No dia 20 de agosto, , a Web Rádio Vale de Mampituba – sediada no Passo de Torres (em colaboração com o Jornal A FOLHA) entrevistou o boxeador Valmir Júnior, jovem de 17 anos que vem se destacando ao representar o boxe local, ao lado do seu técnico Dionatan Pacheco, coordenador do projeto ONG Construindo Gigantes, técnico da equipe de boxe torrense Gigantes do Ringue. A entrevista foi conduzida por Bryan Delfino, e tratou desde a etapa da Taça Santa Catarina de Boxe realizada no passo de Torres até o panorama de treinamento dos boxeadores da ONG Construindo Gigantes,
ENTREVISTA: Valmir Júnior/ Dionatan Pacheco
Boxeador/ Treinador da equipe Construindo Gigantes
A FOLHA/Radio VM -Pois então o Valmir Júnior faz parte dos Gigantes do Ringue, né ?
Dionatan Pacheco: Sim, o nome da equipe é Gigantes do Ringue, é a equipe da ONG Construindo Gigantes. Estão na ONG aqueles que conseguem se destacar e que fazem parte da equipe competitiva.
A FOLHA/Radio VM: Como funcionam os campeonatos? Tivemos há poucos sábados um evento aqui na Escola Nunicipal que foi a 4° etapa da copa SC. Como isso funciona ? É por pontos?
Dionatan Pacheco – Na Copa Santa Catarina são várias etapas e cada etapa o boxeador que luta acumula pontos até o final do ano;o lutador que tiver mais pontuação vai ser o campeão e assim consequentemente.
A FOLHA/RVP – E… Valmir como surgiu a tua vontade de entrar no Boxe? Lembrando que o Valmir é medalha de bronze no campeonato nacional de open boxe . Sei que você treina pra isso, mas, antes ,te imaginava ser um dos melhores da região e até do País?
Valmir Jr – Desde pequeno eu já gostava de artes marciais. Aquela coisa de criança, eu comecei a treinar com uns três anos na capoeira.Com 6 anos eu comecei um projeto da escola fazendo taekwondo. Com 8 anos passei a praticar taekwondo e boxe, participando de campeonatos de taekwondo , mas ainda não tinha idade suficiente para o boxe… Então, era só treino. Depois de um tempo comecei a me dedicar só ao boxe e o Dionatan, aqui – que é meu primo e meu professor – trouxe essa facilidade. Comecei a treinar mais e realizar o sonho de ser campeão.
A FOLHA/Radio VM:E você Sonha em sair do Brasil e lutar fora?
Valmir Jr: Sim, planejo isso. O irmão do Dionatan já treinou e já lutou (fora do Brasil).
A FOLHA/Radio VM: Como foi a sua primeira experiência no boxe competitivo? Já tinha chegado num certo ponto, em que você percebeu que estava pronto para competir?
Valmir Jr: Quando eu fiz o primeiro campeonato eu já treinava há uns três anos. Mas no primeiro campeonato eu perdi. Depois, com a experiência do primeiro campeonato, comecei a evoluir e trabalhando outros modos de treinamento. No segundo ano de competição, com guris de 15 a 16 anos, já participei do campeonato brasileiro da minha categoria . Medalhei no segundo campeonato, onde fiquei em terceiro colocado.. No terceiro campeonato brasileiroganhei o bronze novamente.
A FOLHA/Radio VM: E foi também campeão no campeonato catarinense em Camboriú?
Valmir Jr – Sim, sou tetracampeão em Camboriú
A FOLHA/Radio VM Tetracampeão!? Foi em maio, não? E como está sua colocação nesse ultimo campeonato que aconteceu em Passo de Torres, que é a quarta etapa?
Dionatan Pacheco – Nós temos um site que mostra isso tudo. Teremos mais três etapas até o fim do ano, e até o momento o Valmir é o primeiro colocado de SC – e o terceiro no RS , onde estamos começando a lutar mais agora. O ranking dele no brasileiro pode ser acessado pelo site da Confederação Brasileira de Boxe Lá você pode ver o ranking do Valmir Jr e seus resultados em todo o campeonato brasileiro.
A FOLHA/Radio VM – E aqui em Torres e no Passo de Torres? vocês veem algum outro atleta com possibilidade de se destacar como atleta, pois no ultimo evento que teve em Passo de Torres vimos muitos atletas mirins?
Dionatan Pacheco – Sim, no nosso projeto tem várias crianças que estão em um nível técnico muito elevado. Tem até um atleta que, com pouco tempo de treino, já conseguiu rivalizar com outro atleta da mesma idade – mas que já tem mais de 50 lutas. Então temos atletas de futuro promissor, como o Saimon Rodrigues.
A FOLHA/Radio VM: É. O Saimon Rodrigues é nosso melhor atleta infantil?
Dionatan Pacheco: Nosso projeto tem muitas crianças. Na equipe Naja tem o Guilherme Bueno, que tá fazendo um bom trabalho. Torres tem bastante lutadores com capacidade. Temos o Iago Machado, do infantil. Além do lazer, ainda pescamos jovens talentos do esporte.
A FOLHA/Radio VM – Entendo, além da competição tem o lazer. Em todo esporte, quando a gente deixa de se divertir ele deixa de ser um esporte saudável.
Dionatan Pacheco – Exatamente, o atleta só é atleta quando aprende a gostar do esporte.
A FOLHA/Radio VM -E como funciona a questão dos treinos?
Dionatan Pacheco – Depende de cada atleta. O Valmir, por exemplo, treina três horas e meia por dia, dentro dos treinos físicos, técnicos e táticos.
Valmir Jr – Nessas três horas e meia por dia, cerca de uma hora, ou 40 minutos mais intensos, são para trabalhar o físico.
A FOLHA/Radio VM : O cuidado com a alimentação é importante, e tem todo um preparo, não é? Sobre a luta, poderiam explicar como funciona qual preparo, regras…?
Dionatan Pacheco: No adulto de Open Boxe são três rounds de três tempos – cada um de três minutos (com um minuto de intervalo a cada tempo). O atleta só pode golpear com a parte da frente da mão, golpear na parte da face, barriga só no tronco (não pode bater nos rins, não pode bater nas costas e não pode bater abaixo da linha do calção de boxe (que tem uma tarja em cima do umbigo). Então tu não pode bater ali ou abaixo dela, porque é golpe baixo…
A FOLHA/Radio VM – Tem algumas partes que não pode segurar o adversário?
Dionatan Pacheco – Isso! Não pode segurar, que a gente chama de click – não pode segurar os braços ou segurar uma mão e bater com outra. Tem essas regras. Mas sempre tem mudanças…
A FOLHA/Radio VM – Sim, daí esporte fica mais dinâmico.
Dionatan Pacheco – Pois é, no intervalo de minuto tem a chance de se dar um panorama favorável , mostrando eventual erro do teu atleta. Aí muda o perfil do que se vai fazer-
A FOLHA/Radio VM – Em outros esportes a torcida influencia um pouco. No boxe tem essa parte mais psicológica do lutador?
Dionatan Pacheco -Sim, com certeza! O psicológico do boxeador é muito importante por que tu, que está relativamente sozinho no ringue, tipo num pedestal, onde está todo mundo te olhando. A questão psicológica pega bastante
A FOLHA/Radio VM – Pois é. Na etapa da Taça Santa Catarina de Boxe (realizada no Passo de Torres), pude perceber que, no começo do primeiro round, quando o lutador tomava uma pressão do oponente ficava muito difícil de “reverter”…
Dionatan Pacheco: Sim, tem atletas que sentem muita essa pressão e que não conseguem voltar a lutar. Ficam na base do’ já perdi’ e ficam só pelo final da luta…
A FOLHA/Radio VM – Tem também a questão dos juízes, que ficam no entorno do ringue.
Dionatan Pacheco – O cenário profissional é aquilo ali e não difere muito do amador para o profissional. A diferença de um para o outro é o aumento de quantidade de rounds no profissional, conforme o atleta é mais experiente.
A FOLHA/Radio VM- Tivemos aqui uma etapa inédita no município Passo de Torres, onde tivemos uma noção da estrutura dos campeonatos. Deu pra ver que o evento está bem estruturado, com um público à altura, muitos convidados, familiares, interessados.
Dionatan Pacheco: Esta era a intenção do evento, mostrar o Boxe para a sociedade local.Veio muita gente boa, atletas de alto nível. Por exemplo, o atleta que lutou contra o Valmir também é medalhista do campeonato brasileiro, e foi escolhido o melhor atleta brasileiro (da categoria) em 2017, em 2018 foi medalha de bronze. Tivemos o atleta Rafael , que foi prata em 2016 e, em 2017, foi medalha de bronze no continental .
A FOLHA/Radio VM – Fale-nos um pouco sobre sua Academia, Gigantes do Ringue… contatos, endereço.
Dionatan Pacheco: Nossa academia fica na Rua Elizeu Kuwer, nº 150 (no Bairro Curtume, em Torres) -mas também dou aula na academia do CAPESCA (Torres).
Como já falamos, inicialmente tem que gostar ou aprender a gostar do boxe. Depois, ir subindo os degraus do aprendizado. Uma pessoa que começa no Boxe leva em torno de 8 a 9 meses para começar a competir. O Boxe, por ser um esporte de contato que pode machucar, exige muito treino e muita disciplina. Em competições é diferente da academia, que é um local em que você está se preparando, treinando com proteção, tendo vários profissionais te ensinando e protegendo. Porém, dentro da competição, é você, o adversário e as regras.
A FOLHA/Radio VM – Pudemos percebe no evento que tivemos em Passo de Torres, o respeito do vencedor por seu adversário e vice versa…
Valmir Jr – Geralmente quem luta diz, brincando, que estamos conversando com os punhos. Querendo ou não, colocamos as nossas emoções nos punhos, mas depois continuamos amigos. O Thiago, meu adversário nessa competição que tivemos no Passo de Torres, nos conhecemos lutando e nos damos muito bem. Terminou, bateu o gongo, nos respeitamos muito
A FOLHA/Radio VM – Além de ser um esporte de contato tem toda a instituição e equipe. OK. Então encerrando esta entrevista, agradecemos ao Dionatan Pacheco e Valmir Jr pela presença e explicações sobre este esporte.
Valmir Jr – Deixo aqui meu Instagram @valmirjuniorbx … La que postamos sobre treinamentos e lutas.
Dionatan Pacheco: Agradecemos o espaço. Meu Instagram é @dionatanpacheco4 e no facebook Gigantes do Ringue. Quem quiser nos contatar ou apoiar estamos à disposição e quem quiser conhecer nosso trabalho e acompanhar os treinos estamos de portas abertas Enfim…. Estamos prontos para mostrar que o boxe é muito mais que violência, é esporte!