Peça ajuda

23 de maio de 2017
Por Dra. Graziela C. Werba (Psicóloga. Professora e Coordenadora do Curso de Psicologia ULBRA Torres).

Há alguns anos, temas como suicídio eram tratados como tabu e sua discussão era praticamente nula. Como profissionais de saúde não podemos invisibilizar um problema tão grave, que constitui atualmente a maior causa de mortes entre jovens de 15 a 29 anos de idade.Hoje, basta abrir o face e temos a receita de  como acabar com a própria vida.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2015 foram registrados mais de 800 mil suicídios em todo o mundo, e o Brasil ocupa a vergonhosa 8ª posição no neste ranking, ultrapassando o número de 12 mil casos por ano. As campanhas, tais como Setembro Amarelo, mostraram resultados na prevenção, mas não dão conta de um fenômeno chamado mídia e é sobre ela que devemos voltar nossa atenção.

A mídia no Brasil tem se mostrado uma das menos éticas do mundo, revelando sua face nefasta, ao romantizar e espetacularizar temas como o suicídio. Como sabemos isto? Verificando que não se produz nenhuma discussão séria sobre o tema nas séries, nas novelas, nos programas.

A superficialidade com que o suicídio é tratado, aparece agora com uma assustadora potência nas redes sociais, com os milhares de posts replicados sobre o Jogo da Baleia Azul e todos os supostos casos de suicídios de jovens que o tal jogo estaria provocando. Todavia temos que admitir que nem a mídia e nem as redes sociais e nem a depressão são as responsáveis isoladas pela onda de suicídio no mundo.

Precisamos ter a coragem de olhar criticamente para o mundo que estamos construindo e para os jovens que nele vivem. Para dizer a um jovem que a vida é boa e que ele não deve desperdiçá-la temos que oferecer algo tangível, temos que dar o exemplo de uma existência boa e ética. Precisamos dar atenção para a depressão, que é uma doença grave e exige acompanhamento profissional, mas ela não é a única culpada pelos suicídios.

Precisamos entender que os jovens, embora demonstrem um total desprendimento, gritem por autonomia e exijam ser tratados como adultos, são ainda projetos de vida. Eles ainda não estão aptos para tudo que a loucura contemporânea está produzindo, tal como a frivolidade, a descartabilidade e a falta de relações reais. A virtualidade produz uma existência estranha, reforça a velocidade e a fragilidade dos contatos humanos, rejeita e troca com um clique. Não é possível ter projetos de vida num mundo que se desmancha todos os dias.

O que podemos fazer? Entre outras coisas, o mais óbvio: dedicar um tempo de qualidade, mesmo que curto, para cuidar dos nossos jovens. Assim como as crianças, eles são extremamente sensíveis ao que veem, mais do que ao que ouvem. Então, temos que dar o exemplo de uma vida que valha a pena. Nós, adultos e adultas precisamos estar razoavelmente bem para cuidar dos não adultos e esse cuidado envolve também saber o que eles fazem nas redes sociais, mas principalmente na vida. E por fim, lembremos que a psicologia está aí para auxiliar nas relações e situações de conflito. O importante é estar atento e pedir ajuda.




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