PATRIMÔNIOS QUE SEGUEM ESQUECIDOS EM TORRES  

Nesses dias, estive fazendo a gravação do roteiro “Na trilha do tempo” com os meus colegas do grupo “Pé na História” em alguns pontos de valor histórico e cultural da cidade de Torres. Depois de um ano e meio longe destes lugares, percebi que o descaso da cidade para com o seu patrimônio histórico permanece como sempre... nenhuma novidade, neste caso (Por Roni Dalpiaz)

Exemplos de edificações que poderiam e em alguns casos ainda podem ser listadas na minha opinião
30 de junho de 2021

Existem assuntos que propositalmente não abordamos por incomodar alguém ou simplesmente por que não queremos mexer “no abelheiro”. E a vida segue!

Segue até alguém se incomodar por não ter respostas. Aí o ciclo se reinicia.

Nesses dias, estive fazendo a gravação do roteiro “Na trilha do tempo” com os meus colegas do grupo “Pé na História” em alguns pontos de valor histórico e cultural da cidade de Torres. Depois de um ano e meio longe destes lugares, percebi que o descaso da cidade para com o seu patrimônio histórico permanece como sempre (nenhuma novidade, neste caso).

O antigo farol continua ignorado pela prefeitura. Quando cheguei ao lado dele percebi que o portão estava totalmente aberto e sem nenhuma proteção. O morro do Farol, recebeu, recentemente, uma bela atualização, porém esqueceram de incluir o antigo Farol no pacote. Uma pena! Eu sei que ele está sob responsabilidade do ICMBio e não da prefeitura, porém ela deveria ao menos cobrar dos responsáveis a sua manutenção pois é um patrimônio da cidade.

A segunda parte da gravação foi em frente a Casa Nº1 e a igreja São Domingos. Mais uma decepção. A igreja, tombada, nem parece que foi restaurada há pouco tempo. As marcas do tempo estão voltando e seu aspecto não está nada bom, falta manutenção. Seu entorno, também tombado, segue sem cuidado e sem restauro.

A Casa Nº1 continua sem acesso ao público. Mantida pelos seus proprietários do jeito que conseguem, está precisando de carinho e valorização por parte da sociedade torrense. De acordo com Diderô Carlos Lopes, “…o laudo contratado em 2018 para certificar a história e arquitetura da Casa Nº1 apontou que a edificação estava em ‘risco’ e deveria ser recuperada para efeito de preservação do seu inestimável valor patrimonial”.

Segundo o inventário do COMPHAC-Torres-RS os valores culturais estabelecidos para ela são: memória coletiva, elemento referencial e uso tradicional. Seu tombamento depende de “vontade política”. O IPHAE provocado formalmente em 2018 por um pedido de análise prévia – para efeito de tombamento – em resposta reconhece o seu valor histórico como patrimônio material e arquitetônico, mas entende diz que cabe ao município os atos formais para sua preservação, só que o município não tem uma Lei específica que permita o tombamento.

O próprio Diderô ao conhecer essa condição local encaminhou em 2019 para a Prefeitura – como sugestão para agilizar uma solução – uma minuta completa de uma Lei específica sobre a proteção de bens culturais no município.

O COMPHAC identificou que já existia outro processo da mesma natureza. Resolveu, então, formar uma comissão para analisar o processo que já existia e juntar com o que foi encaminhado para propor uma minuta consolidada para o Prefeito. O que, também, não foi entregue.

O documento está pendente até hoje, aguardando “criarem e aprovarem” uma Lei específica sobre a temática de preservação de bens culturais e posterior encaminhamento para o Legislativo.

A Casa Nº1 segue em pé, firme, um pouco descaracterizada pelo uso e pelo tempo. E apesar de não fazer oficialmente parte dos atrativos – pontos turísticos – divulgados pela cidade, ela está lá, e ao seu lado a igreja – observada a precedência histórica e patrimonial – carregando o peso e a importância de ser o bem cultural (patrimônio material) mais antigo da Região das Torres e não só do município.

 

Fonte: Diderô Carlos Lopes

 

**Errata da coluna anterior: Coloquei, por engano, a data da passagem de David Canabarro por Torres no ano de 1939, quando o certo seria em 1839. Peço desculpas pelo erro. Agradeço ao leitor Valter Zanette pela identificação do erro na data**




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