Turista de Torres há mais de 35 anos, argentina lembra de histórias e fala sobre mudanças na cidade

Entre outras coisas, Morena Erro (foto), moradora de Passo de Los Libres, destaca a necessidade de haver maior divulgação da cidade aos turistas argentinos, trazendo-os para cá desde o começo de dezembro

5 de janeiro de 2018

 

Morena Erro tem 58 anos e é moradora de Passo de Los Libres, fronteira entre Argentina e Rio Grande do Sul. Ela tem uma relação especial com Torres, cidade que, há 37 anos, visita quase que anualmente no período de veraneio. Na última quarta-feira (03), Morena esteve visitando a redação do jornal A FOLHA para recordar sobre mudanças que ocorreram (e seguem ocorrendo) em Torres na últimas décadas, bem como expor seu ponto de vista sobre algumas temáticas relacionadas a cidade.

A primeira vez que Morena Erro visitou Torres foi no ano de 1981 – quando casou-se com seu marido e veio passar a lua de mel na ‘mais bela praia gaúcha’. “Ficamos no antigo hotel Alfred (atual Dunas Praia Hotel, na beira-mar da Prainha) e logo criamos uma afeição pela cidade, por suas belezas”, destaca a turista argentina, que continua: “A estrutura da cidade era outra então: não vendia-se gasolina nos finais de semana, não havia calçadão. A cidade já enchia no verão, mas não tanto. Lembro que, no começo dos anos 80, não era possível dar a volta caminhando pela Lagoa do Violão, boa parte era só mato”.

Do começo dos anos 80 para cá, Torres tornou-se no principal destino de férias de Morena, de seu marido e da família que foi sendo constituída: o casal teve 4 filhos (que atualmente possuem entre 22 e 34 anos). “Algumas vezes fomos para hotéis, porém  o mais comum era alugar alguma casa por aqui (geralmente na Prainha e Praia Grande). Como sou dona de casa, muitas vezes pudemos passar uma temporada mais longa, algo como um mês (ou até mais). Quando os filhos eram pequenos, eles amavam a Praia Grande, pelas várias opções de lazer e recreação para crianças – coisas que continuam havendo hoje. Depois, com eles já crescidos, a preferência passou para a Prainha”, ressalta a turista de Passo de Los Libres, que lembra de outras preferências de diversão que eram sucesso entre seus filhos em Torres: jogar futebol na praia, ir no fliperama, fazer pescarias no rio Mampituba. “Haviam muitas apresentações artísticas nos finais de semana, e nós aproveitávamos, pois sempre gostamos muito de música brasileira. Há cerca de 15 anos parece que havia mais música, bem como mais serviço direcionados aos turistas”.

Marcando presença em Torres como turista há mais de 35 anos, Morena Erro destaca que, a cada nova visita que faz a cidade, algo está diferente. Algumas mudanças foram elencadas como positivas, como o asfaltamento de várias ruas. Outras, entretanto, não lhe agradaram tanto: a grande quantidade de prédios construídos (principalmente na última década), segundo ela, tiraram um pouco do charme da cidade. “Sinto falta da presença de algumas belas casas que haviam antes, que hoje deram espaço para prédios altos. Espero que nunca tenha que ver prédios próximos da  beira da praia em Torres, pois este clima de natureza, esta possibilidade de poder ver o céu, é algo que deve ser preservado”, destaca a turista argentina, mostrando conhecimento sobre o movimento contra a construção de edificação altas nas quadras próximas da beira-mar.

 

Antes e depois da crise de 2001

 

Conforme recorda Morena, até o começo dos anos 2000 era intensa a presença de turistas argentinos em Torres, que consumiam bastante por aqui também pelo câmbio favorável em relação ao real (e, segundo ela, também por uma questão cultural argentina, com pessoas de grande espírito consumista). Entretanto,a forte crise econômica que afetou o país principalmente em 2001 – com queda drástica do PIB, medo de não conseguir sacar reservas nos bancos e alto desemprego (situação que culminou em protestos populares e na renúncia do então presidente De La Rúa) – modificou esta realidade. “Nos anos 90 lembro que, em Passo de Los Libres, havia gente que dizia não querer ir para Torres, tantos eram os moradores da cidade que vinham para cá. Isso antes da crise, depois a situação ficou mais delicada, se pensava mais antes de comprar e viajar”.

Atualmente, a situação macroeconômica da Argentina, se não é boa, está mais estabilizada. Mas com o Peso argentino desfavorável perante o Real brasileiro, os ‘hermanos’ se mostram mais cautelosos na hora de gastar quando vêm para Torres. Morena indica que ela e a família utilizam-se bastante da estrutura de serviços da cidade, principalmente os restaurantes. “Sempre sai um pouco caro, por questão do próprio câmbio.  Sentimos que em anos passados vínhamos para cá antes e gastávamos menos com as mesmas coisas. Mas, no geral, sente-se que a inflação é menor aqui do que na Argentina – ainda que seja uma cidade turística. Hoje em dia, os supérfluos, as diversões estão muito caras por lá”.

 

Do verão passado pra cá…

 

Morena esteve em Torres também no verão passado, e nos relatou algumas mudanças já perceptíveis este ano. “No começo de 2017, a sujeira era maior: sentia que faltava limpeza em lugares importantes como a Guarita, faltava cuidado com a questão dos banheiros. Mas este ano, parece que houve uma boa mudança: os banheiros que foram colocados estão melhores, e  há a questão do cuidado com a manutenção da cidade. Percebi que, por exemplo, a grutinha da Santa (no caminho da Santinha) está mais bem cuidada, assim como a iluminação está melhor”. Ela também ressalta que, como percebe-se pelas ruas da cidade, a presença de argentinos está menor este ano. “É perceptível que houve uma redução (no número de turistas argentinos), mas a cidade parece mais cheia do que nunca, só que de brasileiros. Acho que ainda não deslanchou a economia argentina, o momento é de cautela para a maioria”.

Sobre a Festa do Réveillon deste ano, a turista conta que ela e a família adoraram os fogos de artifício, consideraram o espetáculo mais bonito do que no ano passado. “Também gostamos muito da música deste ano na festa do Réveillon, músicas conhecidas, populares. Os artistas pareciam mais empolgados, foi um evento muito bonito”.

Concluindo, Morena destaca sua paixão por Torres, e pensa que a cidade deveria ser melhor divulgada para o turista argentino – impulsionando o turismo desde o começo de dezembro (mês que os argentinos viajam bastante), colocando outdoors em estradas. “Torres é uma beleza, amo esta cidade. Já fui a Bahia, Florianópolis, vários lugares, mas continuo tendo uma relação especial com esta cidade. Nos próximos anos, espero já poder trazer meus netos para cá, continuar essa bonita relação com Torres”.

 

 

 

 

 


Publicado em: Turismo






Veja Também





Links Patrocinados