Quem caminha sozinho…

5 de agosto de 2011

Quem caminha sozinho pode até chegar mais rápido, mas aquele que vai acompanhado com certeza vai mais longe.   (Clarice Lispector)

   

Casamentos tendem a dar certo quando cada parceiro é capaz de se manter em movimento, desde que caminhem juntos na mesma direção, e não sentidos opostos, quando um progride e o outro retrocede. Muitas vezes quando apenas um cresce e o outro estagna, a separação se torna inevitável. Ou, pior, ambos passam a viver uma solidão í  dois. Para que isso seja evitado, é preciso que o crescimento seja de ambos.    

No caso da mulher, em geral, ela casa esperando que o homem mude com o passar do tempo. O homem, em geral, se casa esperando que a mulher não mude, mas ela muda, como todos nós mudamos no decorrer da vida. Se nenhum dos dois está preparado para lidar com estas mudanças, com expectaticas frustradas e não correspondidas, aonde o ressentimento e mágoa prevalece, o casamento tende a acabar. Um casamento em que um dos dois não percebe ou não aceita que o outro cresceu ou se modificou em alguns aspectos, um hiato começa se estabelecer entre os dois, a ponto de não se reconhecerem mais e começarem a se questionar sobre o sentido da relação. Até quando vale a pena estar junto? Pode se dizer que se a capacidade de autcrí­tica e reflexão sobre si está preservada, a relação poderá amadurecer, evoluir com as crises que fazem parte da vida afetiva do casal. Mas quando predominam acusaçíµes, culpabilizaçíµes, crí­ticas, cobranças mútuas, e a busca de isenção na sua própria responsabilidade para o sucesso ou fracasso da relação,  a tendência é que não se chegue a um acordo, mas sim a uma situação destrutiva e dolorosa.    

í‰ preciso reconhecer que a parcela de responsabilidade é de 50 % de cada um envolvido para a relação dar certo. Não existe ví­tima ou vilão, mesmo quando,por exemplo, um dos parceiros reclama que o outro abusa do mandonismo e domí­nio sobre este. Assim mesmo, o primeiro tem participação e responsabilidade ao permitir esta situação,  onde ele fica submetido e não se posiciona. í‰ possí­vel ter uma relação amororsa de respeito, carinho, admiração, e ao mesmo tempo liberdade, individualidade, que são o oxigênio do bom casamento duradouro. Liberdade combina com casamento e com crescimento individual, se existe a confiança. Por outro lado, há de se questionar se queremos com o casamento a busca da nossa cara metade, ou se pretendemos anular diferenças e falhas em  nossos parceiros. Neste segundo caso, então,  não será a uma relação adulta e saudável que buscamos,  mas sim uma relação infantil simbiótica, em que o outro é uma extensão de  nós mesmos, e só existe para   atender  nossos caprichos, desejos, necessidades e assemelhando-se inteiramente conosco.  

 Este exemplo trata-se daquelas pessoas imaturas que não suportam não estarem   no controle de tudo, de serem contrariadas;    de terem que esperar pelo outro, de aceitar que o outro tem necessidades, e pensamentos   próprios, e que é uma pessoa separada e diferente dela, com sua individualidade, e isto não é avesso ao amor, pelo contrário, quando existe amor de verdade, existe confiança, respeito. Mas se não confio que eu possa segurar meu parceiro através do amor, então   preciso recorrer a outras manobras   para prendê-lo   a mim,   através do domí­nio e controle. Ilusão, pois esta estratégia só faz afastar e destruir a possibilidade de amar, porque toda a pessoa que se sente controlada fica com raiva daquele que a controla.


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