ENTREVISTA com secretário de Turismo de Arroio do Sal – POR TRíS DO SUCESSO DA FESTA DO PESCADOR

15 de agosto de 2014

 Econí´mico mas recheado de atraçíµes, festa de Arroio do Sal traz uma boa idéia de formato de evento para a baixa temporada

 

Por Fausto Júnior

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Arroio do Sal é uma filha de Torres.  Desindexada de Torres há mais de 30 anos, os impasses de gestão pública no Turismo na cidade vizinha são similares aos nossos. O ex- bairro de nosso municí­pio não possui as belezas naturais de nossa Torres e a população de lá é em torno de um quarto da nossa; mas o aumento constante de moradores e da atividade de veranismo são realidade por lá. Praias pertencentes ao municí­pio têm crescido exponencialmente, e a cidade vizinha consequentemente vem se destacado no cenário do Litoral Norte.

A Festa do Pescador já é tradicional em Arroio do Sal. E a caracterí­stica da festa é contundente: Cresce em tamanho mas mantém os gastos públicos baixos. Diferente do Balonismo, aqui em Torres, que cresceu ainda mais em investimentos públicos locais do que em tamanho.

Matheus Coelho Ribeiro é o secretário de Turismo Comércio e Indústria de Arroio do Sal. Ele ocupa o cargo faz seis anos e garante que o formato estrutural da Festa do Pescador é vencedor porque envolve (e compromete) todos os agentes produtivos da cidade: comércio, indústria, prestadores de serviços de turismo, dentre outros.

E A FOLHA elaborou, então, uma série de perguntas diretas para que o secretário Matheus responda. Trata-se de uma forma diferenciada de trabalhar eventos, um dos principais fomentadores do Turismo na região.

 

 

ENTREVISTA: com o Secretário de Turismo de Arroio do Sal, Matheus Ribeiro

 

Matheus Ribeiro  é secretário desde 2009

 

 

 

A FOLHA – A Festa do Pescador possui uma caracterí­stica bem peculiar em seu formato. í‰ grande, mas consome poucos recursos da comunidade de Arroio do Sal. Como a secretaria de Turismo consegue este feito?

 

MATHEUS “ Conseguimos fazer um evento que se destaca por sua diversidade, qualidade e que é realizado por duas semanas, com público fiel. Isso se dá pelo fato de que boa parte do evento é realizada pelas entidades locais. Grande parte dos recursos economizados pela Festa anual para a sua organização volta em benefí­cios para a própria comunidade, em benefí­cios de gratuidade nos shows, em cursos de formação de mão de obra. Principalmente, volta em rendimento extra para as entidades parceiras.

 

A FOLHA – Tem se notado que os shows contratados por prefeituras acabam sendo mais caros do que os contratados pela iniciativa privada. Mas com a prefeitura de Arroio do Sal nota-se o contrário. Como vocês conseguem isto?

 

MATHEUS – Primeiro primamos pela qualidade do artista e não pelo que é imposto pela mí­dia. O artista é um produto de mercado, ou seja: é preciso ter conhecimento do histórico do artista, avaliar o apelo do público e principalmente respeitar os recursos públicos, evitando exigências absurdas impostas por certos produtores. Nosso paí­s tem uma riqueza musical muito grande, podendo então substituir facilmente os shows.

 

A FOLHA – Em Torres, a secretaria de Turismo é totalmente mobilizada para executar os eventos, como o Balonismo e o Réveillon, por exemplo. Fala-se em terceirizar totalmente os eventos para que a secretaria possa participar somente na formatação da estrutura dos planos do calendário. Em Arroio do Sal é feito o contrário. Como conciliar trabalho de longo prazo com a montagem das Festas locais?

 

MATHEUS –  í‰ possí­vel realizar pela secretaria as duas coisas: objetivar a realização dos eventos em si e planejar novos projetos. Basta para isto muito esforço da equipe de trabalho. Com a ferramenta da informação e tecnologia, aliadas ao conhecimento junto í s demais esferas de governo, é possí­vel trabalhar tranquilamente. Claro que respeitada í s devidas proporçíµes em comparação com cidades e eventos maiores.

 

A FOLHA – Fala-se aqui em Torres em construir, por exemplo, uma estrutura fixa para receber o Festival de Balonismo. Outra corrente prefere que a estrutura seja montada conforme o tamanho do evento, que seja montada proporcionalmente ao formato e amplitude das contrataçíµes de serviços. Como é feito isto na Festa do Pescador em Arroio do Sal?

 

MATHEUS – Ainda realizamos o evento com parte das estruturas locadas e utilizamos a infraestrutura fixa – que comporta grande parte das açíµes do evento. Temos um diferencial que é ter um parque de eventos junto ao CTG Rincão de Estância, que também é uma das entidades envolvidas nas açíµes da festa.

 

A FOLHA -Melhoras no turismo e serviços para veranistas são necessidades de Torres. Acho que esta é também a busca de Arroio do Sal. A festa do pescador é feita para veranistas, para moradores ou para o Turismo em geral, onde hotéis e pousadas acabam sendo os beneficiados?

 

MATHEUS – Na festa do Pescador, por se tratar de perí­odo de férias escolares, a rede de hotéis e restaurantes se preparam para receber os visitantes, sendo que alguns comércios de gastronomia se instalam no Parque de Eventos para oferecer os serviços.

 

A FOLHA – Como conciliar o orçamento do municí­pio com o orçamento para eventos turí­sticos e para infraestrutura para o turismo? Aqui em Torres, o trade do turismo sempre acha pouca as verbas separadas para a pasta. Como funciona em Arroio do Sal? Os moradores não pedem mais verbas sociais ao invés de verbas para agradar veranistas e turistas?

 

MATHEUS – Temos um orçamento modesto na Secretaria de Turismo, mas como a população recebe seus benefí­cios sociais como saúde, educação e outros, ela acaba vendo que os gastos com serviços sociais e Turismo se equivalem (relativamente), pois estes também beneficiam os turistas que visitam a cidade. Infraestrutura como asfaltamento de vias, investimento em água tratada e melhorias na orla também foram metas definidas no orçamento do Turismo e beneficiam o desenvolvimento da cidade.

 

 A FOLHA – Para terminar: Como a prefeitura da cidade ‘vende’ para os moradores a importância do turismo para o desenvolvimento social de Arroio do Sal?

 

MATHEUS – Através da humanização dos eventos turí­sticos, tirando do evento uma contrapartida social com o envolvimento da comunidade em açíµes de formação de mão de obra, cursos, seminários e contrapartidas ambientais, como coleta de material reciclado e conscientização da comunidade referente a posse responsáveis de animais, dentre outras. Outro resultado importante é facilitar o acesso do comércio local aos eventos através de desconto de 20% no valor dos estandes para os aqui estabelecidos. Com isso, geramos mais empregos e mais renda para a cidade com sua participação.

 


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