Balanço do ano de 2017 mostrou trabalho de recuperação financeira na prefeitura de Torres

Obrigações legais do balanço foram mantidas. Receita própria ainda não supera transferências de recursos, o que sugere mais esforço de fomento à economia local

2 de março de 2018

Na última terça-feira, dia 27 de fevereiro, a Comissão de Orçamento da Câmara de Torres, presidida pelo vereador Carlos Monteiro, o Tubarão (MDB), realizou a obrigatória audiência pública para que o poder executivo apresentasse de o resultado das metas fiscais da prefeitura. Desta vez, foi referente ao terceiro quadrimestre, o que na verdade se resume no resultado TOTAL do ano passado- uma vez que três quadrimestres somam os doze meses do ano e se referem, portanto, ao balanço de receitas e despesas da municipalidade no exercício de 2017

Mais uma vez pouca gente compareceu à audiência Pública, inclusive poucos vereadores formaram o quórum, que não é obrigatório. Isto simboliza a pouca importância dada pela a sociedade aos números do balanço de utilização dos recursos financeiros públicos, ou também a falta de comunicação mais eficiente da Câmara sobre o teor e a importância da Audiência (convocada pelo poder legislativo, por força da lei).

 

Metas cumpridas

O total das Receitas Correntes e de Capital Líquidas previstas para o ano passado em Torres, de acordo com o Balancete da Receita, foi de R$ 146.985.263,66 (Arredondando: R$ 147 milhões). Os valores realizados corresponderam a R$ 145.504.106,91, ou seja, 98,99% da meta estabelecida. E as metas foram na maioria cumpridas. Principalmente referente aos macros indicadores, o que interessa para a estrutura orçamentária pública. Isto sugere que o planejamento de receita e despesa anterior foi feito de forma bastante realista.

 

Quadro de Receitas do balanço de 2017
Discriminação Previsão Anual Realizada no Período
1 – Receitas Correntes 123.933.380,25 126.835.741,37
  Receita Tributária 43.641.370,93 43.214.570,32
  Receita de Contribuições 5.994.964,84 6.511.593,69
  Receita Patrimonial 7.818.401,79 10.242.778,58
  Receita de Serviços 1.980,00 81.809,89
  Transferências Correntes 57.689.972,98 55.762.905,98
  Outras Receitas Correntes 8.751.689,71 11.022.082,91
7 – Receitas Correntes – Intra – Orçamentárias 14.111.161,80 16.749.822,70

 

Discriminação Previsão Anual Realizada no Período
2 – Receitas de Capital 8.940.721,61 1.918.542,84
Operações de Crédito Internas 2.014.762,09 568.592,43
   Alienação de Bens 49.980,00 44.602,32
   Amortização de Empréstimos 660.000,00 612.343,29
  Transferências de Capital 6.215.979,52 693.004,80
Outras Receitas de Capital 0,00 0,00
Total da Receita 146.985.263,66 145.504.106,91

Fonte: Contabilidade da Prefeitura Municipal de Torres.

 

Receita “própria” representou 30% do orçamento realizado

A Receita Tributária atingiu, ao final do quadrimestre em análise, o montante de R$ 43.214.570,32. Isto representa em torno de 30% da receita total, o que sugere que a cada 100 reais arrecadados para os cofres públicos, somente 30 são oriundos de receitas geradas por impostos locais, arrecadados na cidade (IPTU, ISSQN, dentre outros).

O IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano) arrecadou em torno de R$ 19 milhões no ano, o que representa 45% dos recursos arrecadados direto na cidade (receitas tributárias). O ITBI (Imposto sobre Transações Imobiliárias) somou R$ 8 milhões, o que representa 18% da receita própria (tributária).  Esta receita (ITBI) teve um acréscimo de 24,32% em relação à igual período do exercício anterior, o que mostra aumento de transações no mercado imobiliário local no ano passado.

Em relação ao ISSQN (Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza), a arrecadação no período foi de aproximadamente R$ 5,1 milhões. Neste caso a meta foi atingida parcialmente, pois chegou só a 85% da projeção anual, que era de R$ 6 milhões. Este tributo representa bastante o panorama das operações de turismo (Hotéis, Restaurantes, lazer e etc.) e ainda representa muito pouco da receita tributária local, somente 12%. E representa menos ainda se comparado a receita total do orçamento de Torres (R$ 145 milhões), perfazendo meros 3,5%. Ou seja: De cada 100 reais arrecadados em Torres, mais ou menos 3,5 reais são oriundos do ISSQN. Isto significa em geral que há ainda muita INFORMALIDADE nas operações de serviços locais, o que sugere a necessidade de trabalhos de INCLUSÃO dos pequenos empreendedores na economia formal.

 

Quadro de Receitas Tributárias (locais) no ano de 2017
DISCRIMINAÇÃO Realizada no Período
Impostos 37.502.696,28
  I P T U 19.025.921,54
  I R R F 5.219.189,39
  I T B I 8.139.580,06
  I  S  S Q  N 5.118.005,29
Taxas 5.711.874,04
  Taxas p/ Exercício pelo Poder de Polícia 1.330.251,82
  Taxas p/ Prestação de Serviços 4.381.622,22
Total das Receitas Tributárias 43.214.570,32
Meta da Receita Tributária para o ano 43.641.370,93

 

Transferências ainda são a maior receita dos cofres públicos de Torres

As transferências de recursos federais e estaduais para Torres  no exercício de 2017 foram de R$ 57,7 milhões, o que representa quase 40% das receitas totais locais, 10 pontos percentuais acima das receitas próprias de Torres que foram de 30%. Estas transferências federais na maioria são referentes ao número de habitantes embora em alguns casos sejam referentes à produção local vindas do Estado do RS ( ICMS e IPVA, por exemplo).

No grupo das Transferências Correntes da União, o item mais significativo refere-se às transferências constitucionais do Fundo de Participação dos Municípios – FPM –, que realizou R$ 16 milhões, o que representa quase um terço de todas as transferências: 27%. A cota municipal de Torres sobre o ICMS (Imposto estadual sobre Circulação de Mercadorias) foi de R$ 9,5 milhões em 2017, representando em torno de 16% das transferências totais. A cota – parte do  IPVA ( Imposto estadual sobre Veículos Automotores), realizou R$ 3,5 milhões.

 

 RESULTADO ORÇAMENTÁRIO (TODAS AS FONTES DE RECURSOS), INCLUÍNDO O RPPS.
Receita Realizada Programada no Exercício Realizada no Período
(1) Receita Total 146.985.263,66 145.504.106,91

 

Despesa Liquidada Programada no Exercício Realizada no Período
Despesas Correntes 118.536.122,11 119.417.485,66
  Pessoal e Encargos Sociais 89.264.335,44 86.047.441,07
  Juros e Encargos da Dívida 850.000,00 977.175,77
  Outras Despesas Correntes 28.421.786,67 32.392.868,82
Despesas de Capital 16.702.370,20 6.367.483,42
  Investimentos 11.162.859,86 2.245.250,56
  Inversões Financeiras 1.776.762,09 0,00
  Amortização da Dívida 3.762.748,25 4.122.232,86
(2) Despesa Total 135.238.492,30 125.784.969,08
Resultado Orçamentário (1-2) 11.746.771,35 19.719.137,83

 

 Dados sobre despesas de Pessoal, Educação e Saúde

 

A Despesa de Pessoal total calculada, conforme metodologia adotada pelo Tribunal de Contas do Estado do RS (considerando os poderes executivo e legislativo), é o item mais significativo no conjunto das despesas fiscais. Conforme estabelece a Lei de Responsabilidade Fiscal, a despesa ficou  abaixo do limite prudencial de 57%, apresentando, respectivamente, o limite de comprometimento de 49,41% para o Executivo e de 2,01% para o Legislativo, somando 51,41%. Isto quer dizer que para cada 100 reais líquidos de receita nos cofres de Torres, pouco mais de metade é para pagar a Folha de Pagamento dos servidores locais.  Vale salientar que, em anos anteriores, o valor destinado a folha de servidores já foi maior (quase ‘estourando’ o limite prudencial)

As despesas líquidas com o item chamado de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino e FUNDEB, acumuladas no período, após os ajustes legais ficaram  em  25,77% da Receita líquida de Impostos e Transferências. A lei federal exige que este gasto fique no MÍNIMO em 25% para a administração ser considerada regular. E Torres  ficou em cima do limite, pois o ano é de recuperação, e gastar mais pode ser problema para as finanças públicas que estão buscando mais fôlego para pagar dívidas vindas do exercício ( legislatura) anterior.

Os gastos líquidos com saúde atingiram 15,97% da Receita Líquida de Impostos e Transferências. Observa-se, portanto, que o município utilizou o mínimo que a lei exige de investimentos nesta área: 15%. Já A Dívida Consolidada ao final de 2017 totalizou R$ 20.884.754,63, demonstrando um acréscimo de 12,71% em relação ao saldo anterior, no valor de 18.529.417,02.

Outro ponto relevante que deve ser considerado é a evolução dos restos a pagar, consolidados com insuficiência financeira nos últimos cinco anos. É que 33,37% do montante dos restos a pagar apresentam insuficiência financeira, no que tange ao exercício de 2017.

 

 


Publicado em: Economia






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