Entre abril e dezembro, alimentos agroecológicos de 42 famílias agricultoras dos Núcleos Litoral Solidário e Serra Gaúcha da Rede Ecovida de Agroecologia irão somar em ações de combate à insegurança alimentar nessas regiões. Nos municípios de Três Cachoeiras, Torres, Caraá, Porto Alegre e Caxias do Sul, nove entidades receberão os alimentos comprados pela Cooperativa de Produtores Econativa por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) executado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
“É uma quantidade grande de banana, mas principalmente batata doce, moranga, aipim, repolho e diversas outras hortaliças e frutas. É uma diversidade de alimentos, estimulando os agricultores a diversificarem seus cultivos”, pontua Anelise Becker, da Econativa. Becker destaca que, nos documentos da Rede Ecovida, são as mulheres as titulares de metade das famílias fornecedoras. “É uma presença de 50% de mulheres que participam desse projeto”.
Uma destas agricultoras é Nara Martins, de Torres. A família dela já fornece para alimentação escolar e há 20 anos tem uma banca na feira ecológica de Torres. Para Martins, é uma satisfação saber que seus produtos estão chegando à mesa de pessoas que não teriam condições de comprar. “Saber que o pessoal está comendo um produto bom. E é uma fonte de renda a mais, que a gente está precisando também”. A comercialização vai garantir às famílias produtoras uma renda mensal em torno de R$ 1.600 reais.
Natan Fernandes, jovem agricultor de Três Cachoeiras, acredita que sempre é importante ter várias formas de comercialização, além das feiras ecológicas e cooperativas de consumidores. “Dentro dessas (alternativas de comercialização) está o PAA, que é uma forma que temos de produzir e comercializar”.
Centro Ecológico é uma das entidades recebedoras
Durante a pandemia de covid-19, a Sociedade Espírita Caminho da Luz, em Torres, começou a distribuir kits básicos de alimentação e limpeza. Desde então, todas as sextas-feiras, o Centro Ecológico contribui com bananas orgânicas doadas pela Leal Comércio de Produtos Ecológicos, de Três Cachoeiras. Agora, por meio do PAA, a ONG está entregando também outros produtos ecológicos.
“Só fazemos (os kits básicos) porque temos doação”, explica a voluntária Marilei de Lima Dutra. Ela calcula em 130 o número de famílias beneficiadas por esta ação articulada principalmente pelo voluntário Laércio Meirelles.O agrônomo e escritor avalia que este programa retomado pelo governo federal é mais um esforço no sentido de atender a urgência social do combate à fome. “Todas as ações que pudemos empreender para mitigar este problema são urgentes e necessárias”.