UM ANTIGO (E UM NOVO OLHAR) EM TORRES

"O que estariam pensando essas crianças em 1928? Há quase cem anos, cinco crianças posaram para uma foto na Praia do Meio, despreocupadas com o futuro, sua única tarefa era essa, deixaram de lado qualquer outra e focaram no momento...." (Por Roni Dalpiaz)

26 de março de 2024

O que estariam pensando essas crianças em 1928?

Há quase cem anos, cinco crianças posaram para uma foto na Praia do Meio, despreocupadas com o futuro, sua única tarefa era essa, deixaram de lado qualquer outra e focaram no momento.

O olhar para o mar, com alegria da meninice, nem leva em conta as dificuldades de chegar até ali, agora era só desfrutar.

O verão podia estar se iniciando ou terminando, não tem como saber, porém, aparentemente, para o primeiro menino, o de largo sorriso, parecia estar começando, tamanha a felicidade. Diferentemente da menina ao seu lado que, preocupada com o que virá pela frente, não está muito contente, está de semblante fechado e pensativa.

Como pano de fundo estava lá o velho farol de 1928, o segundo farol da cidade, ao lado das três casas dos faroleiros. O velho cemitério também ainda estava lá, meio desfocados, o farol, as casas e o cemitério servem apenas para completar o cenário da foto. A Praia do Meio, a Prainha, tinha poucos bangalôs de veranistas, o forte empreendimento dessa época eram os chalés do Balneário Picoral, que se espalhavam pela vila de Torres.

Naquele tempo as férias poderiam durar até dois meses, era comum períodos longos de veraneio pois a distância e as dificuldades das estradas da época obrigavam os veranistas aproveitarem o máximo de tempo no lugar escolhido. Hoje é bem diferente, não há tempo para isso, tudo é muito rápido e tem que ser rápido porque as férias podem ser um ou dois dias, um fim-de-semana, algumas horas.

 

Pois é, terminou o verão, pelo menos a estação. O veraneio, hoje em dia, se estende até meados de abril. Os veranistas e turistas já não vêm para Torres apenas no verão, em todas as estações eles aparecem, na verdade eles são recebidos durante o ano inteiro. Que bom que é assim, pena que não é na medida capaz de movimentar de verdade a economia local gerando recursos para manter os negócios turísticos durante o ano inteiro.

Me mostraram uma postagem com os seguintes dizeres: Chegou o melhor dia do verão! O último!

Será?

Para quem sempre viveu no litoral sabe bem o que é isso, o misto de alegria e tristeza. Alegria por contar os ganhos e tristeza por ter que enfrentar um longo “inverno” (o resto do ano). Os mais antigos vão lembrar dessa passagem de verão para outono, em outros tempos, era uma tristeza e abandono em todas as praias do litoral gaúcho. Era marcante o final do verão. Hoje se vê diferente, as novas gerações não têm essa lembrança, pois não viveram. Então muitos nem enxergam a influência do turismo/veranismo em suas vidas, em seus negócios. Tudo se resume a calor ou frio. Então entendo a comemoração e a revolta. Entendo o menino e a menina da foto de 1928.




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