Por indicação de nutricionistas, de pessoas amigas, ou por curiosidade, cada vez mais plantas antes vistas somente como ‘mato’ chegam ao prato de consumidoras e consumidores. Para grande parte deste público, o acesso às Panc – acrônimo de plantas alimentícias não convencionais – é por meio das feiras ecológicas.
“Frequento a feirinha e lá tem bastante Panc. Tendo mais acesso consigo consumir com mais frequência” diz a cliente da Feira Ecológica de Torres Caroline Pertile. Trazer mais nutrientes para alimentação é a razão principal para a psicóloga incluir Panc no feijão, na farofa, bolinhos e demais pratos que já fazem parte do cardápio diário.
“Os benefícios para a saúde e a quantidade de nutrientes que a gente absorve ao consumir Panc são muito importantes”, assinala Íris Guedes. Como exemplo, a agricultora e advogada cita a beldroega – que tem altos índices de ômega 3-, a bertalha coração – que é um super alimento contra a anemia – e compara as Panc com folhosas às quais as pessoas estão mais habituadas: “sempre digo para alguns clientes que alface é muito bom, mas muitas vezes os sais minerais, nutrientes, vitaminas que eu procuro, não vou encontrar numa alface, vou encontrar por exemplo num caruru, num picão preto, num espinafre de malabar ou numa capuchinha”.
Para Íris, além da nutrição, as Panc abraçam questões como as mudanças climáticas e a dificuldade, para a pequena agricultura familiar, de produzir determinados alimentos o ano todo. “Em virtude do agravamento dessa crise ambiental que nós estamos passando em nível mundial, esses alimentos que estão à nossa disposição, muitas vezes numa pequena hortinha ou num determinado espaço de plantio, acho que são muito importantes”.
Entrada no mundo Panc
Para a psicóloga Caroline Pertile, a entrada no mundo das Panc se deu por meio do consumo de orgânicos, há cerca de 8 anos, que a levou a pesquisar, na Internet, formas de aproveitar integralmente os alimentos. Assim ela chegou às informações sobre as plantas alimentícias não convencionais.
Já Íris herdou das avós esse conhecimento. Em feiras de outros centros urbanos conversou com feirantes que comercializavam e, num curso na cooperativa Ecotorres em 2019 com a especialista Jaqueline Durigon, retomou ainda mais o gosto pelo assunto.
Estratégias de comercialização
Um buquê com trapoeraba, serralha, caruru, espinafre de malabar combinado com uma folhosa mais tradicional, como a couve, é uma das formas que Íris e o marido Rafael Frizzo usam para incentivar a experimentação. Já na banca de Elias Stregue Evaldt, na mesma feirinha, as folhas de ora pro nobis estão em caixinhas, o caruru, alfaces e radites rústicos, em molhos. Às vezes a banca da família Fernandes tem folhas de taioba, rica em ferro e que, a exemplo de outras Panc, só pode ser consumida depois do cozimento. As cestas da Verde no Prato também oferecem itens como beldroega.
