Torres no final dos anos 60 (e figuras ilustres pouco conhecidas)

"Sinto falta de algumas histórias de personagens que fizeram parte da minha infância e da infância de muitos torrenses nas décadas de 1960, 70 e 80" (por Roni Dalpiaz)

15 de julho de 2023

Atualmente, Torres e região têm uma boa quantidade de livros publicados sobre sua história passada. São livros cheios de história da cidade e da região com bastante ênfase no início da formação do núcleo urbano e na fase inicial do polo turístico através do Balneário Picoral. Sinto falta de algumas histórias de personagens que fizeram parte da minha infância e da infância de muitos torrenses nas décadas de 1960, 70 e 80.

Conversando com um amigo, começamos a lembrar de como era tal rua, quem morava lá, o que se fazia na época, enfim, como era o cotidiano de Torres e dos torrenses naquela época. Figuras como o seu Américo Muniz dos Reis, dono da Farmácia Rio Branco, a mais famosa, pai de amigas minhas, e que depois de sua morte foi homenageado emprestando seu nome ao maior posto de saúde da cidade.

Grandes figuras, como o seu Américo, ficaram apenas nas memórias dos mais antigos, suas histórias e sua importância para a cidade foram sendo substituídas por outras e diluídas no tempo.

Meu pai, por exemplo, foi o primeiro revendedor de bebidas da cidade, veio para cá em 1969 e se instalou no centro da antiga cidade no lugar onde hoje fica o prédio Panorâmico, em frente ao coreto da praça XV.

Naquela época todos se conheciam, lembro que em frente ao velho casarão que meu pai instalou sua revenda, havia a rodoviária, mais adiante a Corsan, logo depois a escola Jorge Lacerda. Os vizinhos eram todos conhecidos, existia um senhor que consertava rádios e tvs, um açougue, uma fruteira (a Peg-Pag), todos na rua lateral do casarão, a rua Borges de Medeiros.

Dessa época eu lembro pouco, tinha pouco mais de cinco anos quando vim para Torres. Ficamos pouco tempo neste casarão, cerca de dois anos, talvez nem isso.

O que eu lembro mesmo é que, naquela época, você conhecia todos que moravam na cidade e todos te conheciam. Tinha muito(a) desbravador naquela época, aos poucos vou contar um pouco da história de muitos deles. Aguardem!

 

AMÉRICO MUNIZ DOS REIS

Não me lembro como conheci o “Seu Américo”, mas frequentava sua casa frequentemente. Ele era uma espécie de médico da cidade. Fui, com minha mãe, diversas vezes na casa dele para “curar” minhas artes como cortar a mão com gilete, cair de cima de muro e fazer diversos ferimentos, dores de todos os tipos por pura peraltice. Com o tempo ficamos amigos da família quase inteira.

Lendo uma breve biografia do famoso farmacêutico da cidade, vi que ele nasceu em São Francisco de Paula e veio para Torres em 1951 trabalhar na farmácia Torres, de propriedade de Artur Cidade que ficava em frente ao Hotel Farol. Seu Américo era conhecido como o “médico dos pobres”, pois não deixava ninguém sem atendimento. Foi muito atuante na vida social e política da cidade ajudando a fundar o Clube CAPESCA e o Lions Clube, foi candidato a prefeito pelo MDB.

 




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