Uma camiseta com frases escritas à mão foi encontrada pela Polícia Penal após inspeção na cela de Deise Moura dos Anjos. Na mensagem, a mulher se declara inocente. Na mensagem, ela disse “pagar pelo erro dos outros”. Ela foi encontrada morta dentro da Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba, na quinta-feira (13).
De acordo com a Polícia Civil, alguns papeis com rabiscos e cartas também foram deixados pela suspeita. Os documentos serão analisados pelas autoridades e podem ser incluídos como provas no inquérito.
Deise é suspeita de envenenar com arsênio a farinha utilizada em um bolo consumido por familiares do marido dela em Torres, no Litoral Norte do RS, na antevéspera de Natal.
A polícia também investiga a morte do sogro dela, que morreu em setembro de 2024, após consumir bananas e leite em pó levados à casa dele pela nora. A exumação do corpo apontou a presença de arsênio no seu corpo.
A mulher estava presa temporariamente desde 5 de janeiro. Ela ficou um mês no Presídio Estadual Feminino de Torres. A prisão foi prorrogada pela Justiça e, em 6 de fevereiro, ela foi transferida para Guaíba por questões segurança.
Deise estava sozinha na cela e usava o uniforme de detenta. As circunstâncias da morte serão apuradas pela Polícia Civil e pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP). A corregedoria geral do sistema penitenciário instaurou uma investigação interna para apurar se houve algum tipo de falha.
Até o momento, não se tem conhecimento de qualquer comunicado da apenada ou de sua defesa sobre risco de suicídio.
O corpo de Deise foi liberado pelo Instituto Médico Legal (IML) na noite de quinta. O velório ocorreu na manhã desta sexta-feira (14), em uma cidade da Região Metropolitana. A cerimônia foi restrita a poucas pessoas.
Presídio teria sido avisado de riscos
Os advogados de Deise afirmam que haviam informado à direção da penitenciária dos riscos. A defesa também diz que fez vários requerimentos para que a mulher recebesse atendimento médico e psicológico, principalmente depois que foi transferida para Guaíba. A Polícia Penal não confirma os contatos.
A instituição afirma que Deise “recebeu três atendimentos psicológicos na Penitenciária de Guaíba, além de dois atendimentos com a equipe de saúde”. Informou ainda que três psicólogos fazem o atendimento, e que “a rotina de inspeção é permanente”, com revistas diárias nas celas.
A cela que Deise ocupava tinha cama, vaso sanitário, chuveiro e pia, além do uniforme prisional, roupas de cama, livros, cartas e objetos de higiene pessoal que não ofereciam riscos, segundo a instituição.
Isolamento
A defesa de Deise informou que a polícia havia pedido a conversão da prisão temporária em prisão preventiva na terça-feira (11). O pedido havia sido aceito pelo Ministério Público e estava em análise pela Justiça. Caso fosse concedido, Deise iria sair da cela em que estava em isolamento e seria colocada em uma galeria com outras detentas. Segundo a defesa, ela teria manifestado preocupação com a própria segurança caso isso acontecesse.
Nota da Polícia Penal
A Polícia Penal informa que a apenada Deise Moura dos Anjos recebeu três atendimentos psicológicos na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba, além de dois atendimentos com a equipe de saúde. Na unidade, três psicólogos estão lotados para fazer atendimento.
Informa ainda que a rotina de inspeção é permanente, com a presença de servidores da Polícia Penal próximos às celas. Assim como em outras unidades prisionais, são feitas conferências em diversos momentos durante o dia. Além disso, agentes penitenciários realizam revistas diárias nas celas.
Cabe destacar que, desde 2019 até o final deste Governo, será investido R$ 1,41 bilhão de reais na reestruturação do sistema prisional gaúcho, viabilizando assim a construção de novas unidades prisionais, aquisição de equipamentos e novas tecnologia. Além disso, foram nomeados, desde 2019, mais de 3900 servidores para a Polícia Penal.