COLETA SELETIVA EM TORRES: lixo ou resíduo?

Muitas vezes as pessoas até querem reciclar, porém há várias dificuldades que vão inviabilizando esta “vontade” do reciclador

imagem meramente ilustrativa
18 de abril de 2023

Esta semana vieram vários equipamentos para o consultório do meu filho e eu me deparei com uma quantidade enorme de caixas de papelão, plásticos, isopores e fitas plásticas. Pela quantidade nem caberia na caixa destinada ao lixo ensacado. Pensei então na coleta seletiva que existia na cidade e pelo que li neste jornal, voltou a funcionar.

Recorro ao site da Prefeitura de Torres para buscar esta informação. Encontrei somente a informação da coleta de resíduos orgânicos. Coloquei então no mecanismo de busca da própria prefeitura “coleta seletiva”, e aí apareceu uma reportagem, aquela já citada aqui. Nela não constava os dias da coleta, apenas os tipos de material que seriam coletados. Fiz uma nova busca, desta vez coloquei “dias da coleta seletiva”, e o resultado foi uma outra reportagem falando sobre o cancelamento da coleta seletiva em setembro do ano de 2022.

Para minha sorte, encontrei o caminhão que faz esta coleta seletiva. Pedi para parar e perguntei se eles poderiam pegar aquele material que seria descartado. Eles, que estavam naquela região da cidade, passariam mais tarde pelo local que indiquei e fariam a coleta. O dia era uma terça-feira, dia da coleta!

Muitas vezes as pessoas até querem reciclar, porém há várias dificuldades que vão inviabilizando esta “vontade” do reciclador. Tomo como exemplo o condomínio em que moro, todos os resíduos gerados pelos moradores são divididos em apenas dois tipos: orgânicos e recicláveis. Embora não seja a melhor forma, a reciclagem precária é feita dentro das lixeiras devidamente identificadas. Faço o mesmo em meu apartamento e descarto nos devidos locais, exceto pilhas e eletrônicos, que levo para outro local que, por sua vez, faz o descarte adequado. O problema é que, embora separados, esses resíduos acabam sendo recolhidos pelo sistema de coleta “normal” e se misturam com todos os outros resíduos desta coleta, viram lixo mesmo. Trabalho e boa vontade, tudo na “vala comum”, nem sei, atualmente, onde verdadeiramente vão parar.

Embora complicado, esse “trabalho” da reciclagem não é só responsabilidade do município ou das pessoas que fazem a coleta, é de todos nós que geramos estes resíduos. Vocês viram esses dias na cidade de Paris? Alguns dias de greve dos garis e a cidade mais parecia um aterro sanitário.

“No Brasil um quarto das cidades não tem coleta seletiva, é o que indica a última edição do Panorama dos Resíduos Sólidos, publicado recentemente (2022) pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos (Abrelpe). Ou seja, são cerca de 1400 municípios ainda sem nenhuma política pública que promova e incentive a separação do lixo reciclável entre a população. Ainda de acordo com o documento, aproximadamente 4.145 municípios apresentam alguma iniciativa de coleta seletiva, mas muitas vezes a prestação do serviço é limitada e insuficiente. Além do já conhecido impacto ambiental, as estimativas da associação apontam que o país perde pelo menos R$ 14 bilhões todos os anos em resíduos recicláveis descartados em aterros sanitários e lixões irregulares.”

Torres está entre os municípios que têm coleta seletiva e isso já facilita e incentiva que todos façam a seleção de seus resíduos e, se possível, esperem pela passagem do serviço de coleta seletiva em seu bairro para darem o destino adequado a cada resíduo separado.

Em tempo: o Brasil gera em torno de 80 milhões de toneladas de lixo por ano e recicla menos de 4%. Mais de 70% dos brasileiros não reciclam seus resíduos. (MNCR), cerca de 800 mil agentes ambientais, popularmente conhecidos como catadores de lixo reciclável, estão em atividade no Brasil. Os dados levantados pelo movimento indicam que pelo menos 70% são mulheres. Transformando aquilo que não serve mais para os outros em sua fonte de renda, esse exército de 500 mil trabalhadoras é peça fundamental para a construção de um mundo com equilíbrio ecológico.

 

Fonte: https://www.reciclasampa.com.br/artigo/dados-e-estatisticas-sobre-reciclagem-no-brasil

https://www.reciclasampa.com.br/artigo/dados-e-estatisticas-sobre-reciclagem-no-brasil.




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