CHIMANGO OU MARAGATO? Política é tradição ou tradição é política?

Coluna de Fausto Jr - Jornal A FOLHA - Torres - RS - Brasil

29 de maio de 2023
Por Fausto Júnior

Na semana passada houve mais uma edição do Rodeio Internacional, em Torres. Organizado pelo CTG Porteira Gaúcha, a festa campeira foi um sucesso. Muita gente esteve lá para prestigiar as competições de laço, além de sentir um pouco mais de perto os costumes das tradições gaúchas campeiras.

Não se sabe o que iniciou primeiro: se os rodeios ou se a política… É que nos rodeios, os eventos servem tanto para laço de bois, por peões, quanto para laço de eleitor, por políticos. É tradicional (ou cultural) no sul do Brasil. Consequentemente, os partidos políticos tradicionais costumam montar suas barracas para servir de vitrine para que seus membros com ou sem mandato participem de churrascos durante todo o final se semana das festas gaudérias, para que eleitores fiéis tenham a chance de conversar com seus políticos de estimação e para, principalmente, eleitores indecisos venham a conhecer os mesmos, sinalizando seu voto nos pleitos futuros.

E nunca se sabe quem é chimango ou quem é maragato. As duas correntes que guerrearam na Revolução Farroupilha acabam se repetindo na política. Uma, os Chimangos, representando o governo federal, cobrador de impostos altos em troca de maus serviços à população. Outra, os Maragatos, representando o levante contra os excessos de governo, tanto no excesso de interferência na liberdade, quanto nos excessos de cobrança de impostos sem entrega de contrapartida.

Acima imagens da barraca do MDB de Torres no Rodeia do CTG local, organizada pelo presidente do partido na cidade, vereador Igor Beretta (de lenço maragato) com seu companheiro de Câmara Dilson Boaventura.  Eles foram os anfitriões torrenses dos deputados federais gaúchos da sigla que estiveram beliscando nacos das “janelas de costela bovina”, tradicionais na culinária do Estado: Marcos Biolchi (Mais alto) e o litorâneo Alceu Moreira (esquerda), juntos com o também litorâneo deputado Estadual Luciano Silveira. Não se sabe bem se estes são atualmente chimangos ou maragatos, são centristas que, como o MDB sempre fez, defendem pontualmente o lado que mais se aproxima da ideologia central do partido, de mediador para que o Estado seja o “necessário” para o momento que a sociedade vive. E você aí da poltrona? É Chimango, Maragato ou Centrista?

 

MÃO DUPLA OU MÃO SIMPLES NAS RUAS?

 

Na profícua apresentação do Plano de Mobilidade Urbana – ou Mobilidade Humana Sustentável – realizada na segunda-feira passada pela prefeitura de Torres, através de técnicos contratados para fazer o estudo e a proposta, o empresário torrense Eraclides Maggi   questionou frontalmente a falta de decisão planejada para transformar a maioria das vias centrais em vias de MÃO ÚNICA ao invés de mão dupla,  como ainda  são e provavelmente como ainda serão… A resposta dos técnicos foi a de que a modificação e a facilitação do trânsito nas vias principais de acesso e saída da maioria do tráfego diminuiria o movimento de veículos nas outras vias, o que, para o estudo, sinalizou que não haveria necessidade de transformar as mesmas em mão única.

Não sou técnico, mas penso que a decisão é sobre a seguinte questão: O Plano Viário em Torres é feito para um melhor e mais seguro trânsito de veículos ou é feito para forçar que as pessoas usem o carro o menos possível? Parece que a decisão dos especialistas é a segunda alternativa, inclusive quando trocaram o nome do projeto de Plano Viário para Plano de Mobilidade Humana e Sustentável.

Particularmente acho que, mesmo sendo louvável a ideia da diminuição do tráfego de carros, o “Plano de Mobilidade” deveria transformar quase todas as ruas centrais em vias de MÃO ÚNICA, pra mim uma questão de segurança para pedestres, motoristas, ciclistas e até animais de rua. Explico:

Os carros AUMENTARAM de tamanho ( largura e comprimento) na ÚLTIMA década… uma incongruência, mas aumentaram…  E quando em uma via de mão dupla existem carros estacionados nos  DOIS LADOS ( como na maioria delas), não existe forma de mais dois ‘caminhonetões’  (carros normais hoje em dia) passarem… E este carnaval  que ficam  as  faixas de rodagens de mão dupla acaba sendo também deixando um carnaval as alternativas para  pedestres atrevessem a rua, muito mais para os  cuscos soltos  – que ficam mais perdidos do que em procissão…. O vivente tem que olhar para os dois lados, parar no meio da via,  e olhar de novo, para então atravessar, ainda  recebendo um “favor” dos motoristas. E os ciclistas ( que andam na contramão???) devem passar o tempo todo levando ( e dando ) sustos nesta confusão.  Os cuscos morrendo ou matando os donos de ansiedade…

Com vias de mão única, a segurança melhora para todos: pedestres, motoristas, ciclistas ( mesmo na contramão) e cuscos felizes. Os transeuntes em veículos e a pé conseguem enxergar melhor  as pessoas e  os carros quando atravessam a via, além de enxergarem melhor também as   lojas instaladas nas calçadas, o que melhora o marketing  dos comerciantes.  E os motoristas podem estacionar seus carros fazendo baliza sem ter um motorista atras esperando, com cara de brabo, porque este poderão desviar sem atrapalhar o estacionamento em baliza.

Com estes argumentos, acho que a única vantagem que existe na via de mão dupla é a de fomentar que as pessoas não usem carros, mesmo que este fomento deixe o sistema mais PERIGOSO. Portanto, concordo com o questionamento do empresário Eraclides Maggi, e discordo do sistema apresentado pelos técnicos… Democraticamente! E você aí?

 

TELEFÉRICO E IMPACTOS

Na mesma audiência pública da apresentação da proposta da prefeitura do Plano Viário ( ou Plano de Mobilidade Humana) foi apresentado pelos técnicos a proposta de um teleférico (bonde aéreo) que ligaria até três pontos: Lagoa do Violão, Morro do Farol e Parque da Guarita ( deve ser o morro). Os técnicos defenderam que o serviço deveria servir não só para o Turismo local (nosso  bonde da economia), mas também para servir os moradores que querem passear por Torres e contemplar suas belezas naturais com um olhar  ornamental. Isso além de ser uma forma acessível para quem não gosta de trilhas a pé e principalmente para quem não pode mais subir morro e descer morro, como idosos afetados pela idade e  portadores de deficiência, estes,  tanto moradores locais  quanto de turistas que estão aqui à passeio, querem ver as belezas, mas não conseguem subir nos morros das furnas,  e na Torre sul da Guarita, alguns cadeirantes inclusive.

É claro que a proposta  deve prever que a operação deste serviço turístico e ornamental   seja  licitado para terceiros operarem em troca da cobrança de ingressos ( Prefeitura poderia subsidiar estes uma vez por mês para idosos locais por exemplo). Portanto,  o custo não seria um impacto… As trilhas e a possibilidade das pessoas fazerem trilhas gratuitas também não sofreriam impactos por conta do teleférico. Acho que somente o barulho do equipamento  – indo e vindo várias vezes por dia –  deveria ser examinado. Se for por motor a eletricidade  (silencioso)  o impacto também é quase nulo.

E os impactos positivos são enormes. No turismo, muita gente poderia vir para Torres somente para fazer este ( e outros ) passeios. Os que aqui já vêm, teriam mais um atrator local para que fiquem mais aqui ou voltem. E para os moradores, um belo programa, como ir a um parque de diversões, onde a diversão é observar as belezas da cidade onde mora… fato gerador de prazer e de orgulho por sua pátria.

 

 

 




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