Ainda falta um Centro de Convivência para Idosos em Torres

Na eleição passada todos os candidatos prometeram o equipamento, que não foi entregue. Mas Torres já tem 19 espaços chamados de Instituições de Longa Permeância para idosos

Dona Ingrid Emmer em recuparaação: lutou muito e merece que a luta continue
21 de julho de 2024

 

Em 2020, dona Ingrid Emmer, ex-presidente do Conselho Municipal da Pessoa Idosa de Torres, organizou e conseguiu presença em várias reuniões com todos os candidatos a prefeito no pleito municipal de 2020. Em meio a pandemia do Covid-19, também era período pré-eleitoral como neste ano de 2024. E a militante, embora já idosa (mais de 80 anos), trabalhava de forma atuante em diferentes frentes em prol da comunidade torrense, bem como em outros conselhos.

Na ocasião em 2020, os quatro nomes que participaram da reunião prometeram a construção (ou pelo menos o projeto para a construção) de um Centro Municipal de Convivência para idosos, uma espécie de praça com equipamentos especiais, onde os mais velhos possam conviver e passar o dia junto aos amigos (da mesma idade ou outras idades)  tendo proteção, acessibilidade e estrutura para a realização de atividades dedicadas às pessoas mais velhas e entendendo suas limitações (principalmente físicas, mas em alguns casos psicológicas e cognitivas também). O Conselho do Idoso possuía até um projeto arquitetônico, onde existia local, edificações e equipamento para que os candidatos a prefeito se manifestassem sobre a ideia. E no final, Alessandro Bauer, então candidato pelo MDB; Carlos Souza, pelo PP, Carlos Monteiro (Tubarão) pelo PSB, Moisés Lima pelo PT e Marcelo Couto pelo Patriotas, todos concordaram em dar início a construção deste espaço em Torres dentro de seus governos, sugerindo ainda várias outras atividades para a melhoria do atendimento local à terceira Idade (como ruas adaptadas e programas de conscientização).

 

Dona Ingrid utilizando a estrutura para atender as tendências dos Idosos

 

Nesta quarta-feira, dia (18/7), A FOLHA visitou um dos 19 espaços que existem em Torres que são chamados de Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI), uma espécie de Asilo moderno, onde gente idosa de várias idades e que não possui condição de morar sozinha (seja por razões financeira ou por não ter presença de familiares por perto) acaba se hospedando, em troca do pagamento de mensalidades. São espaços com pessoal que deve atuar pelo bem-estar dos idosos, uma mistura de hotel com espaço de cuidados para a saúde. Acolhem pessoas de idade avançada as vezes para uma recuperação de uma doença, outras vezes tornando-se moradias fixas – quando os casos são de doenças degenerativas, psicológicas e físicas ou   progressivas (como Alzheimer e demências, por exemplo).  Segundo a municipalidade local, em Torres todas as ILPIs são geridas pela iniciativa privada em 2024.

Dona Ingrid (graças a Deus) está se recuperando de um evento cardíaco que a colocou de cama, por conta da baixa de imunidade, que causou aparecimento de doenças oportunistas (como viroses). Sua passagem pelo Lar de longa permanência não tem ainda período definido, mas no dia em que já estiver recuperada da falta de condições de caminhar e de fazer as coisas naturalmente, diz que volta para casa. Ou seja: ela está lúcida como sempre, somente se recuperando fisicamente.

O fato que chama a atenção é que Dona Ingrid está hospedada em uma Casa de Longa Permanência, que há poucos meses fazia parte de visitas dela mesma, mas justamente para verificar se os lugares estavam cumprindo as obrigações de propiciarem para os hospedes/residentes dignidade (higiene, alimentação, cama e espaço de convivência interno) para cumprirem o Estatuto do Idoso e atenderem as mínimas demandas da idade. Na prática Dona Ingrid, ao se tratar e se recuperar, também está fazendo uma espécie de estágio nos lugares que estão estabelecidos em Torres.  E muitos dos 19 locais existem justamente pela arbitragem realizada pelo Conselho do Idoso de Torres, que dá segurança jurídica em prol de atividades da terceira idade, além de proteção para que os estabelecimentos retirem seus alvarás. Conselho este que foi trabalho cidadão de Ingrid Emmer durante anos.

 

Leis e atitudes locais

Na Constituição do Brasil, os Idosos possuem lei de proteção, sugerindo que os governos (federal, estaduais e municipais) tenham “políticas públicas afirmativas” para propiciar tratamento especial para atender as demandas da população após os 65 anos. Mas muito disso não é objetivo ao ponto que possam ser exigidos na maioria das demandas. A lei maior só define a obrigação do poder público em garantir a dignidade aos idosos e, a partir dos 65 anos, o governo federal está obrigado a subsidiar com um salário mínimo qualquer idoso brasileiro que, com provas, mostre que não tem condições de prover sua sobrevivência e moradia. Como este valor não é financeiramente suficiente para as pessoas pagarem moradia, higiene alimentação e Saúde, existem programas municipais que oferecem alguns benefícios para casos em que idosos se veem sozinhos (ou acompanhados de pessoas que não podem resolver seus problemas) e precisam de atendimento.  E a compra de vagas em Instituições de Longa Permanência pela Prefeitura é um deles.

Em Torres, a municipalidade, quando recebe exigência de sentença judicial para atender a hospedagem de uma pessoa nesta situação, tem pago em torno de R$ 800 por mês para o Lar Estadia Portuguesa (ou outras ILPI dos 19 existentes). São casos de pessoas com Alzheimer ou outras doenças da idade, em que a família precisa de ajuda para poder hospedar seus “vovôs” e vovós”. Daí a prefeitura entra com estes R$ 800, conforme informa a gerente do Lar Estadia Portuguesa em Torres – Luciana Machado. O restante das mensalidades dos residentes idosos acaba sendo pago por parentes ou amigos dos hospedes.

Conforme a gerente do Lar Estadia Portuguesa– onde está D. Ingrid (que paga a vaga particularmente), em Caxias do Sul, por exemplo, existe um Lar de Longa Permanência administrado pela Prefeitura da cidade. Neste caso a municipalidade oferece e paga as contas de estadia, alimentação e moradia, mas somente para pessoas residentes na cidade há muito tempo e que provem que não podem pagar por seus sustentos. Luciana destaca que existe sempre filas enormes para a obtenção de vagas neste lugar, vagas estas que acabam sendo aos poucos supridas por situações de ‘compra de vagas’ como as que existem nos 19 Lares Para idosos de Torres. Ou seja, em Caxias existe um gasto mensal para hospedagem de pessoas carentes da terceira idade.

 

Centro de Convivência segue como “promessa”

 

FOTO DE ARQUIVO – Na eleição de 2020, candidatos prometeram o equipamento (que entretanto não foi entregue).

 

 Mas a Construção de um Centro de Convivência para Idosos em Torres, prometida há quatro anos em todos os movimentos políticos que concorreram à prefeitura em 2020, não saiu da esfera das ideias. Foi um projeto militado por Dona Ingrida pessoalmente, mas que não terá ela como militante ativa neste novo ano eleitoral. Ela é uma das várias pessoas idosas que estão utilizando a estrutura de atenção em recuperação existente em Torres, para se recuperar de uma crise cardíaca, em  uma Instituição de Longa Permanência para Idosos que a trata muito bem, conforme informou pessoalmente Ingrid para o jornal A FOLHA. Num futuro próximo, ela deve voltar as suas atividades comunitárias, que incluem a militância,  mas nestas eleições está fora.

A FOLHA sugere que a comunidade dê seguimento a este trabalho liderado por D. Ingrid  – por respeito a seu trabalho pretérito. E que as  várias correntes que sinalizam concorrer à cadeira maior da prefeitura de Torres para a próxima legislatura (2025/2028) incluam  esta promessa mais uma vez em seus planos de governo, de uma forma que seja efetivamente viável a  real construção de um Centro de Convivência para Idosos  – público e gratuito –  para  que pessoas de idade mais avançada de Torres tenham um espaço digno para confraternizar e se manterem ativos. Vamos lá?

 

 

 

 

 

 

 

 


Publicado em: Infraestrutura






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