ANÁLISE – Tragédia climática no Rio Grande do Sul

Praticamente todas as regiões do RS afetadas, dezenas de vítimas, milhares de desabrigados, deslizamento de terras e pontes  desabando sob forte correnteza das águas... O governador, meio aturdido,  pediu às pessoas que não se exponham a riscos 

3 de maio de 2024

Chove sem parar, com grossos volumes de água, há vários dias em todo  Estado. O Governador Leite, que antecipou seu retorno do exterior,  decretou Estado de Calamidade e diz que é o ‘maior desastre do estado’, superior ao de 2023, quando choveu apenas dois dias.  Porto Alegre deve ter uma enchente como a de 1941, que cobriu o Mercado Público à meia altura.  Todas as regiões afetadas, dezenas de vítimas, milhares de desabrigados, deslizamento de terras e pontes  desabando sob forte correnteza das águas.  Situação preocupante nos vales do Jacuí, Pardo, Taquari e Caí. Nesta quinta-feira (2) havia 137 trechos em 57 rodovias com bloqueios totais e parciais, entre estradas e pontes,

Criticado no ano passado por não ter vindo ao Rio Grande,  Lula agora apressou-se e se dirigiu com comitiva de Ministros a Santa Maria, no coração do Estado e virtualmente isolada. Prometeu apoio. Paradoxalmente, enquanto visitava a tragédia no Rio Grande do Sul a Agência Brasil se desdobrava em noticiar a presença espetacular de Madona no Rio…

O Governador Leite está atento mas visivelmente abalado e perplexo, reafirmando que procurou autoridades federais, mas lamentando a demora das providências, por causa da burocracia.  Acompanha de perto a Sala de Situação e redistribui a alta cúpula do Governo de forma a entregar à população maior presença das autoridades estaduais. O vice-governador Gabriel Souza (MDB) está em Santa Cruz do Sul e o chefe da Casa Civil, Arthur Lemos (PSDB),  em Bento Gonçalves, duas áreas críticas.

A Oposição, entretanto, já  o critica por ter destinado apenas R$ 50 mil reais para Defesa Civil e não ter desenvolvido planos de antecipação de providências diante de tragédias ambientais. O Brasil todo, aliás, acostumou-se com a dicção de que é “abençoado por Deus e bonito por Natureza”, distante dos terremotos e maremotos. Agora a mudança climática nos pegou de jeito e não há cultura de previsão de eventos catastróficos. O próprio conceito de Defesa Civil, no Brasil, ainda é vinculado a corpos especializados de caráter militar. Em países como Japão e Chile tem caráter civil há muito tempo, o que permite maior entrosamento com o conjunto da população. Nosso conceito constitucional de Segurança ainda se refere apenas à Segurança Nacional e Segurança Pública, sem qualquer referência à Segurança Civil, para não falar de outros campos de Segurança, já incorporados por vários países depois da pandemia, como Segurança Alimentar e Segurança Sanitária.

Diante da pobreza conceitual sobre Segurança e providências governamentais a respeito, resta o eterno muro das lamentações: “Infelizmente, será o maior desastre que o nosso estado tenha enfrentado, maior que o do ano passado. Estamos vivendo um momento muito crítico no estado. Em setembro do ano passado, tivemos uma enxurrada muito severa, mas o tempo abriu em seguida, o que nos deu condições de entrar em campo mais rapidamente. Neste momento temos muitas dificuldades operacionais para fazer os resgates”, disse o governador em coletiva realizada no final da tarde desta quarta-feira (1º).

É verdade que corpos especializados do Estado, com o auxílio de forças federais, inclusive Forças Armadas, esforçam-se para fazer o salvamento de pessoas ilhadas. Boletim informa que há 134 municípios afetados, 3.079 pessoas em abrigos e 5.257 desalojados (pessoas que saíram de suas casas e estão em residências de familiares ou amigos).

O governador, meio aturdido,  pediu às pessoas que não se exponham a riscos tentando acessar áreas afetadas pelas chuvas e suspendeu as aulas em várias cidades. Enfatizou a necessidade urgente de que os moradores que residem em áreas de risco nos municípios atingidos por situações semelhantes em 2023 deixem suas residências e busquem abrigo seguro. Mas isso é insuficiente. Os afetados se perguntam, atônitos: – “Ir para onde? Qual a rota dos abrigos?

Por sorte, em Torres, o Prefeito decidiu, oportuna e convenientemente,  suspender o Balonismo. Mas tardou…




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