O valor arrecadado por impostos e que representa quase 40% de tudo que produzimos no país está sendo gasto para pagar somente o custo da máquina estatal. Quase nada sobra nos três níveis do sistema de administração pública – Federal, Estadual e Municipal, para que tenhamos o verdadeiro resultado : investimento em progresso.
Por mais que tenha de haver necessárias mudanças na distribuição dos impostos, dando mais autonomia para municípios, os três poderes deveriam fazer, antes de tudo, uma reflexão e mudar o jeito de administrar o dinheiro dos outros: o nosso.
Não dá para convivermos com estas imoralidades nos salários e mordomias das cúpulas dos três poderes. Não dá apara convivermos com um sistema público que paga salários maiores para servidores e quando o resultado disto é inverso: são necessários três funcionários públicos para fazer o que um funcionário privado faz.
Não dá para ver os nossos jovens vendo na carreira pública a forma mais fácil de ganhar bem , por conta dos salários acima da média em relação a iniciativa privada. Isto faz com que percamos cabeças maravilhosas que poderiam estar criando e empreendendo na iniciativa privada, mas ,preferem fazer concurso e serem burocratas bem pagos no sistema público.
Adequação moral II
Precisamos de uma adequação MORAL de nossos representantes da política. O certo seria que estes dados de baixa produção fossem inversos do que constatamos. Trabalhar com o dinheiro dos outros (caso da Coisa Pública) deveria exigir que a produtividade fosse MAIOR do que a privada. Isto por si só diminuiria pelo menos em UM TERÇO a necessidade de pessoal na administração pública. Ou seja, pelo menos o servidor público renderia o mesmo que o privado. Pelos menos teríamos um exemplo para a sociedade, o que deveria ser OBRIGAÇÃO para os que trabalham, ganham, se aposentam e aposentam pensionistas, tudo com o dinheiro cobrado do trabalho de quem não está no setor público, o sistema produtivo.
Adequação moral III
Ter carros com motoristas para funcionários é coisa do “Board” de empresas privadas. Presidentes e altas diretorias, 0,05% dos casos no Brasil. Mas no setor público é normal vermos frotas de veículos sendo renovadas, que necessitam de motoristas particulares (não sei o porquê) para dirigir o veículo em cidades que sequer tem dinheiro para tapar um buraco em uma rua, lá há semanas… Por quê? Lá em Brasília é pior ainda. Qualquer diretor de ministério tem um carrão pretão grande e caro, com motorista à sua disposição.
Ter premiações por biênios, triênios, licença prêmio e outros benefícios sociais A MAIS do que os já caros benefícios exigidos pela lei trabalhista brasileira também é um vantagem singular do servidor público. Por quê? São pessoas diferentes de seus pares de sociedade? Se houvesse diferença institucional entre funcionário público e funcionário privado, a diferença de ganhos da sociedade deveria ser a favor do privado, acho… Não parece mais coerente?
Adequação moral IV
O servidor público não tem culpa de nada disto. Ele está utilizando a regra do jogo, embora alguns exagerem e passem o tempo todo jogando com o regulamento embaixo do braço para não perder as várias vantagens que possuem.
O errado aí é a lei que fundamenta o trabalho no setor público. E estas leis são feitas por políticos que estão no Congresso Nacional, por isso nossa responsabilidade de cobrança para que eles comecem a mudar a lei, urgente!
O servidor da prefeitura, do governo estadual, do governo federal, em ambos os poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) não podem ser culpados pessoalmente por estarem ocupando uma função que está pesando nos ombros da sociedade muito mais do que merece e muito mais do que a sociedade poderia aguentar.
A própria consciência de alguns funcionários públicos deve incomodar um pouco quando são visíveis as diferenças em prol da categoria. Mas a culpa não é deles. É da sociedade representada pela democracia representativa: o Congresso Nacional, as Câmaras Municipais e as Assembleias Legislativas dos Estados, eleitos com o nosso voto.
Adequação moral V
A sociedade é laica na Constituição. Mas todos os feriados religiosos (oficiais e oficiosos) têm ponto facultativo em todas as repartições públicas. No setor privado, os feriados só existem quando são OFICIAIS. E não existe ponto facultativo, porque é uma piada achar que algum ser humano vai pedir para que uma repartição pública abra para ele bater o ponto se souber que ganhará àquele dia de trabalho sem trabalhar.
Então, por que esta diferença entre o servidor público e o trabalhador privado? Por que o trabalhador normal tem menos benefícios que o público se quem paga o público é o privado? Estamos invertendo as coisas. Será que nossa lei não está colocando o patrão no lugar do empregado e o empregado no lugar do patrão?
Adequação moral já! Mas não é culpa do funcionário público. É da sociedade.