Está em andamento a campanha eleitoral do ano de 2020 que irá escolher em todas as cidades do Brasil os prefeitos e vereadores. Torres, Arroio do Sal, Três Cachoeiras, Dom Pedro de Alcântara, Morrinhos do Sul, Mampituba e Três Forquilhas (cidades da antiga Grande Torres), também estarão escolhendo seus prefeitos e vereadores.
O Partido Progressista (que já foi PP e ARENA), assim como o MDB (que já foi PMDB) seguem sendo as agremiações mais tradicionais na região (e em boa parte do RS). O PDT, PSDB e o PT vieram nas últimas três décadas entrando neste grupo de siglas que participam com mais destaque na eleição. E nos últimos anos, vários outros partidos novos foram se apresentando, embora poucos deles tenham se fixado na tradição de lideranças e de poder no estado do RS (incluindo o nosso Litoral, região avaliada pela coluna).
Na prática, ainda o PP e o MDB são os partidos tradicionais em Torres e região. Funcionaram por anos, desde os governos da ditadura militar, como numa espécie de “grenal”, onde a polarização e os embates existiam praticamente entre as duas agremiações. Mas nos últimos anos outras siglas acabaram aparecendo como protagonistas por aqui pelo Litoral Norte, também, após estas mesmas siglas iniciarem suas passagens pelo poder principalmente em Porto Alegre e região metropolitana do RS.
CAMPANHA ELEITORAL E HISTÓRICO DE PARTIDOS II
O PDT, por exemplo, esteve no poder em Arroio do Sal por oito anos (2009/2016). O PT esteve no poder em Torres entre 2013 e 2016. Isto mostra que estas siglas (mais à esquerda) começaram a substituir/embater o MDB no estado, que no passado fazia o papel da oposição ao regime militar e representar a participação popular, o contrário da Ditadura da Arena (que ao deixar de existir virou PFL e PP – hoje Progressistas e Democratas). E isto aconteceu porque o MDB passou a ter uma posição mais central no Brasil e no Estado do RS, abrindo espaço para o PT, principalmente, e outros partidos que surgiram para representar o socialismo (esquerda), como Psol, PC do B, dentre outros.
Na maioria das outras cidades menores do Litoral Norte, o poder ficou concentrado sempre nos partidos tradicionais: MDB e PP, inclusive em Torres. E estas agremiações ainda são até hoje a base dos embates eleitorais nas cidades da região do Litoral Norte.
CAMPANHA ELEITORAL E HISTÓRICO DE PARTIDOS III
O PT venceu a eleição para a presidência do Brasil em 2002 após várias tentativas do ex-presidente Lula nos anos anteriores: em 1998, 1994 perdeu para o PSDB de FHC; e em 1990 perdeu para o PRB do ex-presidente Collor. Antes as eleições ainda eram indiretas, entre os anos de 1964 e 1989.
E esta vitória do PT representou o início do poder de movimentos de trabalhadores e de minorias no Brasil, embora o próprio PT e o PDT já ensaiassem projetos de poder por Estados Federativos espalhados pelo Brasil, assim como em cidades metropolitanas, como, por exemplo, em Porto Alegre, na Grande Porto Alegre (regiões metropolitanas) e em Caxias do Sul. Foram 13 anos de poder do Partido dos Trabalhadores no Brasil, o que exercitou sobremaneira o exercício da cidadania entre apoiadores de politicas sociais mais socialistas e apoiadores de políticas mais conservadoras e liberais, representadas por outras agremiações além do PP (ex-Arena) – como PFL (atual Democratas, também demembrado do Arena) e outras várias siglas ligadas a religiões (conservadores) e movimentos empresariais como atualmente existe o Partido Novo.
Mas o poder ficou mais lutado entre o PT e partidos considerados de centro no contexto ideológico brasileiro (e gaúcho) como o MDB (que até hoje é de centro) o PSDB, e parte do PDT, que acabaram sendo “seguidos” adiante por várias agremiações chamadas atualmente de “centrão”. E para o Litoral Norte do RS (na Grande Torres) este movimento nacional de presença de socialistas no poder acabou gerando a participação do PT em Torres e do PDT em Arroio do Sal, com o PT inclusive conquistando o poder também em Mampituba nos últimos quatro anos (2017/2020).
Mas a base na Grande Torres ainda é a tradicional luta entre o PP e o MDB, que acabam liderando, ainda, a maioria das cabeças de chapas, agora com presença clara de PDT e PT no contexto das maiores cidades, além de outras várias siglas que aparecem.
CAMPANHA ELEITORAL E HISTÓRICO DE PARTIDOS IV
Só que o povo brasileiro não vota em partido. Vota em pessoas. O “grenal” entre PP e MDB é a base, mas basta um candidato conhecido migrar para outra sigla que as chances de vitória acabam aumentando ou surgindo como um meteoro. O exemplo mais didático disto foi a eleição de Fernando Collor de Melo em 1989 pelo PRB, partido praticamente criado para o pleito daquele ano e que derrotou Lula no 2º turno. Naquele ano de 1989, MDB, PP e PDT ficaram de fora da final da eleição, embora o 1º turno tenha tido a participação de partidos tradicionais como PP e PDT. O MDB era vice na chapa de Collor com o saudoso (falecido) Itamar Franco, que acabou sendo presidente entre 1992 e 1994, após o impedimento de Fernando Collor (um dos vices que viraram Presidentes).
Com o desgaste que a corrupção tem trazido principalmente para os partidos tradicionais do poder no Brasil como MDB, PP, PT, PSDB e outros todos envolvidos em casos de polícia, com líderes presos por condenações criminais políticas, a tendência de o brasileiro votar em PESSOAS ao invés de votar em partidos aumenta ainda mais.
Agremiações tradicionais têm mais estrutura partidária e acabam sendo endereços mais apetitosos para políticos se filiarem para entrar na política, além de, ainda, terem as maiores verbas partidárias. O MDB, por exemplo, tem a Fundação Ulisses Guimarães, que treina candidatos a qualquer função política por todo o Brasil, incluindo uma forte presença no RS. A maioria dos partidos possui sua fundação, mas a do MDB é bastante atuante inclusive fora de épocas de pleito.
Outros serviços partidários são importantes para os filiados, como estrutura partidária de cargos técnicos que são indicados para ocuparem cargos em poderes executivos e legislativos ocupados pelas siglas em outros estados, também, por exemplo. E isto acaba deixando a agremiação com diferenciais para que candidatos políticos se filiem. E os partidos mais antigos têm mais chance de ter estas vantagens. Mas mesmo assim em minha opinião os partidos são pouco aproveitadores destas diferenças. A maioria acaba trabalhando mais na política em época de eleição, o que dá mais chance do eleitor acabar votando mais em nomes do que em agremiações, a realidade.
O fator tradição na sigla, portanto, pesa mais para os candidatos atualmente. Mas não se trata de um diferencial competitivo grande para a escolha do eleitor. E é por isso que não se pode desacreditar em chapas de partidos novos.
CAMPANHA ELEITORAL E HISTÓRICO DE PARTIDOS V
O atual presidente Jair Bolsonaro foi eleito por um partido novo, o Partido Social Liberal (PSL). E por incrível que pareça, atualmente esta sigla já é a que possui um dos maiores nacos nas verbas de financiamento público de partido e de campanha, justamente por ter colocado no Congresso Nacional muita gente que pegou carona com o Capital.
O povo votou em Bolsonaro, mas o PSL acabou se beneficiando sobremaneira, mesmo quando atualmente o próprio Presidente da República esteja fora da agremiação e projetando voltar para a mesma sigla após desentendimentos internos.
Isto é mais um exemplo da força de um candidato ser maior do que forças de partidos, mesmo existindo siglas tradicionais e antigas no Brasil e principalmente em nossa região: o MDB, o PP, o PDT e o PT. Inclusive na eleição de Torres (cidade mãe da Grande Torres), por exemplo, possui representantes do PP, do MDB, do PDT e do PT nas chapas inscritas para a corrida à prefeitura. E o Patriotas está para registrar a sua em breve para representar o surgimento dos partidos novos, que no Brasil já somam em torno de 40 ao todo.