CEM ANOS DO GRUPO ESCOLAR DA VILA DE TORRES

"O Grupo Escolar cresceu, se transformou na Escola Marcílio Dias, hoje Instituto Estadual de Educação Marcílio Dias e, assim como Torres, tem, também, muita história para contar".

2 de setembro de 2022

Era uma manhã de setembro qualquer na Vila das Torres, o intendente João Pacheco de Freitas conhecido apenas como Coronel Pacheco sai, a pé da Intendência acompanhado de alguns funcionários. A comitiva caminhou pela rua de Baixo, passando pela estação de telégrafos e pela agência de correios, em direção ao sobrado do padre Lomônaco. Foi um pequeno trajeto cercado pelo povo da vila que governava há pelo menos dois anos.

Lá chegando, o Coronel Pacheco informa aos presentes:

“-Há criadas e providas dez aulas estaduais, sendo sete do sexo masculino e três do sexo feminino; destas, seis estão localizadas no primeiro distrito (inclusive a vila que tem duas).”

Estava criado, a partir do decreto n°2.958, em 31 de março de 1922, o Grupo Escolar da Vila de Torres, que seria posteriormente inaugurado no dia 02 de setembro do mesmo ano.

“O presidente do Estado do RS, atendendo à conveniência do ensino primário, resolve na forma do art. 11, do regulamento que baixou com o Decreto n° 874, de 28 de fevereiro de 1906, instituir um Grupo Escolar na sede do Município de Torres.”

Este decreto foi assinado pelo Presidente do estado (hoje seria governador) Antônio Augusto Borges de Medeiros, velho amigo do intendente Coronel Pacheco.

O intendente inaugurou o edifício no dia 02 do mês de setembro de 1922, como mostra a ata de criação.

“Aos dois dias do mez de setembro de mil novecentos e vinte e dois, às dez horas do dia, nesta Villa de Torres, Estado do Rio Grande do Sul, no edifício destinado para nelle funccionar o Grupo Escolar, presentes o Cel. Pacheco de Freitas, Intendente Municipal, Dr. Ovídio Christiano dos Reis, Presidente do Conselho Escolar desta Villa, professor Alexandre Schilling, accumulando a direção do dito Grupo e as professoras dd Diva Mello Leite de Castro e Mercedes d’Oliveira Lopez, inaugurou-se o Grupo Escolar desta Villa, tomando professor e professoras posse de seus cargos respectivos.” (grafia da época)

E a escola passou a existir no velho sobrado, assim descrito por Ruschel:

“O terreno situava-se logo ao note da casa de Joaquim Quadros, o Quinca, na rua Júlio de Castilhos (Rua de baixo), portanto na frente da rua Joaquim Porto. Naquele tempo, esta rua terminava na Júlio de Castilhos e não prosseguia até a Ronda (parte baixa da cidade de hoje). (…)Era magnífico prédio, com duas portas e sete janelas no andar térreo e mais três janelas na parte de cima, todas as aberturas terminadas em arco; no lado norte, um portão coberto dava entrada par o pátio. O mais majestoso prédio da época sobreviveu até a década de 1940; serviu de sede ao primeiro grupo escolar da vila e, depois, ao posto e saúde.”

A escola funcionou no sobrado do padre até a inauguração do prédio próprio.

“Em dois de setembro de 1942, foi realizada a inauguração da escola que recebeu o prédio novo e passou a se chamar Grupo Escolar Marcílio Dias. Localizava-se no alto do Morro do Farol. Esta foi a primeira escola pública Estadual do município de Torres com prédio próprio e definido para esta finalidade.”

A escola Marcílio Dias, após trinta e cinco anos no alto do morro, se muda para a parte baixa da cidade, onde já tinha se mudado o próprio centro da cidade. Ela já não suportava o peso da idade e nem comportava o número crescente de alunos.

“No mês de setembro de 1977, a escola muda-se para um novo prédio localizado no atual endereço, Travessa Armando Torres, número 40. E dezembro de 1979, amplia a capacidade de oferta da escola à comunidade torrense passando a contar com o ensino de segundo grau completo e a se chamar Escola Estadual de 2º Grau.”

O velho Grupo Escolar completou dia 02 de setembro de 2022, cem anos de existência. Duas das suas sedes ainda estão aí para quem quiser homenageá-lo, a primeira que foi o sobrado do padre Lomônaco, não existe mais, a segunda, está agonizando em cima do morro, esquecida pelas autoridades, e a terceira, onde ainda funciona a escola, está esperando uma visita e um grande abraço dos antigos alunos, professores e funcionários.

O Grupo Escolar cresceu, se transformou na Escola Marcílio Dias, hoje Instituto Estadual de Educação Marcílio Dias e, assim como Torres, tem, também, muita história para contar.

 

Fontes: FREITAS, Tiago Costa de (Org.). Memórias da escola, uma história de muitos. RUSCHEL. Ruy Ruben. Torres tem história.




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