Aldeia de Torres sediou 1º Encontro de Capacitação sobre Comunicação Mbya Guarani do Litoral Norte

O premiado roteirista e documentarista Gérson Karaí ministrou um curso de comunicação na aldeia Nhu-Porã, em Campo Bonito, entre os dias 1 e 4 de agosto, durante 3º Encontro Mbya Guarani do Litoral Norte

7 de agosto de 2024

O premiado roteirista e documentarista Gérson Karaí ministrou um curso de comunicação na aldeia Nhu-Porã em Campo Bonito, entre os dias 1 e 4, durante 3º Encontro Mbya Guarani do Litoral Norte. Na capacitação, Karaí compartilhou sua experiência de 15 anos em produção audiovisual com jovens e adultos das sete aldeias da região.

A ideia, conforme o cineasta, é a formação de uma equipe de comunicadores ou cineastas guarani a partir do conhecimento de um parente. Parente é como os indígenas se referem outros indígenas. “Eu gosto muito de falar (com a juventude) porque eles têm um outro tipo de pensamento. Estava observando que tem muita gente interessada. Vai sair um bom diretor, um bom roteirista, um bom cineasta, porque eles estão com o intuito, com aquele prazer e desejo de expandir”.

 

Usos

Uma das aplicações imediatas do curso será a valorização da arte e artesanato indígenas, com a gravação e edição de vídeos mostrando como são produzidos, por exemplo, os cestos, colares, esculturas. “A pessoa que não conhece, não quer pagar, porque é um artesanato pequenininho. Se a gente pedir 40 ou 50 (reais), ele tá achando caro”, relata o cacique da Nhu-Porã, Mário Lopes.

A longo prazo, os e as comunicadoras poderão aproximar a cultura dos povos originários aos “juruá”, como são chamados os não indígenas. Mais que isso, ao divulgar as práticas e saberes ancestrais de convívio com a natureza, poderão contribuir no combate à crise ambiental, que Gérson Karaí faz questão de chamar de crime ambiental. “Os jovens hoje estão dominando a tecnologia. Então a gente tem que, no mínimo, utilizar o potencial que eles têm, o poder que eles tem na mão hoje para ajudar nós da linha de frente a combater esses crimes ambientais”.

No último dia do curso houve uma avaliação dos conteúdos. Depois, durante uma cerimônia, as sete equipes – uma de cada aldeia – falaram sobre o que aprenderam no encontro e receberam certificados.

 

Marco temporal

Como encerramento, as aldeias organizaram uma manifestação pela suspensão do marco temporal. A lei 14.701 determina que os povos indígenas poderão ter demarcadas somente áreas por eles já ocupadas quando a Constituição foi promulgada, em outubro de 1988.

A realização do 1º Encontro de Capacitação sobre Comunicação para Mbya Guarani do Litoral Norte teve apoio do Centro Ecológico por meio do Projeto Adaptação Climática, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) por meio do Fundo de Adaptação e Inovação Climática (AFCIA).

 

 


Publicado em: Cultura






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