Na manhã da quinta-feira (5) por volta das 10,30 hrs teve inicio o julgamento de Carlos Flores Chaves Barcellos, conhecido como Alemão Caio, no Fórum de Torres .O ex-empresário e notório surfista (nos anos 70 e 80) é acusado de matar, a facadas, o namorado de sua ex esposa Ivanise Menezes – além de tentar matar a própria Ivanise.O crime aconteceu em 23 de maio de 2011,em Torres.A vítima fatal foi José Augusto Bezerra de Medeiros Neto,o Zeca.
O réu Alemão Caio não compareceu e sua defesa, feita por Dra Marcella Gomes, alegou problemas de saúde e que seu cliente estaria em prisão domiciliar (em uma clinica). O júri foi formado por seis homens e uma mulher – mas como foi dissolvido o Conselho de Sentença pela juíza Dra.Marilde Angélica Webber Goldschimidt, um novo Juri terá de ser chamado para o novo julgamento de Alemão Caio. A data estipulada para este novo julgamento foi o dia 13/9.
Testemunhas depõem
Foram ouvidas três testemunhas. A primeira a dar o seu depoimento foi Ivanise, que relatou aos jurados o que se passou naquela manhã de 2011,na residência onde ela ,Zeca e o filho moravam. Segundo Ivanise,ela acordou por volta de seis horas da manhã e abriu a porta de sua casa que dava para um jardim, para que o cachorro de estimação da família saísse.Neste momento, ela viu a presença de Alemão Caio já dentro do seu pátio. Ato continuo, Ele entrou dentro da casa e portava uma faca na mão. Zeca,que estava no andar de cima da casa desce a escada e escorrega em um degrau e cai, sendo então atingido por uma facada no abdômen,deferida pelo réu. Ivanise então pega um abajour pesado e golpeia Alemão Caio na cabeça ,na tentava de tirá-lo de cima de Zeca, que estava deitado no chão já bastante ferido. Na segunda tentativa de parar Alemão ,Ivanise foi ferida na perna com a faca por Alemão Caio, quando este levantou a mão para se defender .Enquanto isto ,o filho de Carlos e Ivanise ,na época com 11 anos, assistia a tudo no alto da escada -e vendo que Caio tirou algo da cintura ,gritou para a mãe que ele tinha uma pistola na mão. Caio puxou uma arma e tentou atirar na ex-esposa que estava bem na sua frente, e só não o fez pois a arma trancou e a bala não saiu. Em seguida, mãe e filho subiram e se trancaram no quarto .O menino chamou a Brigada Militar ,que veio imediatamente .
Depois do depoimento de Ivanise , foi arrolado o psiquiatra que avaliou Alemão Caio depois do delito – que atestou que o réu teria sinais de psicopatia. Por fim, ouviu-se o policial militar que foi chamado para atender a ocorrência e chegou a socorrer Zeca – mas em razão da gravidade dos ferimentos , este não resistiu e morreu. Duas testemunhas de defesa também compareceram ,mas somente se identificaram pois não foram arguidas pela defesa ,que se absteve de fazer qualquer pergunta ,alegando que não faria perguntas por conta da ausência do réu.
Promotoria pede condenação na sua totalidade
Para o Promotor de Justiça Eugenio Paes Amorim, o crime teve como motivo a não aceitação de Alemão Caio em relação ao fim do relacionamento dele com Ivanise .Para ele, o crime foi planejado ,uma vez que o réu escreveu cartas endereçada para o filho ,entrou de tocaia na residência e deixou o carro estacionado mais distante da casa. O ex-empresário e surfista Alemão Caio responde pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio duplamente qualificado e porte ilegal de arma de fogo.
O promotor pediu a condenação na sua totalidade, alegando que Alemão Caio matou o Zeca, porque ele “perdeu a ultima onda”- falou Paes Amorim, invocando a competividade no surf do réu ausente. “Foi a reação de um macho ferido que viu outro tomando o seu lugar”, continuou. Para o promotor este processo já deveria ter sido julgado, sendo por ele dito que houve, na verdade, um desrespeito por parte da defesa com a lei e com todos que ali estavam. Por fim, Paes Amorim pediu que a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) tomasse providência em relação a Defesa – que, para ele, foi desrespeitosa com a classe jurídica ao negar-se a cumprir o papel advocatício – e pediu a prisão preventiva de Alemão Caio.
A Juiza da 1ª Vara Criminal da Comarca de Torres,Dra.Marilde Angélica Webber Goldschimidt decretou a prisão preventiva ,com base no pedido do MP (Ministério Público), por conta das condutas reiteradas do réu, durante anos evitando a conclusão do processo. Designou ainda defensoria publica para Alemão Caio e estipulou o valor de 30 salários mínimos como multa para a advogada de defesa, Dra Marcella Gomes,pelo comportamento da mesma no plenário,se esquivando de seu papel na defesa. Falou ainda que o ato da não presença do réu e da atitude da defesa foi proposital, para que o julgamento não ocorresse, e que esta era uma conduta desrespeitosa com o plenário.
No fim a Juiza Goldschimidt dissolveu o Conselho de Sentença. Ficou marcada a data de do novo julgamento para o dia 13/9 ás 9h30.