“Organização sem fins lucrativos, fundada em 1999 por um grupo de pessoas unidas pelo desejo de cuidar da natureza, em especial da lagoa do violão, do Rio Mampituba e das questões relativas ao lixo urbano. (…)”
A ONG torrense ONDA VERDE comemora mais um ano de vida, atividades e consciência ecológica neste dia 13/05. Sempre uma oportunidade para se falar não só desta entidade civil do empreendedorismo coletivo, como para refletir sobre o significado da “sustentabilidade”
Em 1998 começaram o processo de organização jurídica do grupo, que passaria a formar a ONG. Aconteceu então um concurso para criar a logo marca da Onda Verde. Participaram do concurso as escolas Marcílio Dias, Jorge Lacerda e São Domingos. O desenho da aluna Paula Medeiros Neves, estudante da 8ª Série, da escola são domingos foi o vencedor. Ela procurou colocar os elementos da natureza: terra na cor marrom, a água e o céu em tom azul, como onda, o verde representando as plantas e demais seres vivos. Faltou o sol. Depois foi sendo alterado e entrou o amarelo, no círculo, representando possivelmente, o sol. Nesse ano e no ano seguinte, aconteceram reuniões, geralmente na casa de amigos, para fundar a ONG. São Sócios Fundadores: Remo e Loreni John, Leonila Quartiero Ramos, Benedito Salvador Ataguile, Nabor de Azevedo Guazzelli, Lenira Medeiros Neves, Maria de Fátima S. Cechin, entre outros.
As primeiras ações foram: construir o estatuto, plantar árvores nativas, principalmente ao redor da lagoa do violão e realizar palestras nas escolas. Com o passar do tempo se agregaram outras pessoas formando um grupo de associados multidisciplinar, disposto a tocar o projeto inicial e ampliar as ações da ONG. (…)”
CONSERVACIONISMO X SUSTENTABILIDADE
A questão da Natureza em suas relações com a Filosofia, a Ciência e a Sociedade vem dos primóridios da civilização, num tempo em que o ancestral humano era uma de suas dimensões. Thomas Kesserling, num artigo clássico – O CONCEITO DE NATUREZA NA HISTÓRIA DO PENSAMENTO OCIDENTAL, identifica cinco fases nestas relações, desde os gregos clássicos, até hoje.. Em cada uma delas o autor identifica quatro aspectos: o lugar do Homem na Natureza, a práxis nas relações com ela, a autoconcepção das Ciências Naturais , o triânguo Deus-Homem-Natureza. Não vamos detalhar cada uma destas etapas, apenas fazer ligeira menção.
Os gregos tomavam a Natureza (Physis), como eterna mas sempre sujeita ao desvanecimento, morte e repetição, como contraposta à Arte e Artesanato (tecne, que dará origem ao nosso termo técnica).
Na Idade Média o Ocidente será dominado pela Cristandade, cujas raízes estão no Oriente, passando a Natureza à ideia básica de Criação. Nesta concepção o mundo não é imutável, tem princípio e fim, e um Criador.
No século XII Santo Tomaz de Aquino tenta fazer uma síntese entre o entendimento clássico e cristão sobre a Natureza, mas manteve a ideia de que o ser humano era dotado de physis, pelo seu livre arbítrio, cujo comando era, contudo, de Deus. “Com isso mudou a imagem da Natureza fora do Homem, assim como a imagem da Natureza dentro do Homem” (cit). Com isso a Natureza ganhou um sentido normativo que acabou se expressando tanto no entendimento da Arte como sua imitação, como a abertura para a discussão sobre Direito Natural que irá amadurecer no século XVI, no preâmbulo da distinção do homem como sujeito de dignidade e Direitos Humanos.
No começo da Idade Moderna o aprofundamento da tradição experimental, ainda embebida em magia, ocultimos e Sociedades Secretas a salvo da Igreja, da qual Galileu é um arauto e sobrevivente, e Nicolau Cusano (1401/1464), o principal intérprete, culminou na Nova Ciência da Natureza: “”Medir o que se pode medir e tornar mensurável aquilo que não o é”.
Entre final do século XVII e meados do século XX as engrenagens da economia movida pela engenharia das máquinas a vapor e da eletricidade, alteram a relação Natureza/Homem em decorrência da subordinação cada vez maior da primeira aos imperativos da industrialização, numa crescente separação dos imperativos éticos e mesmo práticos sobre o equilíbrio destes dois momentos do UNIVERSO.
José Lutzemberger
José Lutzemberger percebeu cedo esta ruptura do par Natureza/Homem ao perceber a explosão demográfica de 1,2 bilhão de habitantes, vértice de 10mil anos de civilização, para mais de 5 bilhões em meados do século XX e apontou para a ameaça à sobrevivência da natureza, daí despontando em nossa região uma precoce consciência ecológica. Em 1992, esta nova consciência já ocupava importante lugar na Academia, nos Governos Ocidentais e ONGs vindo a selar, na ECO RIO, a compreensão de que era imperioso mudar o rumo do crescimento de forma a moldá-lo pelo princpio da sustentabilidade. Este conceito difere um pouco dos antigos conservacionistas, decisivos nos últimos 200 anos pela atenção à criação de Parques e Hortos Florestais e Reservas Naturais. A SUSTENTABILIDADE contemporânea atua por dentro do conceito de desenvolvimento, obrigando-o a contabilizar os custos ambientais de suas projeções de forma a garantir não só a sobrevivência da vida humana, como, também a vida no planeta, com base em três pautas: NATUREZA – SOCIDADE- TECNOLOGIA. Desde então, só se justifica o crescimento econômico desde que assegure, simultaneamente o equilíbrio da natureza e sociedade, mediante desenvolvimento de tecnologias apropriadas que assegurem o aumento da produtividade sem destruição do homem e do meio, do qual faz parte.