A memória da Onda Verde em Torres

A entidade torrense ONDA VERDE comemora mais um ano de vida, atividades e consciência ecológica neste dia 13/05. Sempre uma oportunidade para se falar não só desta entidade civil do empreendedorismo coletivo, como para refletir sobre o significado da “sustentabilidade”

13 de maio de 2022

“Organização sem fins lucrativos, fundada em 1999 por um grupo de pessoas unidas pelo desejo de cuidar da natureza, em especial da lagoa do violão, do Rio Mampituba e das questões relativas ao lixo urbano. (…)”

A ONG torrense ONDA VERDE comemora mais um ano de vida, atividades e consciência ecológica neste dia 13/05. Sempre uma oportunidade para se falar não só desta entidade civil do empreendedorismo coletivo, como para refletir sobre o significado da “sustentabilidade”

Em 1998 começaram o processo de organização jurídica do grupo, que passaria a formar a ONG. Aconteceu então um concurso para criar a logo marca da Onda Verde. Participaram do concurso as escolas Marcílio Dias, Jorge Lacerda e São Domingos. O desenho da aluna Paula Medeiros Neves, estudante da 8ª Série, da escola são domingos foi o vencedor. Ela procurou colocar os elementos da natureza: terra na cor marrom, a água e o céu em tom azul, como onda, o verde representando as plantas e demais seres vivos. Faltou o sol. Depois foi sendo alterado e entrou o amarelo, no círculo, representando possivelmente, o sol. Nesse ano e no ano seguinte, aconteceram reuniões, geralmente na casa de amigos, para fundar a ONG. São Sócios Fundadores: Remo e Loreni John, Leonila Quartiero Ramos, Benedito Salvador Ataguile, Nabor de Azevedo Guazzelli, Lenira Medeiros Neves, Maria de Fátima S. Cechin, entre outros.

As primeiras ações foram: construir o estatuto, plantar árvores nativas, principalmente ao redor da lagoa do violão e realizar palestras nas escolas. Com o passar do tempo se agregaram outras pessoas formando um grupo de associados multidisciplinar, disposto a tocar o projeto inicial e ampliar as ações da ONG. (…)”

 

 CONSERVACIONISMO X  SUSTENTABILIDADE  

 

A questão da Natureza em suas relações com a Filosofia, a Ciência e a Sociedade vem dos primóridios da civilização, num tempo em que o ancestral humano era uma de suas dimensões. Thomas Kesserling, num artigo clássico – O CONCEITO DE NATUREZA NA HISTÓRIA DO PENSAMENTO OCIDENTAL, identifica cinco fases nestas relações, desde os gregos clássicos, até hoje.. Em cada uma delas o autor identifica quatro aspectos: o lugar do Homem na Natureza, a práxis nas relações com ela, a autoconcepção das Ciências Naturais , o triânguo Deus-Homem-Natureza. Não vamos detalhar cada uma destas etapas, apenas fazer ligeira menção.

Os gregos tomavam a Natureza (Physis), como eterna mas  sempre sujeita ao desvanecimento, morte e repetição, como contraposta à Arte e Artesanato (tecne, que dará origem ao nosso termo técnica).

Na Idade Média o Ocidente será dominado pela Cristandade, cujas raízes estão no Oriente, passando a Natureza à ideia básica de Criação. Nesta concepção o mundo não é imutável, tem princípio e fim, e um Criador.

No século XII Santo Tomaz de Aquino tenta fazer uma síntese entre o entendimento clássico e cristão sobre a Natureza, mas manteve a ideia de que o ser humano era dotado de physis, pelo seu livre arbítrio,  cujo comando era, contudo,  de Deus. “Com isso mudou a imagem da Natureza fora do Homem, assim como a imagem da Natureza dentro do Homem” (cit). Com isso a Natureza ganhou um sentido normativo que acabou se expressando tanto no entendimento da Arte como sua imitação, como a abertura para a discussão sobre Direito Natural que irá amadurecer no século XVI, no preâmbulo da distinção do homem como sujeito de dignidade e Direitos Humanos.

No começo da Idade Moderna o aprofundamento da tradição experimental, ainda embebida em magia, ocultimos e Sociedades Secretas a salvo da Igreja, da qual Galileu é um arauto e sobrevivente, e Nicolau Cusano (1401/1464), o principal intérprete, culminou na Nova Ciência da Natureza: “”Medir o que se pode medir e tornar mensurável aquilo que não o é”.

Entre final do século XVII e meados do século XX as engrenagens da economia movida pela engenharia das máquinas a vapor e da eletricidade, alteram a relação Natureza/Homem em decorrência da subordinação cada vez maior da primeira aos imperativos da industrialização, numa crescente separação dos imperativos éticos e mesmo práticos sobre o equilíbrio destes dois momentos do UNIVERSO.

 

José Lutzemberger

 

José Lutzemberger percebeu cedo esta ruptura do par Natureza/Homem ao perceber a explosão demográfica de 1,2 bilhão de habitantes, vértice de 10mil anos de civilização, para mais de 5 bilhões em meados do século XX e apontou para a ameaça à sobrevivência da natureza, daí despontando em nossa região uma precoce consciência ecológica. Em 1992, esta nova consciência já ocupava importante lugar na Academia, nos Governos Ocidentais e ONGs vindo a selar, na ECO RIO, a compreensão de que era imperioso mudar o rumo do crescimento de forma a moldá-lo pelo princpio da sustentabilidade. Este conceito difere um pouco dos antigos conservacionistas, decisivos nos últimos 200 anos pela atenção à criação de Parques e Hortos Florestais e Reservas Naturais. A SUSTENTABILIDADE contemporânea atua por dentro do conceito de desenvolvimento, obrigando-o a contabilizar os custos ambientais de suas projeções de forma a garantir não só a sobrevivência da vida humana, como, também a vida no planeta, com base em três pautas: NATUREZA – SOCIDADE- TECNOLOGIA. Desde então, só se justifica o crescimento econômico desde que assegure, simultaneamente o equilíbrio da natureza e sociedade, mediante desenvolvimento de tecnologias apropriadas que assegurem o aumento da produtividade sem destruição do homem e do meio, do qual faz parte.




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