Responsável pelo transporte coletivo municipal, a Torrescar estará operando, a partir do dia 1° de agosto, com tarifa de R$ 3,50, reajuste de cerca de 20%. Nos ônibus da companhia, um comunicado já vinha há algum tempo alertando os usuários do serviço sobre o aumento – que ocorreria a partir de 18/07, mas acabou sendo postergado. Mas reclamações de usuários já chegaram ao jornal A FOLHA, principalmente de que o novo valor dificultará a vida do trabalhador que se utilizam do transporte diariamente. “Tenho certeza que muitos concordam quando digo que este valor é abusivo, não condiz com a realidade de nossa cidade. Alguém que paga passagens todos os dias para trabalhar ganhando apenas um salário mínimo (R$890,00) talvez irá tirar até 160 reais de seu bolso só de passagem”, alertou Juliana, usuária do transporte coletivo torrense, que ainda ressaltou que a Prefeitura de Torres não deveria permitir este aumento .
Em maio de 2015, época em que a tarifa do ônibus custava R$2,40 em Torres, o proprietário da Torrescar, Delci Dimer, afirmou que a empresa já vinha há tempos operando em situação deficitária, e que o reajuste das passagens era algo inevitável para a manutenção do serviço, dos funcionários e da frota. Já na época ele pedia reajuste da passagem para R$3,50, mas o valor subiu para ‘apenas’ R$2,90. E agora, cerca de 2 anos depois, o preço volta a subir.
O jornal A FOLHA esteve na quinta-feira (27) conversando com Delci Dimmer, Diretor gerente da Torrescar. Ele reforçou que a tarifa não era reajustada há 2 anos, e que o aumento se deve a reposição da inflação e outros custos extras. “ E agora há, também, o aumento de combustível que deve impactar mais ainda os custos para a empresa, que vai ter de ser assumida pela Torrescar. Isso porque o reajuste foi calculado antes do aumento dos impostos nos combustíveis”.
Custos submersos
Conforme Dimmer, no mês de junho, a empresa realizou o transporte público de quase 1/3 dos passageiros de graça. São beneficiários de várias leis estipuladas no Brasil e RS – que acabam tendo de ser cumpridas também em Torres. O proprietário da Torrescar ressalta que a tarifa em Porto Alegre está R$ 4, 05, e em Torres vai ficar R$ 3,50 depois deste reajuste: ou seja: 12% mais baixa. E Porto Alegre está trabalhando para diminuir estes benefícios ( idade de idosos, capacidade de pagamento de estudantes, e número de viagens para deficientes , dentre outras), que devem impactar menos nos custos da passagem geral ( dos que pagam a conta). Em porto Alegre a 20 anos atrás a tarifa era 33% mais barata que a de Torres. Hoje se inverteu e Torres é 12% mais barata, em média.
E o poder público não paga nada por esta isenção de passageiros (usuários do transporte púbico municipal), diferente do que acham muitas pessoas. A empresa de transporte que arca com estes custos, e não consegue repassar eles na passagem, segundo explica Dimer. “Ainda por cima existem linhas ( percursos) que são deficitárias na região, mas a empresa ainda mantém estas linhas para poder servir a concessão”.
Recentemente, a Prefeitura de Torres chegou a acordo com a empresa no sentido de garantir que este reajuste também possibilite benefícios para a população com a melhoria do serviço oferecido aos passageiros.
Bilhetagem eletrônica
Mas juntamente com o aumento do valor da tarifa, Delci Dimer explica que algums benefícios também virão para os usuários da Torrescar. O reajuste vai contribuir também para que a empresa continue modernizando sua frota. Além disso há a bilhetagem eletrônica, que deverá funcionar a partir de setembro e dará melhor controle no fluxo de passageiro ( custos e benefícios,) além de o usuário poder pagar com um cartão eletrônico. Além disso, a bilhetagem eletrônica permite que a empresa e os órgão fiscalizadores tenham mais visibilidade de tudo: sabem os horários de saída, o fluxo e até o perfil dos passageiros que embarcaram no carro. “ Se um adolescente que utilizar cartão não embarcar no ônibus, os pais podem saber porque ele deve estar registrado no controle do carro em que ele usa”, ressalta Delci, que completa. ” Na Torrescar, câmaras vão fotografar as pessoas que passam na bilhetagem dentro do ônibus para a empresa e a prefeitura checarem se o cartão não está sendo emprestado para outro cidadão que não precisa da isenção ou desconto. Isto vai moralizar e diminuir custos e renúncia fiscal. Em Capão da Canoa já está funcionando”.
