Maio é um mês especial para nós, que temos orgulho de chamar Torres de lar. No dia 21, comemoramos seus 147 anos de emancipação. No entanto, a história de Torres começa muito antes desse marco oficial — basta olhar para a datação de suas formações rochosas, os vestígios arqueológicos encontrados na região, os registros militares e, principalmente, as memórias que foram sendo contadas e escritas ao longo dos anos. A mais bela praia gaúcha vem encantando moradores e visitantes com suas belezas naturais, seu povo acolhedor e sua rica cultura há muito tempo.
Também em maio, no dia 18, celebramos o Dia Internacional dos Museus — uma coincidência que nos convida a refletir sobre o papel dessas instituições na preservação da memória, da história e da cultura em nossa sociedade.
Inspirado por esse contexto, o Museu Três Torres – SAPT, em parceria com o Jornal A Folha Torres, dá início ao projeto “Histórias que a SAPT guarda”, trazendo à tona memórias preservadas no acervo museológico, com o objetivo de democratizar o acesso a fatos e relatos relevantes da história local — muitos dos quais contam com a participação ativa da Associação dos Amigos da Praia de Torres – SAPT, que segue contribuindo para a vida cultural, social e esportiva da cidade.
A cidade de Torres não é apenas cenário: é história viva. Suas ruas, seus casarios antigos, suas tradições, festas populares e a própria paisagem — com falésias, praias e o rio Mampituba — contam histórias de tempos imemoriais. Essas memórias não estão apenas nos documentos oficiais, mas também nas narrativas orais, nas fotografias de família e nos objetos guardados com carinho por gerações.

Fundado em 1996, nas comemorações dos 60 anos da SAPT, o Museu Três Torres é um local que convida o visitante a mergulhar na história da cidade por meio de objetos, álbuns fotográficos (muitos deles doados por associados) e lembranças compartilhadas. É como um recorte do tempo e do espaço dentro da história geral de Torres — uma história que ecoa em cada morador, veranista ou turista que, de alguma forma, sente que a SAPT vive em nós.
Afinal, a história da SAPT e de Torres se entrelaçam pelas inúmeras contribuições da associação ao desenvolvimento do município. Dos 147 anos de emancipação da cidade, quase 90 se cruzam com a trajetória da SAPT, refletindo diretamente nas transformações urbanas, sociais e culturais ao longo das décadas. Espaços como a SAPT são mais que estruturas físicas, são locais de memória compartilhada, são pontos de conexão entre gerações, entre o individual e o coletivo.
O Dia Internacional dos Museus nos lembra da importância de preservar essa memória coletiva. Os museus não são depósitos do passado, mas pontes para o futuro — espaços vivos, educativos e democráticos, onde o conhecimento se constrói a partir do diálogo entre o ontem e o hoje.
Aproveitando este mês festivo, é inevitável pensar: quais são as memórias desta cidade e onde elas se encontram? Estão nas rochas que nomearam Torres, nos salões de festas da SAPT, no cheiro de maresia que atravessa gerações, nos álbuns desbotados, nas praças, nos carnavais antigos, nas casas de veraneio, na pesca, nas receitas locais. Mas, sobretudo, estão nas pessoas — que, com suas histórias e afetos, constroem um cenário vivo da memória coletiva.
É tempo de celebrar e de lembrar. E mais: é tempo de celebrar a memória. Porque memória não é só o que passou — é o que permanece em nós. Os museus são mais do que locais de memória, mas de encontro — entre tempos, histórias e pessoas. São espaços de pertencimento, educação e cidadania. Uma cidade que valoriza sua cultura local oferece às pessoas mais do que acesso à arte ou à história: oferece sentido, raízes, identidade. Quando reconhecemos que nossa presença importa, que nossa história tem valor, formamos uma comunidade mais crítica, sensível e consciente. E quando essa rede de memória e afeto se fortalece, a cidade não apenas preserva seu passado — ela se transforma em um organismo vivo, que respira melhor: mais bonita, mais justa, mais inteira.
Que cada aniversário de Torres seja mais do que uma comemoração: seja um lembrete de que nossa identidade é um patrimônio vivo — que precisa ser cuidado, transmitido e, acima de tudo, celebrado.