Paraquedistas saltando nas várias áreas disponíveis do entorno do aeroporto… aviões servindo para aulas práticas na formação de pilotos privados ou comerciais… pequenas aeronaves que pousam e decolam em Torres para trazer ou levar de volta veranistas de várias regiões do estado que possuem residência na cidade… além do barulho inconfundível de jatinhos que trazem para o litoral empresários ocupados que não querem desperdiçar seu tempo em estradas ou artistas que vêm para o litoral realizar shows contratados por estabelecimentos de entretenimento (principalmente na temporada de verão). Esta é a realidade atual do aeroporto estadual do Litoral Norte, em Torres, um terminal aeroportuário construído e mantido pelo governo do Estado do RS, inaugurado em 1998.
Medição e cobrança pelo uso do aeroporto regional
A FOLHA conversou com o novo responsável pelo aeroporto de Torres, Mario Antônio Corlette de Assis. Ele assumiu em outubro de 2022 para adequar uma proposta do governo do Estado, de colocar como responsável do terminal uma pessoa com formação e experiência para efetivamente responder e se responsabilizar pelo funcionamento técnico do local tanto na área de engenharia de tráfego aéreo quanto para o cumprimento do contrato de prestação de serviços oferecido pelo governo aos usuários.
Pela primeira vez o aeroporto possui uma planilha detalhada de controle de voos que pousam e decolam do terminal litorâneo, assim como (conforme Assis) a partir disto foi que o aeroporto passou a cobrar tarifas dos proprietários de aviões que utilizam o terminal, tanto os privados e individuais quanto os das empresas que operam lá, como a Arcanjos (Saltos de paraquedas), o Clube de Aviação de Torres (CAT) e a Realizar (escola de pilotos).
Assis explica que o aeroporto de Torres não é autossustentado, ou seja: as receitas ainda não cobrem as despesas. Mesmo com cerca de 300 voos medidos em planilha no mês de dezembro passado (o primeiro mês que houve medição integral desde a chegada do novo profissional), a cobrança desta boa utilização não paga todas as contas. “No interior do RS, somente o aeroporto de Caxias do Sul e o de Passo Fundo possuem sustentabilidade própria, porque estes têm voos comerciais regulares em seu portfólio de usuários”, afirma o técnico responsável pelo aeroporto localizado em Torres.
Equipamento é subordinado aos controladores nacionais
O terminal aeroportuário de Torres oferece somente controle visual aos usuários. Ou seja, só há possibilidade de pouso ou decolagem por conta do que está à vista do piloto das aeronaves, seja lá quais forem seus aviões. À noite, os voos que pretendem pousar ou decolar devem informar com antecedência a administração, para que as luzes da pista sejam ligadas e haja maior segurança dos pilotos em aterrissar ou levantar voo. Mas, conforme lembra o técnico local de Torres, todos os voos devem fornecer seus planos antes de saírem de um lugar para outro com 45 minutos de antecedência, informando para a torre nacional localizada em Curitiba. Depois, devem receber um OK da central de voos que ira finalmente fornecer as coordenadas (altura) – para que não haja acidentes entre aviões por conta de rotas de colisão.
Famosos passam pelo terminal sistemicamente
A FOLHA captou também que vários artistas que são contratados para se apresentar em locais ou eventos de entretenimento no Litoral Norte (principalmente na temporada de verão, como a que estamos) utilizam-se do aeroporto para pousarem e decolarem seus jatinhos. Eles chegam em vários horários durante o dia e, geralmente, também vão embora de madrugada, logo depois do termino do show, pois eles querem dormir em casa depois de trabalhar e receber seus caches”, explica o técnico do terminal torrense.
Gustavo Lima, Jasmin, Henrique & Juliano são alguns nomes de celebridades nacionais que já utilizaram o aeroporto nesta temporada, geralmente para trabalhar em Tramandaí, mas que devem aumentar agora com eventos como o Planeta Atlântida. O Jato da empresa caxiense Randon também se utiliza no aeroporto sistemicamente, trazendo para a cidade donos ou executivos da firma para Torres e levando-os de volta para alguns destinos, principalmente da serra gaúcha.
FOTO – Aviões de turistas e veranistas também utilizam espaço
Chegada do porto marítimo acelera especulações
Desde que chegou a Torres, o executivo responsável pelo terminal contratado pelo governo do RS chama a atenção para algumas prospecções que tem havido para uso do terminal – principalmente por conta da possibilidade da construção do porto marítimo de Arroio do Sal. Por exemplo, existem prospecções para a construção de hangares no local, que entretanto só poderão ser realizados após a licitação do governo estadual, responsável pelo aeroporto regional. São empresas que querem garagem para suas aeronaves, para funções diversas que tenham relação ao terminal marítimo previsto.
Atualmente a maior operação anual e sistêmica do terminal aeroportuário torrense é a da Escola Realizar, que em dezembro foi dona de mais de metade dos 300 voos em média registrados em Torres. A Arcanjos (saltos de paraquedas) trabalha também todo o ano ao propiciar que pessoas saltem em voo livre, com decolagens oriundas do aeroporto de Torres. Mas a frequência de voos de empresários e veranistas, tanto quanto de artistas, acontecem mais na temporada de veraneio.
Acordo com a prefeitura de Torres
Uma parceria contratual entre o Estado do RS e a prefeitura municipal de Torres propicia que a manutenção e o funcionamento do terminal aeroportuário fiquem funcionando todos os dias. O governo do Estado do Rio Grande do Sul paga o coordenador e as empresas de manutenção dos equipamentos ligados aos pousos e decolagens, além de taxas e licenças legais. Já a prefeitura de Torres, em troca de uma imagem institucional positiva por receber voos de turistas e veranistas, se responsabiliza contratualmente pela segurança do terminal e pela limpeza e jardinagem das instalações do aeroporto.
