Na última terça-feira, dia 27 de fevereiro, a Comissão de Orçamento da Câmara de Torres, presidida pelo vereador Carlos Monteiro, o Tubarão (MDB), realizou a obrigatória audiência pública para que o poder executivo apresentasse de o resultado das metas fiscais da prefeitura. Desta vez, foi referente ao terceiro quadrimestre, o que na verdade se resume no resultado TOTAL do ano passado- uma vez que três quadrimestres somam os doze meses do ano e se referem, portanto, ao balanço de receitas e despesas da municipalidade no exercício de 2017
Mais uma vez pouca gente compareceu à audiência Pública, inclusive poucos vereadores formaram o quórum, que não é obrigatório. Isto simboliza a pouca importância dada pela a sociedade aos números do balanço de utilização dos recursos financeiros públicos, ou também a falta de comunicação mais eficiente da Câmara sobre o teor e a importância da Audiência (convocada pelo poder legislativo, por força da lei).
Metas cumpridas
O total das Receitas Correntes e de Capital Líquidas previstas para o ano passado em Torres, de acordo com o Balancete da Receita, foi de R$ 146.985.263,66 (Arredondando: R$ 147 milhões). Os valores realizados corresponderam a R$ 145.504.106,91, ou seja, 98,99% da meta estabelecida. E as metas foram na maioria cumpridas. Principalmente referente aos macros indicadores, o que interessa para a estrutura orçamentária pública. Isto sugere que o planejamento de receita e despesa anterior foi feito de forma bastante realista.
Quadro de Receitas do balanço de 2017
Discriminação | Previsão Anual | Realizada no Período |
1 – Receitas Correntes | 123.933.380,25 | 126.835.741,37 |
Receita Tributária | 43.641.370,93 | 43.214.570,32 |
Receita de Contribuições | 5.994.964,84 | 6.511.593,69 |
Receita Patrimonial | 7.818.401,79 | 10.242.778,58 |
Receita de Serviços | 1.980,00 | 81.809,89 |
Transferências Correntes | 57.689.972,98 | 55.762.905,98 |
Outras Receitas Correntes | 8.751.689,71 | 11.022.082,91 |
7 – Receitas Correntes – Intra – Orçamentárias | 14.111.161,80 | 16.749.822,70 |
Discriminação | Previsão Anual | Realizada no Período |
2 – Receitas de Capital | 8.940.721,61 | 1.918.542,84 |
Operações de Crédito Internas | 2.014.762,09 | 568.592,43 |
Alienação de Bens | 49.980,00 | 44.602,32 |
Amortização de Empréstimos | 660.000,00 | 612.343,29 |
Transferências de Capital | 6.215.979,52 | 693.004,80 |
Outras Receitas de Capital | 0,00 | 0,00 |
Total da Receita | 146.985.263,66 | 145.504.106,91 |
Fonte: Contabilidade da Prefeitura Municipal de Torres.
Receita “própria” representou 30% do orçamento realizado
A Receita Tributária atingiu, ao final do quadrimestre em análise, o montante de R$ 43.214.570,32. Isto representa em torno de 30% da receita total, o que sugere que a cada 100 reais arrecadados para os cofres públicos, somente 30 são oriundos de receitas geradas por impostos locais, arrecadados na cidade (IPTU, ISSQN, dentre outros).
O IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano) arrecadou em torno de R$ 19 milhões no ano, o que representa 45% dos recursos arrecadados direto na cidade (receitas tributárias). O ITBI (Imposto sobre Transações Imobiliárias) somou R$ 8 milhões, o que representa 18% da receita própria (tributária). Esta receita (ITBI) teve um acréscimo de 24,32% em relação à igual período do exercício anterior, o que mostra aumento de transações no mercado imobiliário local no ano passado.
Em relação ao ISSQN (Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza), a arrecadação no período foi de aproximadamente R$ 5,1 milhões. Neste caso a meta foi atingida parcialmente, pois chegou só a 85% da projeção anual, que era de R$ 6 milhões. Este tributo representa bastante o panorama das operações de turismo (Hotéis, Restaurantes, lazer e etc.) e ainda representa muito pouco da receita tributária local, somente 12%. E representa menos ainda se comparado a receita total do orçamento de Torres (R$ 145 milhões), perfazendo meros 3,5%. Ou seja: De cada 100 reais arrecadados em Torres, mais ou menos 3,5 reais são oriundos do ISSQN. Isto significa em geral que há ainda muita INFORMALIDADE nas operações de serviços locais, o que sugere a necessidade de trabalhos de INCLUSÃO dos pequenos empreendedores na economia formal.
Quadro de Receitas Tributárias (locais) no ano de 2017
DISCRIMINAÇÃO | Realizada no Período |
Impostos | 37.502.696,28 |
I P T U | 19.025.921,54 |
I R R F | 5.219.189,39 |
I T B I | 8.139.580,06 |
I S S Q N | 5.118.005,29 |
Taxas | 5.711.874,04 |
Taxas p/ Exercício pelo Poder de Polícia | 1.330.251,82 |
Taxas p/ Prestação de Serviços | 4.381.622,22 |
Total das Receitas Tributárias | 43.214.570,32 |
Meta da Receita Tributária para o ano | 43.641.370,93 |
Transferências ainda são a maior receita dos cofres públicos de Torres
As transferências de recursos federais e estaduais para Torres no exercício de 2017 foram de R$ 57,7 milhões, o que representa quase 40% das receitas totais locais, 10 pontos percentuais acima das receitas próprias de Torres que foram de 30%. Estas transferências federais na maioria são referentes ao número de habitantes embora em alguns casos sejam referentes à produção local vindas do Estado do RS ( ICMS e IPVA, por exemplo).
No grupo das Transferências Correntes da União, o item mais significativo refere-se às transferências constitucionais do Fundo de Participação dos Municípios – FPM –, que realizou R$ 16 milhões, o que representa quase um terço de todas as transferências: 27%. A cota municipal de Torres sobre o ICMS (Imposto estadual sobre Circulação de Mercadorias) foi de R$ 9,5 milhões em 2017, representando em torno de 16% das transferências totais. A cota – parte do IPVA ( Imposto estadual sobre Veículos Automotores), realizou R$ 3,5 milhões.
RESULTADO ORÇAMENTÁRIO (TODAS AS FONTES DE RECURSOS), INCLUÍNDO O RPPS.
Receita Realizada | Programada no Exercício | Realizada no Período |
(1) Receita Total | 146.985.263,66 | 145.504.106,91 |
Despesa Liquidada | Programada no Exercício | Realizada no Período |
Despesas Correntes | 118.536.122,11 | 119.417.485,66 |
Pessoal e Encargos Sociais | 89.264.335,44 | 86.047.441,07 |
Juros e Encargos da Dívida | 850.000,00 | 977.175,77 |
Outras Despesas Correntes | 28.421.786,67 | 32.392.868,82 |
Despesas de Capital | 16.702.370,20 | 6.367.483,42 |
Investimentos | 11.162.859,86 | 2.245.250,56 |
Inversões Financeiras | 1.776.762,09 | 0,00 |
Amortização da Dívida | 3.762.748,25 | 4.122.232,86 |
(2) Despesa Total | 135.238.492,30 | 125.784.969,08 |
Resultado Orçamentário (1-2) | 11.746.771,35 | 19.719.137,83 |
Dados sobre despesas de Pessoal, Educação e Saúde
A Despesa de Pessoal total calculada, conforme metodologia adotada pelo Tribunal de Contas do Estado do RS (considerando os poderes executivo e legislativo), é o item mais significativo no conjunto das despesas fiscais. Conforme estabelece a Lei de Responsabilidade Fiscal, a despesa ficou abaixo do limite prudencial de 57%, apresentando, respectivamente, o limite de comprometimento de 49,41% para o Executivo e de 2,01% para o Legislativo, somando 51,41%. Isto quer dizer que para cada 100 reais líquidos de receita nos cofres de Torres, pouco mais de metade é para pagar a Folha de Pagamento dos servidores locais. Vale salientar que, em anos anteriores, o valor destinado a folha de servidores já foi maior (quase ‘estourando’ o limite prudencial)
As despesas líquidas com o item chamado de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino e FUNDEB, acumuladas no período, após os ajustes legais ficaram em 25,77% da Receita líquida de Impostos e Transferências. A lei federal exige que este gasto fique no MÍNIMO em 25% para a administração ser considerada regular. E Torres ficou em cima do limite, pois o ano é de recuperação, e gastar mais pode ser problema para as finanças públicas que estão buscando mais fôlego para pagar dívidas vindas do exercício ( legislatura) anterior.
Os gastos líquidos com saúde atingiram 15,97% da Receita Líquida de Impostos e Transferências. Observa-se, portanto, que o município utilizou o mínimo que a lei exige de investimentos nesta área: 15%. Já A Dívida Consolidada ao final de 2017 totalizou R$ 20.884.754,63, demonstrando um acréscimo de 12,71% em relação ao saldo anterior, no valor de 18.529.417,02.
Outro ponto relevante que deve ser considerado é a evolução dos restos a pagar, consolidados com insuficiência financeira nos últimos cinco anos. É que 33,37% do montante dos restos a pagar apresentam insuficiência financeira, no que tange ao exercício de 2017.