Será possível algum resgate no histórico acervo da coleção do torrense Balbino de Freitas?

Nas últimas semanas escrevi, nesta coluna, sobre a coleção do cidadão torrense Balbino de Freitas. Ela, assim como outras tantas, estava exposta no Museu Nacional do Rio de Janeiro desde sua aquisição. No momento do incêndio tivemos a sensação de perda total, porém agora, passados quase três anos da tragédia, surge um pouco de esperança em meio a tanta desolação.

Parte da Coleção Balbino de Freitas (FOTO do autor/ Diario a Bordo)
16 de agosto de 2021

Nas últimas semanas escrevi, nesta coluna, sobre a coleção do cidadão torrense Balbino de Freitas. Ela, assim como outras tantas, estava exposta no Museu Nacional do Rio de Janeiro desde sua aquisição. No momento do incêndio tivemos a sensação de perda total, porém agora, passados quase três anos da tragédia, surge um pouco de esperança em meio a tanta desolação.

Assim como eu, muitas pessoas (preocupadas com o patrimônio cultural do país) devem estar se perguntando: O que aconteceu com a Coleção Balbino de Freitas que fazia parte do acervo tombado pelo museu?

Aparentemente pouco se sabe, técnicos do Museu calculam que, dos 20 milhões de itens do acervo, 80% foram perdidos ou severamente danificados. Dentre as que se perderam quase totalmente estão as de entomologia (Insetos), que estavam no segundo andar. Por serem delicadas, não resistiram ao incêndio e ao desabamento. As coleções com materiais cerâmicos resistiram mais e em meio às difíceis condições impostas pelo incêndio, foram resgatadas partes de diversos acervos, entre eles a coleção da Imperatriz Tereza Cristina.

“Dentre as peças resgatadas até hoje, estão 30% da coleção da imperatriz Tereza Cristina (esposa de D. Pedro II) que possuía cerca de 750 peças, entre objetos de bronze, cerâmica, vidro e afresco, datados do século VII a.C. ao III d.C. Apesar de não serem peças brasileiras, a coleção tem forte relação com o Museu Nacional, por trazer a memória do palácio enquanto residência da família imperial.”

Apesar de resgatadas, muitas dessas peças não farão parte de acervos expositivos, apenas uma parte (ainda indeterminada) será selecionada para enfrentar os processos de restauração que costumam levar anos.

Quanto à “Coleção Balbino de Freitas”, acho que há esperança de resgatar alguma parte, visto que, de acordo com informações dos responsáveis pelo trabalho de resgate, de todo o departamento de Geologia e Paleontologia, foi possível resgatar materiais de praticamente todas as coleções.

“Os meteoritos foram resgatados e quase todos os fósseis também. Todo o material relacionado a rochas e minerais também resistiu relativamente bem. Então, as coleções de etnologia, arqueologia, conseguiram suportar melhor as condições. Principalmente aquelas que estavam no primeiro andar, que resistiram mais, apesar de terem recebido todo o peso dos escombros do terceiro e do segundo andares, que caíram sobre elas. Como as nossas coleções ficavam dentro de armários de aço, dependendo da posição em que esses armários estavam dentro das salas, conseguiram resistir bem à queda desses materiais e protegeram os exemplares que estavam dentro.”

Não se conhece os detalhes do que foi encontrado nos escombros, mas o que restou da coleção deve estar lá dentro de um dos 18 contêineres colocados na lateral externa do Palácio. Serão mais dois ou três anos de espera. A reabertura está prevista para setembro de 2022 no bicentenário da independência do Brasil. O jeito é esperar e torcer. Torcer para que, ao menos parte da coleção seja resgatada e, posteriormente, volte a ser exposta no seu devido lugar, evidenciando com ela o nome da cidade de Torres e de seu ilustre colecionador: Balbino de Freitas.

“A complexidade da situação se coaduna no desafio de aceitar ou não a condição de ruína como parte da história do bem e tratá-la como uma nova articulação de características que aglutina valores (históricos e estéticos) a serem considerados para a preservação dessa preexistência. Nesse sentido, o valor cultural de uma ruína reside no fato dela não ser um elemento estagnado que somente remete a um passado de perdas, mas por ser um registro dinâmico que condensa múltiplas possibilidades cognitivas para o presente e futuro. O caso do Museu Nacional, assim como de tantas outras ruínas do “incidente” e da “incúria”, revela que esses remanescentes restabelecem um conjunto de novas relações na contemporaneidade. Portanto, a ruína não precisa ser interpretada somente como um fim, mas também pode ser interpretada como uma orientação para um novo começo.” ( Angela Rosch Rodrigues)

 

 

Fontes:

 

https://www.nationalgeographicbrasil.com/museu-nacional-do-rio-de-janeiro/2019/02/trabalhos-de-resgate-pecas-recuperadas-acervo-museu; https://capitalmundialdaarquitetura.rio/rio-capital-mundial-da-arquitetura/museu-nacional-um-sonho-que-renasce-das-cinzas/ 

https://minasfazciencia.com.br/2020/09/28/resgate-do-acervo-do-museu-nacional/;

https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2020-09/museu-nacional-recupera-30-da-colecao-imperatriz-teresa-cristina; http://web.revistarestauro.com.br/o-museu-nacional-do-rio-de-janeiro-algumas-assercoes-sobre-as-ruinas-da-incuria-e-do-incidente/; https://piaui.folha.uol.com.br/resgate-entre-as-cinzas/




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