Uma das mais fantásticas visões. Não sei se vou conseguir descrever o que se vê na chegada ao famoso Mont Saint Michel, mas vou tentar…
O caminho até lá é fácil, de uma ampla e bem sinalizada auto estrada se chega a uma estrada regional estreita e sinuosa que passa por pequenos e simpáticos povoados. A estrada passa ao lado das janelas das casas (literalmente), que parecem estar na região há muitos anos, desde muito antes da construção da própria estrada. Na paisagem campesina surge, imponente, um monte que lembra um castelo, e quanto mais nos aproximamos mais imponente ele se torna. Ele parece flutuar em meio às águas. Uma cidadela e uma abadia incorporados ao monte, de longe, parecem ser uma coisa só. De perto ainda mais incrível. Este é o Monte São Miguel ou Mont Saint Michel.
O monte Saint Michel ficou famoso, e conhecido, no Brasil pelo filme “Ponto de mutação” (Mindwalk, filme americano/1990). No filme, o monte Saint Michel serve como pano de fundo para a trama, porém mostra uma das peculiaridades do lugar, a subida da maré. Essa movimentação das águas faz com que ele fique isolado parecendo uma ilha (que na verdade é) e realmente é uma atração a mais deste lugar. A diferença entre as marés baixa e alta pode chegar a 15m.
Diferentemente do que se imagina à primeira vista, o monte não é um castelo, lá nunca viveram reis e rainhas, mas sim monges beneditinos e peregrinos. A região murada abriga um vilarejo medieval, um mosteiro e uma magnífica abadia que dá nome ao monte.
O início do Monte Saint-Michel remonta ao século VIII. Segundo a tradição, Aubert, então bispo de Avranches, teria construído no ano 708 a primeira igreja a pedido de São Miguel Arcanjo. A pequena capela sobre o rochedo se tornou ponto de peregrinação e deu origem a uma vila medieval. Ao mesmo tempo, monges beneditinos se mudaram para o local e deram início a um monastério. A igreja ganhou novas instalações no século XI e foi ampliada no século XII. Apenas no século XIII – com a ajuda de Felipe Augusto, então rei da França – o local recebeu fortificação e foi dado início à construção da atual abadia. O prédio, construído para homenagear São Miguel Arcanjo, tem importância não só religiosa, mas também militar. O conjunto formado pelas muralhas que envolvem o Monte Saint-Michel resistiu a várias investidas do exército inglês durante a Guerra dos Cem Anos, se tornando importante símbolo de luta e resistência para os franceses. Logo após a Revolução Francesa, o local chegou a funcionar por quase 100 anos como prisão. No entanto, desde 1979, o Monte Saint-Michel é considerado Patrimônio Mundial da UNESCO. Hoje, o local busca, com grandes obras de restauração, retomar todas as características originais. Até mesmo o efeito da maré, prejudicado pelo aterro da região para pasto, passa por processo de recuperação. As águas, que já não mais encobriam o entorno da rocha, estão de volta. E com elas o espetáculo das marés.
Ao passar o portão de entrada, que permanece aberto as 24 horas do dia, você passa a se sentir dentro de um filme medieval, pois o local preserva essas características em meio a lojas, restaurantes, hotéis e moradias. Embora imponente, o intramuros não é tão grande assim, mas você pode ficar horas subindo e descendo escadas, observando a paisagem do alto dos vários mirantes, entrar e sair de becos por todo o vilarejo e, também, conhecer a famosa Abadia que fica no topo do monte pelo custo de R$ 55,00 por pessoa. Alguns turistas vão além disso fazendo incursões (guiadas) pelas areias, até certo ponto movediças, no entorno do monte.
O Mont Saint Michel fica na fronteira da Normandia com a Bretanha, a cerca de 350 km de Paris. Pode-se chegar até lá de carro ou de trem e ônibus combinados, não existe nenhum transporte público que ligue diretamente Paris a Saint-Michel, mas existem excursões do tipo bate-e-volta.
Vale a pena ir até lá, certamente será uma viagem inesquecível.