O verão 2010 está se caracterizando por um calor intenso, quase insuportável, até a aragem que sempre temos í beira mar nesse ano sumiu. Chove, mas depois da chuva o calor fica mais intenso ainda. A gente vai vivendo meio aos trancos, quem é residente na praia e precisa trabalhar no verão atendendo í s demandas e necessidades dos visitantes, precisa enfrentar o tempo árido e quente com coragem e galhardia.
A gente vai vivendo assim, meio esquecido de olhar nossa cidade com mais atenção e í s vezes somos surpreendidos com a beleza de coisas simples e corriqueiras, mas que quase não percebemos mais, tamanho é o esforço despendido para cumprir todas as tarefas que nos cabem.
Noite dessas, fui com algumas amigas a um dos quiosques da beira mar. Sentamos bem pertinho da areia e pudemos admirar a lua minguante tal um gomo de laranja amarelo flutuando sobre a placidez do mar naquele noite praticamente sem ondas. A luz amarelada daquele gomo pendurado no céu refletia-se na água. Estava lindo. As amigas comentaram que na lua cheia estava mais bonito ainda e na lua crescente também. Acabrunhada, questionei-me onde será que eu estava que não vi a lua cheia, nem a lua crescente… quase não vejo a minguante.
Saímos do trabalho e levo uma amiga em casa percorrendo o lado leste da Lagoa do Violão quando nos deparamos com o por sol. Cores estonteantes. O céu tingido de uma gama variada de azuis, quebrados por rosados, amarelos e lilases de todos os matizes. Ao fundo a serra arroxeada recortava-se contra um pano azul turquesa enfeitado por nuvens de todas as formas possíveis. Gostaria de fotografar o instante fugaz, rápido, pois a todo o momento o colorido, sempre belíssimo, se modificava. Minha amiga comentou que se pintássemos um quadro fixando aquelas cores diriam que é artificial tal a variedade e intensidade de coloridos. Inundei-me daquela beleza, mergulhei naquele instante divino, vibrei na mesma sintonia do céu, das nuvens, da água da Lagoa refletindo as tonalidades do céu. Instantes assim são indescritíveis. Tudo que possa escrever aqui não descreverá a intensa beleza daqueles instantes mágicos. Ocorre-me que nosso por do sol na Lagoa do Violão pode competir com vantagem com o famoso por do sol do Guaíba em Porto Alegre, pode competir com os mais divulgados de qualquer parte do planeta porque é lindíssimo. E a gente perde esses instantes quase todos os dias mergulhados nos nossos afazeres e fingindo não ter tempo para viver a beleza de Torres.
Nossa praia não tem apenas mar enluarado bonito, não tem apenas por do sol lindíssimo, tem muito, muito mais para deleitar quem mora aqui e para encantar a quem nos visita. Apenas é preciso ter cuidado, muito cuidado, olhar bem para os lados, ver quem está por perto nos observando, não ficar parado muito tempo num mesmo local, nem estacionar o carro em lugares não permitidos (mesmo que seja para intoxicar-se de beleza) porque pode haver um policial nos cuidando e venha nos abordar. Certamente ao perguntar o que estamos fazendo ali nem tente responder que está admirando o belo. Seja breve nas explicaçíµes, demonstre que não está louco, nem mesmo alcoolizado, você pode arrumar confusão se for sincero dizendo que está apenas olhando a beleza. Se possível, saia já dali e volte apenas quando o verão se for. A beleza do por do sol na Lagoa acontece também no outono, no inverno e na primavera, quando já estamos a sós com nossa Torres.
Obs: A crí´nica da semana anterior teve forte repercussão entre os leitores. Muitas pessoas têm relatado fatos semelhantes ocorridos consigo, com familiares e até com desconhecidos. Muito Obrigada!