Alto nível de ideias em Torres: o resultado da Audiência Pública sobre violência nas Escolas

Comissão da Câmara Municipal de Torres foi autora de ato participativo. Cuidados e responsabilidade da Família é tema considerado o caminho mais eficaz para as melhorias

Apesar do tema importante, houve pouca participação popular na audiência
15 de maio de 2023

Na quarta-feira, dia 10 de maio, a Comissão de Educação, Esporte e Cultura da Câmara de Vereadores de Torres realizou uma Audiência Pública no auditório da Ulbra  local. A razão foi possibilidade de estar havendo uma espécie de “viralização” de ataques violentos realizados em escola, após haver no Brasil mais de uma destas lamentáveis iniciativas neste ano de 2023 – mas que era um problema que já acontecia de forma sistêmica nos Estados Unidos.

A audiência iniciou como uma espécie de palestra de sensibilização, ministrada pelo promotor de Justiça Vinícius de Melo Lima.  Ele sugeriu alguns temas para que a comunidade pudesse se basear no sentido de reavaliar a relação adolescente/criança, Escola, Família e Estado.  Convocar os pais para que participem do controle dos filhos através da maior responsabilização das famílias para com a tarefa; ensino prático de direitos humanos nos currículos escolares; atenção maior ao comportamento dos alunos que passaram por bullyng em sua trajetória foram alguns deles.

A oferta de trabalhos ou estágios para adolescentes de famílias mais humildes (dentro da lei) foi outra forma criativa que o promotor deu, para servir como alavanca para uma melhor promoção de segurança/ estruturação familiar.

 

Famílias deveriam deixar de ser passivas em relação ao uso de drogas

A Seguir o delegado da Polícia Civil de Torres Marcos Vinicius Veloso também se posicionou.  Ele lamentou sua constatação de que muitas mães e pais, quando em ocorrência policial, afirmam que seus filhos adolescentes “somente são usuários de drogas”, lembrando que é justamente o uso das drogas que termina com a estabilidade dos usuários, quando então se tornam ‘perdedores’, na visão do delegado. “Não conheço casos de pessoas vencedoras na vida que sejam usuárias (abusivos) de drogas”, disse Veloso.  Ele acha também que a comunidade de Torres tem que ser mais parceira da polícia para que as ações contra crimes possam ser resolvidas com mais eficiência.

O Tenente Vinícius, em nome da Brigada Militar (BM), informou que na própria BM, os protocolos de policiamento oriundos do comando da instituição já reforçaram as rondas no entorno das escolas locais.  Além disso, a Brigada disponibilizou inclusive um número de telefone celular – com whatsapp –  para que a comunidade possa ligar caso haja alguma desconfiança, principalmente para que a BM ajude a checar a veracidade de avisos na web que possam ser Notícias Falsas (Fake News). O telefone para contato é (51) 98555 2480.

O Pastor Gerson, Capelão da Ulbra, utilizou seu espaço para citar algumas passagens de livros sagrados de religiões para ajudar na reflexão. “A Sua Educação é a sua Vida” – Bíblia;” O diabo prefere bobalhões e inúteis” – Lutero. Mas o capelão da universidade também deu contribuições mundanas sobre as melhorias no sistema de ensino do Brasil (principalmente de Torres), pedindo melhores salários e condições de trabalho para professores e profissionais das escolas, por exemplo.

 

 Vereador Gimi sugere campanha motivacional e Escola Técnica

Vereador Gimi Vidal repete o que fala há tempos

O vereador Gibraltar Vidal ( Gimi) também participou. E colocou como proposição , a ideia de a comunidade realizar uma ampla campanha educativa, com apoio da imprensa, para orientar e propor ações efetivas dos pais em atenção ao comportamento dos filhos.

A seguir afirmou “Não vejo que a solução seja tornar as escolas similares aos presídios, com cercas elétricas, portas giratórias, botão de pânico. No meu entendimento, o que é necessário mesmo é se saber com quem o seu filho está conversando no whatsapp, quais são as pessoas que ele está brincando, o que ele leva na mochila”.

Gimi afinal propôs: “Quem sabe voltarmos para as escolas técnicas para compensar este sistema atual, onde ninguém mais é reprovado de ano, e que por isso pode sair da escola sem conhecimento nem profissão”?

O vereador já executa este discurso sobre Educação faz algum tempo em seu trabalho na Câmara Municipal.

‘Onde estão os torrenses?’ Pergunta o vereador Rafael

Uma professora de uma Escola Municipal de Ensino Infantil (EMEI) disse que, para ela, o Botão de Pânico é um “ótimo instrumento de comunicação”. Disse, também, que reuniões na secretaria local já tinham auxiliado para que fosse implantada uma estratégia, buscando vigiar situações pontuais nos bairros do entorno dos colégios, buscando se adiantar aos riscos de haver algum jovem com comportamentos tendenciosos na região que tenha ligação com a escola.

A Conselheira de vários conselhos da cidade, Dona Ingrid Ehmer, sugeriu que se ensinasse a cidadania nas escolas; Gislaine Dalpiaz, da entidade “Somos Aldeia”, lembrou que os protocolos em escolas devem conter ações baseadas em pessoas portadoras de deficiência; Carla de Barros, da mesma entidade pediu mais atenção na APAE justamente por conta da inferior capacidade de raciocínio dos alunos especiais.  

O vereador Rafael Silveira aproveitou seu espaço para questionar a prova viva de um lamento seu; “Onde estão os pais de nossa cidade”? Indagou. “Mudamos o horário da Audiência Pública e o local para que não fosse em horário de trabalho, mas mesmo assim não vejo a presença de simples pais aqui”, reclamou Rafa. A seguir o vereador também comemorou a ação do Conselho Pro Segurança de Torres (Consepro) que providenciou a instalação câmeras nas escolas, o cercamento eletrônico.

 

Reclamação de falta de política pública da prefeitura

O vereador Moisés Trisch utilizou seu espaço para mostrar outro lado da questão. Para ele não se pode culpar somente questões familiares por problemas de alunos, baseados em exemplos do que acontecia em outros tempos, quando o sistema era mais disciplinado. “Nestes tempos os filhos de famílias pobres não estudavam porque não podiam”, afirmou.  O vereador disse que alguns alunos atuais, de certa forma, levam seus problemas de violência de casa para as escolas. E para o mesmo vereador, estes problemas familiares que geram violência existem por falta de atendimento pelo Estado (inclusive dos municípios).

O vereador também, de certa forma, questionou a falta de atendimento nas escolas de Torres de algumas obrigações previstas em lei –  como a necessidade de estrutura de atendimento psicológico aos alunos, por exemplo.

 

Violência contra o professor também é séria

O presidente da Comissão temática da Câmara (autora da iniciativa pela Audiência Pública), vereador Silvano Borja, utilizou também espaço de pronunciamento previamente definido para lembrar que professores de escolas públicas vêm sofrendo, de forma crescente, da falta de segurança para trabalhar nos estabelecimentos de ensino. Ele reclama de certa liberalidade que existe no sistema escolar, onde alunos muitas vezes afrontam o professor com a prática de irregularidades utilizando em alguns casos até ameaças.

Silvano citou um estudo da Organização Nova Escola onde consta que mais de 70 % das pessoas que lidam diretamente nas instituições de ensino já sofreram violência no ambiente escolar


Publicado em: Política






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