Na onda do Micro-ondas: Entre mitos e verdades que circulam na internet

29 de novembro de 2012

Você já deve ter ouvido, recebido pelo menos algum e-mail (ou mensagem no Facebook) alertando sobre os supostos perigos das micro-ondas. Será que são verdade, ou apenas lendas urbanas entre as tantas que alimentam a internet?

 

 

As mais bombásticas e recentes pseudo-notí­cias atribuem ao micro-ondas o poder de desmagnetizar os tecidos cerebrais a ponto de reduzir a inteligência. Outros boatos: os alimentos preparados no micro não seriam bem metabolizados pelo organismo: a produção de hormí´nios ficaria comprometida, nutrientes iriam para o espaço ou – pior – se transformariam em radicais livres, aumentando o risco de um câncer. Substâncias desconhecidas e potencialmente nocivas se acumulariam no corpo.

Tanto diz-que-me-diz acaba deixando muita gente com a pulga atrás da orelha. Afinal, o aparelho é relativamente novo. Foi criado na década de 40 pela Raytheon, um conglomerado norte-americano que atua na área de radares, equipamentos militares e aerospaciais. O primeiro forno micro-ondas tinha 1,70 m de altura e pesava 340 kg. Era arrefecido a água e produzia 3000 watts, aproximadamente três vezes a quantidade de radiação produzida por fornos de micro-ondas atuais.

Os fornos de microondas tornaram-se populares porque cozinham o alimento em um tempo bem curto. Eles também são extremamente eficientes no uso da eletricidade, porque um microondas aquece apenas o alimento, e nada mais.

Apesar de parecer que existe há séculos na nossa cozinha, o micro-ondas só chegou nas cozinhas brasileiras na década de 1980, quase 40 anos depois de as ondas eletromagnéticas passarem a ser utilizadas para fins culinários nos Estados Unidos. E tudo o que cheira a novidade suscita dúvidas.

Acrescente-se a isso outra história, esta nada fantasiosa: a ação das microondas sobre os alimentos ainda é pouquí­ssimo conhecida. "Faltam pesquisas para provar se esse forno faz mal pra saúde", defende Luiz Carlos de Oliveira, professor de ciência e tecnologia de alimentos da Universidade Federal de Lavras, em Minas Gerais, em entrevista para a revista SAíšDE! (editora Abril).

Mas… e agora a coisa pega: " Nunca se provou que a vibração nas moléculas dos alimentos pela ação das microondas traga danos í  saúde. Mas também não existem dados assegurando que ele seja inofensivo", ressalva o pesquisador, um tanto reticente. í‰ assim e ponto?

 

Micro-ondas acabam com a vitamina dos alimentos?

 

Uma das denúncias que circulam na internet aponta o dedo para o roubo das vitaminas pelas ondas eletromagnéticas. Aliás, não é de hoje que essa suspeita intriga dois especialistas da Universidade Federal de São Paulo, a nutricionista Adriana Kachani e o nutrólogo Mauro Fisberg (também entrevistados pela revista SAíšDE!). Ou melhor, intrigava. Em busca de um fundo de verdade sobre essa relação, mí­nima que fosse, a dupla revisou pesquisas e mais pesquisas realizadas de 1994 para cá.

A conclusão foi de que, sim, há alguma perda de nutrientes em legumes e verduras. Apesar disso, os cientistas defendem que ainda vale a pena usar o equipamento Até mesmo para preparar aquelas hortaliças vendidas no setor de congelados dos supermercados, que cá entre nós são uma opção e tanto para muita gente que usa como desculpa para a má alimentação a falta de tempo, opina Adriana. í‰ melhor ingerir vitaminas de menos do que nenhuma.

Se do ponto de vista nutricional o microondas maltrata um pouco os vegetais, o leite fica bem mais preservado, ainda segundo a investigação de Adriana e Fisberg. Quando aquecido no fogão convencional, o alimento perde vitaminas do complexo B (como piridoxamina e piridoxal, formas ativas do grupo B6). Já sob o efeito das microondas, em dois minutos e meio há uma redução de 36% de vitamina C, enquanto os teores de vitamina E e de riboflavina, (uma vitamina do complexo B), se mantêm inalterados. Porém, após quatro minutos no micro, evapora-se a maior parte de tiamina, outro nutriente do mesmo grupo, presente no leite desnatado e nos do tipo integral esterilizado. Portanto: sem problemas em usar o micro-ondas, mas cuidado para não deixar os alimentos pelando, muito quentes.

Outro malefí­cio comumente atribuí­do ao microondas é de natureza fí­sico-quí­mica: o calor ali produzido derreteria os plásticos, liberando substâncias cancerí­genas, como as dioxinas. Isso acontece, sim. Mas a culpa não é do eletrodoméstico, e sim de quem usa recipientes feitos com materiais impróprios para aquecimento, afirma Marco Aurélio De Paoli, do Instituto de Quí­mica da Universidade Estadual de Campinas, no interior paulista. Que não restem dúvidas: só utensí­lios especí­ficos para o micro são inofensivos para a saúde.

 

A água "explode" no micro-ondas?

 

Você já sabe disso, mas não custa nada reforçar: Recipientes de metal, alumí­nio ou de louça (com filetes dourados ou prateados), refletem as ondas e podem causar explosíµes pra valer.  Além disso, nunca se deve aquecer no microondas, recipientes apenas com água, sem mais nada. Deve-se colocar alguma coisa dentro do recipiente, para difundir a energia (como uma colher de pau, por exemplo).

Caso contrário, a ação das micro-ondas nas moléculas de água fará com que a água superaqueça a uma temperatura superior a temperatura de ebulição. Desta forma, a água aquecida a uma temperatura superior a 100 ºC, fica num estado metaestável, que ao ser perturbado (pela adição de açúcar ou café) pode resultar na sua explosão, provocando queimaduras graves.

Quanto í s demais mensagens em tom alarmista que se difundem com velocidade na internet, o bom senso recomenda: não dê crédito, pois muita coisa não é o que parece ser.  Desconfie sempre que a dúvida aparece, busque pesquisar mais a fundo, compare informaçíµes. E se sentimos que é cada vez mais difí­cil saber o que é verdade ou mentira na rede, use o bom senso e vá atrás de fontes confiáveis, veí­culos de comunicação vigorosos, sérios e estabelecidos, que já conquistaram algum crédito no compromisso com a verdade.

 

 

*Com informaçíµes de Revista SAíšDE, HowStuffWorks E Wikipedia


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