertencimento.”
A recuperação do que foi danificado será um trabalho demorado e caro, mas sabemos que as prioridades neste momento são outras, há mais urgência em reconstruir o básico. Infelizmente o setor cultural não será prioridade, embora importante, ele deverá esperar para um segundo momento. Esperemos que não seja esquecido como já foi em outros momentos sem catástrofes.
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