Crescimento da população acima dos 60 anos no Brasil é discutido em Seminário do SESC e do governo do RS

A ação é em alusão ao Dia Mundial da Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa (15/6). Em Torres, Caminhada e luta pelo Centro de Convivência no mesmo dia

Imagem meramente ilustrativa – Divulgação governo do Brasil
14 de junho de 2023

Na última década, o contingente de pessoas com 60 anos ou mais cresceu quase 40% no Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A “revolução do envelhecimento”, como define o médico e gerontólogo Alexandre Kalache, não é mais uma tendência, mas uma realidade em ascensão. “Como se tornar um país desenvolvido, equiparado a grandes potências mundiais, sem políticas públicas que realmente atendam ao único grupo que não para de crescer?”. O questionamento feito por Kalache na última terça-feira (13/06) deu início a uma série de discussões a respeito da temática no 1º Seminário Envelhecimento nas Pautas das Políticas Públicas do RS, promovido pelo Sesc/RS em parceria com o Governo do Estado.

O evento reuniu no Teatro do Sesc Alberto Bins em Porto Alegre, autoridades no assunto. E a ação integra iniciativas em alusão ao Dia Mundial da Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa nesta quinta-feira, 15 de junho.

 

(OMS) decidiu, após diversas análises, não incluir a velhice na classificação de doenças.

 

O idadismo, preconceito que causa prejuízos a pessoas por conta de sua idade, foi ponto central das palestras que, além de apresentar dados sobre o envelhecimento, tipos de violência contra pessoas idosas e acesso das mesmas a serviços essenciais como saúde, educação, mercado de trabalho, tecnologia e transporte, também defenderam a importância das organizações que batalham em prol da causa. Para os 60+, uma vitória significativa foi alcançada em janeiro de 2022, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu, após diversas análises, não incluir a velhice na classificação de doenças.

 

O Rio Grande do Sul precisa, urgentemente, lançar um programa efetivo

 

A Organização Pan-Americana da Saúde, parte da OMS, mantém um ranking das cidades consideradas amigas das pessoas idosas no Brasil. Em uma lista das 30 cidades mais amigas do idoso no País, Pelotas, no Sul do Estado, ocupa o primeiro lugar. Porto Alegre aparece na 20ª colocação e, ainda do RS, Esteio está na 27ª posição. “A maior parte dos municípios são localidades pequenas do Paraná. O Rio Grande do Sul precisa, urgentemente, lançar um programa efetivo para acompanhar o envelhecimento de sua população que, em primeiro lugar, ouça os idosos e seja construído a partir da visão de quem já ultrapassou a juventude e conhece na pele as necessidades”, enfatizou a professora e doutora Vania Beatriz Merlotti Herédia, uma das palestrantes do evento.

 

O papel de cada um contra violência

 

Segundo levantamento mais recente do IBGE (2020), o Rio Grande do Sul é o estado da Região Sul com maior número de denúncias de violações cometidas contra pessoas idosas. No ano em questão, foram registradas 22,8 denúncias por 100 mil habitantes no Disque 100. Na avaliação das comissões do Conselho Estadual da Pessoa Idosa, a rede de proteção ainda é muito fraca. Sem amparo e prevenção, muitos idosos sequer chegam a denunciar por medo, falta de informação e acesso aos canais apropriados.

De 2021 pra cá, a Comissão de Assessoramento e Apoio aos Municípios registra alguns avanços, como a criação do Pacto Nacional para Implantação da Política dos Direitos da Pessoa Idosa, aperfeiçoamento da Rede de Promoção e Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, criação do Programa Permanente de Capacitação de Conselheiros Gestores, lançamento do Guia de Orientação para Gestão da Política do Idoso, que será fisicamente entregue aos municípios nos próximos meses, entre outros.

“É nosso papel estar cada vez mais empoderados de conhecimento, sabendo onde buscar as informações, para que possamos atuar com responsabilidade e efetividade tanto como cidadãos quanto na condição de representantes de instituições importantes para os idosos”, destacou Michele, que está à frente do Maturidade Ativa Sesc/RS, presente em mais de 50 cidades gaúchas (inclusive em Torres) e com mais de 6 mil pessoas acima dos 50 anos atendidas com projetos de lazer, esporte, tecnologia, saúde, educação, cultura e solidariedade somente em 2022.

 

Números do Brasil alertam para demandas urgentes

 

– Em 2015, o Brasil tinha 24 milhões de pessoas acima dos 60 anos. Em 2065, serão 78 milhões.

– De 1950 a 2050, a população mundial deve aumentar 3,7 vezes. Para pessoas acima dos 60, o percentual deve ser de 10 vezes mais e, no caso dos idosos com mais de 80, 27 vezes maior.

– Há um déficit de 28 mil médicos geriatras no Brasil para atender a população correspondente.

– Somente 2 dos mais de 30 partidos políticos brasileiros falaram sobre a pauta do envelhecimento na última campanha eleitoral.

– A pandemia da solidão é tão prejudicial à saúde da pessoa idosa quanto fumar 17 cigarros por dia.

– Antes da pandemia de Covid-19, 83% dos idosos brasileiros dependiam exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS) para tratamentos médicos. O número aumentou desde o ano passado.

O 1º Seminário Envelhecimento nas Pautas das Políticas Públicas do RS pode ser revisto on-line, através do link: www.youtube.com/watch?v=2tEr-tiFqIM.

 

Em Torres, Caminhada e luta pelo Centro de Convivência

 

Na segunda-feira, dia 12, participou da tribuna popular da Câmara de Vereadores de Torres o presidente do Conselho Distrital da Pessoa Idosa de Torres (Condipi), Geovane de Souza Francisco. Ava Rapidamente o representante do segmento social dos cidadãos com mais de 60 anos da cidade lembrou que não estava lá somente para marcar a data de 15 de junho e do Junho Violeta, ressaltando a necessária luta para mitigar a violência feita contra idosos.  Um cálculo feito pelo presidente do Condipi sinaliza para o dado de haver 1 idoso para cada 4 ou 5 pessoas habitantes na cidade, mais de 20% da população.

Uma passeata foi marcada para acontecer no próprio dia 15, realizada pelo mesmo Conselho do Idoso de Torres, quando palavras de ordem defendendo as demandas da comunidade de 60+ serão expostas. A caminhada sai da Secretaria da Ação Social e vai até a Praça XV de Novembro.

O representante do conselho também lembrou a luta pela construção comunitária de um Centro de Convivência para os Idosos da cidade.

 


Publicado em: Política






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