Cidades que aderiram aos fogos de artifício silenciosos podem inspirar Torres a estudar o assunto

Florianópolis, já neste Reveillón terá show de fogos sem tanto barulho. Prefeito de Torres não descarta estudar assunto para anos futuros

28 de dezembro de 2018

 

A vitória de um time de futebol no primeiro semestre do ano quase levou para sempre a cadelinha Dayla.  Não fosse a determinação da tutora Samara Teixeira de Vargas e o choro das filhas pequenas, talvez a pet de 11 anos – que nunca havia fugido – ficaria perdida até morrer de fome ou doença. “Nós não estávamos em casa e teve uns fogos, acho que de jogos. Ela ficou assustada e acabou, num desespero, saindo pela grade”, conta a enfermeira esteta.

Samara já tinha quase perdido as esperanças, mas continuou compartilhando nas redes sociais. O final feliz aconteceu quatro dias depois, graças a um casal e aos seguranças do condomínio Ilhas Park. Eles reconheceram Dayla e ligaram para a tutora. Assustada, a cachorrinha ainda fugiu mais uma vez, mas os seguranças e o casal a encontraram de novo. “Acredita que nem o casal nem os seguranças aceitaram a recompensa? Eles disseram que o amor e a alegria que um bichinho de estimação traz pra uma família não tem preço”, recorda, emocionada, a tutora.

A história de Dayla é uma entre tantas de animais que fogem, sofrem acidentes, se auto-mutilam, e até brigam por causa do barulho dos fogos de artifício. A cadela Costelinha por exemplo, tem uma jaula de onde não tem como escapar, e, mesmo com a tutora Marlene Porto dentro da jaula, fica tentando se ferir. “O que a gente faz além da jaula é ficar junto e deixar um som ligado, um tanto alto, não muito, porém o tanto alto pra amenizar o barulho dos fogos. E isso pode ser feito sempre que sair de casa, porque nunca se sabe quando pode ter fogos”, diz a voluntária da Associação Torrense de Proteção aos Animais (ATPA) Maria do Carmo Fontan.

 

Como ajudar os pets durante os fogos

 

A protetora Nayra Cantergiani recorre às essências de flores usadas no tratamento complementar de doenças psicológicas e emocionais. “Dou floral, umas quatro gotas três vezes ao dia. Durante os fogos ela liga a TV, fecha as janelas, escurece o ambiente,  faz uma  “toca” – abrindo um cobertor  sobre uma cadeira ou mesa – e fica junto, calma, fazendo alguma atividade.  A voluntária da ATPA Aline Guimarães Dias coloca todos os pets para dentro de casa e deixa eles se esconderem onde quiserem.

Thaís Lavarda do Nascimento, da clínica Vet Care, explica o porquê dessa sensibilidade: “os cães têm o ouvido muito mais sensível que os humanos, escutam muito mais vezes, tanto a vibração quanto o som em si e por isso se assustam”. Segundo a veterinária, há, atualmente no mercado, substâncias hormonais que provocam bem-estar no animal, “não são medicamentos em si, são apenas hormônios que não acarretam nada no animal, mas também proporcionam a questão do bem-estar”. Esses fármacos porém, só podem ser administrados após uma consulta de avaliação e, para ter maior efeito, devem ser utilizados um mês antes de eventos com fogos.

 

Cães comunitários protegidos em lar temporário

 

Algumas ou todas essas medidas podem ser adotadas para quem tem pets em casa. Quanto aos animais de rua, Thaís observa que teriam que ficar protegidos, porque se assustam. “Quem consegue abrigar, deve fazer isso para proteger eles”. A veterinária recomenda a quem puder abriga-los durante as festas, acomodá-los separados – no caso de mais de um animal -, para evitar brigas. Também cita o exemplo de Florianópolis, que já neste Reveillón terá show de fogos sem barulho. Outras cidades como Criciúma (que proibiu fogos de artifício com ruídos) e Joinville também legislaram mudanças em prol de fogos mais ‘harmoniosos’.

Questionado sobre a possibilidade de Torres seguir o exemplo de Florianópolis e outras cidades que estão optando por fogos silenciosos, o prefeito Carlos Souza ponderou que essa avaliação depende de questões técnicas. “Me pergunto, no caso do município aderir a essa ideia, como ficaria a cidade como um todo que comemora com fogos na forma usual? Tem que se avaliar o conjunto que envolve a decisão”. Para os próximos anos, o prefeito não descarta estudar o assunto.


Publicado em: Geral






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