Após o sucesso de crítica e público de “Tudo sobre Minha Mãe” (1999) e “Fala com ela” (2002) – considerados por muitos o auge artístico do autor e já exibidos pelo Cineclube Torres em passado – Almodóvar apresentou em 2004 o filme “Má Educação”, cujos contornos autobiográficos do enredo nunca chegaram a ser confirmados plenamente: de qualquer modo, nas palavras do diretor, o filme representa um “acerto de contas com minha própria história”. O obra será exibida na segunda dia 10, às 20h, na Sala Audiovisual Gilda e Leonardo (na escola Up Idiomas, Rua Cincinato Borges 420, Torres.
A sessão, com entrada franca, integra o ciclo queer “O amor tem todas as cores” na programação continuada de segundas feiras na Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, realizada pelo Cineclube Torres, associação sem fins lucrativos em atividade desde 2011, Ponto de Cultura certificado pela Lei Cultura Viva federal e estadual, Ponto de Memória pelo IBRAM, contando para isso com a parceria e o patrocínio da Up Idiomas Torres.
Sobre o filme
O filme abrange três décadas diferentes, desde o franquismo dos anos 60 até a época da movida da década de 80, já em período da redemocratização, acompanhando ao longo desse tempo uma amizade conturbada de seus protagonistas.
Um velho amigo entrega a um cineasta em crise criativa (Enrique Goded, interpretado por Fele Martinez) um roteiro baseado na adolescência dos dois, em um internato católico, onde eles descobriram a amizade, o amor e a arte cinematográfica, mas também a submissão e o abuso. Alternando passado e presente, o roteiro faz Enrique refletir sobre os efeitos em sua vida da repressão sexual sofrida enquanto criança e adolescente.
“É um film noir, ou, pelo menos, gostaria de considerá-lo assim. O gênero noir admite bem a mistura com outros gêneros, sempre que a narração respire esse ar fatal, sem o qual o negro seria cinza. No noir pode não haver polícia nem armas, nem sequer violência física, mas tem de haver mentiras e fatalidade, qualidades que normalmente uma mulher encarna: a femme fatale.” (P.Almodóvar)
Nesse caso, o papel de femme fatale cabe a um antológico e camaleônico Gael Garcia Bernal, que assume vários papeis ao longo da estória, muitas vezes deixando o público em dúvidas sobre sua real identidade e seu papel no complexo enredo.