Uma diferença básica entre governos de esquerda (como o que temos no Brasil agora) e governos mais liberais é a forma de enxergar o tratamento para com a sociedade no que diz respeito ao balanço entre responsabilidade individual e responsabilidade coletiva.
Não vejo como positiva, por exemplo, a assunção da responsabilidade do estado para algumas questões individuais. Acho que, como na educação em casa, as pessoas devem perder direitos de maiores proteções aos 16 anos. E em alguns casos, não se pode trabalhar com a possibilidade da pessoa não ser responsável por suas escolhas, livres escolhas. Proteger depois dos 16 anos, pra mim, só quem se considerar doente, portador de deficiência física ou intelectual. Ou não?
O Estado (que somos nós – a sociedade, na prática) não deveria proteger tanto as pessoas porque, se proteger muito, estas correm o risco de não aprenderem a ser autônomas e não adquirirem experiência para tomar decisões certas, correndo os riscos que elas próprias calcularem. Não dá para eliminarmos todos os riscos no ambiente coletivo. E não é didático, tão pouco…
Por exemplo, o Estado não pode ser responsabilizado quando uma criança consome bebida alcóolica à noite, nem responsabilizar somente o estabelecimento que vendeu. A família tem que ser responsabilizada e o jovem adolescente ser também punido para que, a seguir, não faça coisas desaconselhadas (como fizeram alguns jovens que estavam no fatídico caso da ponte pênsil no carnaval, uns poucos que queriam chacoalhar e balançar demais em uma ponte pênsil lotada, que foi feita para atravessar e não para fazer festa de carnaval).
Infelizmente, quando há venda de bebida alcóolica para jovens à noite, os pais ficam como vítimas da sociedade, quando em muitos casos são os verdadeiros culpados juntamente com o menor (que ilegalmente bebeu e saiu à noite, sem estar acompanhado). Pra mim esta vitimização da família gera riscos dos adolescentes pensarem que não serão nunca responsáveis por suas escolhas. O que é ruim para uma nação que pretende ser civilizada e ter seus cidadãos bem cientes de suas responsabilidades na vida, para que possam usufruir de suas liberdades.
CULPA É DE QUEM? 2
Não dá para querer culpar o Estado por um acidente veicular de choque frontal, em estrada de duas mãos, porque um veículo resolveu ultrapassar e não viu que vinha outro carro não mão oposta, o que causou o acidente. Não dá para exigir que todas as estradas não tenham mais mão dupla, trata-se de uma utopia. Portanto, podem-se sugerir melhorias, mas penso não ser correto simplesmente culpar.
Se o Estado for entendido como responsável por tudo, as pessoas vão deixar de tomar cuidados nas horas de decisão. Uma criança de 3 anos não pode ser deixada sozinha para atravessar uma via. Mas um adolescente de 16, em minha opinião, não só pode como deve. A obrigação das famílias e do estado é a de preparar as crianças para que sejam capazes e autônomas para assumirem sua maioridade. Se não, serão pessoas dependentes, eternamente. Minha opinião, mesmo sabendo que a própria lei no Brasil dá ao Estado mais obrigação do que deveria (para minha forma de pensar, é claro, democraticamente).
E O TOMBO NO CAMINHO DA SANTINHA?
Esta semana uma pessoa caiu um tombo quando andava de bicicleta no Caminho da Santinha. Reclames de políticos em redes sociais acusaram a prefeitura de Torres por não ter providenciado guardas-corpos (muretas) na via para PEDESTRES que entornam o Morro do Farol, na divisão entre a Praia da Cal e a Prainha.
Acho eu, humildemente, que a necessidade de mureta no caminho é mais uma questão de conforto do que de segurança. É claro que se houver uma espécie de corrimão cercado, um muro de concreto ou coisas similares fica mais seguro caminhar no lugar. Mas o caminho existe há anos e poucos acidentes por lá ocorreram.
Há de se pensar se vale a pena descaracterizar a rusticidade do lugar em nome de mais conforto no fluxo de passantes pelo Caminho da Santinha. Já foi colocado cimento no governo Cafrune (antes era de saibro), depois foi reformado e iluminado no governo atual. Colocar uma mureta ou coisa que o valha será mais um custo e mais um impacto na rusticidade, além de ser prato cheio para depredadores. Mas pode ser pensado… como melhoria, não como obrigação.
O que não se pode em minha opinião é colocar o cúmulo da segurança como base em qualquer lugar. Se for assim, temos de cercar o Morro do Farol (Perigo de Vida), o Morro das Furnas (mais perigo ainda) e todo o Rio Mampituba…. e por aí vai
Pessoas devem ser responsáveis por si próprias quando andam nos lugares. Atravessar a rua sem olhar, andar de bicicleta em locais perigosos (como o Caminho da Santinha), dentre outros, se trata de conscientizar os que se arriscam… mas não proibir.
ACIDENTES ACONTECEM…
Quando uma pessoa cai em casa e quebra uma perna, aconteceu um acidente. A menos que alguém tenha propositalmente espalhado cascas da banana pelo chão para causar o acidente. A maioria dos casos pode alertar para que tenhamos que colocar corrimãos para idosos, avisos no chão quando se está molhado (como existe), é prudente. Não podemos achar culpados para tudo. A maioria das vezes que acontecem coisas com a gente a culpa na verdade acaba sendo a nossa.
Quando um avião cai e mata pessoas, não podemos sempre culpar diretamente a companhia aérea, nem o piloto. Em minha opinião, só há culpa em acidentes se houver dolo, ou seja, se o acidente for planejado, ou se há fortíssima incompetência. Não podemos culpar alguém quando somos vítimas de um acidente. Há de se verificar se não há descumprimento na lei de forma radical para entrar nesta linha.
Outro exemplo: parto do princípio que nenhum empresário de gastronomia quer servir comida estragada para seus clientes em seu estabelecimento. Ao contrário, evita que isto ocorra, sob pena de ser taxado de restaurante perigoso, o que é o começo do fim para ele. Então, em minha opinião não deveriam ter normas de prevenção ao risco de servir comida estragada que inclusive proíbem atualmente podem proibir um restaurante de pescar uma Tainha no mar e servir em seu estabelecimento ao meio dia, após ser limpa. A lei obriga que os restaurantes comprem a Tainha de empresas que recebem o carimbo da Saúde. Uma burocracia boba, que serve para quase nada.
Parto do princípio de que, se uma pessoa passa mal em um restaurante, já existe lei para que esta processe o estabelecimento, desde que comprove que não foi só ela que passou mal. E tenho certeza que o restaurante não tem nenhum interesse que isto aconteça, sob pena de perder clientela e consequentemente sua sustentabilidade de negócio. Estas burocracias serve mais para dar emprego e renda para servidores públicos de todas as esferas, na minha opinião.
Em um manicômio, não se oferece garfo nem faca aos pacientes, pelo risco de serem usados para se machucar ou machucar o colega de internação. Isto não quer dizer que deveríamos proibir a faca e o garfo nos restaurantes pelo mesmo motivo. Estes são em geral ocupados por clientes que sabem bem seus direitos e deveres, pelo menos deveriam saber. Mas acidentes existem…