Cronologia do crescimento urbano de Torres

E pensar que a cidade de Torres no começo se resumia a duas ruas! Pois é, ela cresceu. Muito pela mudança da atividade econômica do município, que era essencialmente agrícola e de pesca. Essa mudança ocorreu em especial na segunda década do século XX, onde aconteceu o fortalecimento da atividade do turismo na cidade.

3 de julho de 2023

E pensar que a cidade de Torres no começo se resumia a duas ruas!

Pois é, ela cresceu. Muito pela mudança da atividade econômica do município, que era essencialmente agrícola e de pesca. Essa mudança ocorreu quase na segunda década do século XX, onde aconteceu o fortalecimento da atividade do turismo na cidade.

“A vocação turística do local teve como marco inicial a construção do primeiro complexo turístico do litoral gaúcho, o empreendimento Balneário Picoral, construído em 1915.”

A urbanização, mesmo, se iniciou nas décadas de 30 e 40 com a ampliação dos investimentos em transporte e infraestrutura na cidade e região. E depois, em 1950, a criação do Parque Estadual da Guarita incentivou ainda mais o turismo e incluiu a preservação da natureza e a melhoria econômica da região, o que consolidou essa ampliação e, também, a transformação do espaço urbano. Esse foi um período de muito investimento em infraestrutura na cidade, como a construção da nova prefeitura, hospital, escola e pavimentação de estradas. Casas e chalés dos primeiros veranistas começaram a ser substituídos por novas construções modificando o aspecto urbano da antiga vila.

O avanço rápido das construções não teve o acompanhamento das leis para disciplinar esse crescimento. Somente em 1962 é que foi feita a primeira legislação urbanística para a cidade, a Lei n° 728/62 que dividia a cidade em apenas três zonas.

“Zona 1, caracterizada por proteger a beira mar, tendo como limite as ruas Júlio de Castilhos e Sete de setembro. A altura máxima era para dois pisos e somente para o uso de habitações unifamiliares. Zona 2, caracterizada pela antiga e tradicional área central de Torres, onde destacava-se a imponente construção da SAPT. Essa zona, com o atrativo também de ter uma cota altimétrica entre a cidade e o Morro do Farol, recebeu um índice expressivo para construção, ou seja, o índice de aproveitamento como seis vezes a área do terreno, sem limite de altura, combinado a uma taxa de ocupação de 75%. Zona 3, era basicamente todo o restante da área urbana, com ocupação diferenciada e podendo-se construir até três vezes a área do terreno. No entanto, convém destacar sobre essa legislação que impediu a proliferação de edificações de grande altura junto à orla.”

A transformação mais intensa ocorreu a partir dos anos 70, culminando nos anos 80 com o “Boom imobiliário” que modificou de vez a paisagem urbana da cidade. Começaram a pipocar pela cidade as torres de concreto, dando ares cosmopolitas à antiga cidade balnear, que era repleta de chalés no estilo europeu.

E isso nunca mais mudou. A tendência da substituição das antigas residências dos veranistas e moradores foi, e está sendo, continuada até os dias atuais.

Aos poucos não se vê mais vestígios das épocas passadas da cidade, a história e o patrimônio edificado estão deixando lacunas entre períodos de crescimento pelos quais ela passou. Temos um pouco da época inicial (1808 a 1915, os casarios da rua Júlio de Castilhos, a igreja e a Casa N° 1; das décadas de 40 e 50, a antiga prefeitura, a SAPT, o abrigo, a escola Jorge Lacerda, os correios, a igreja Santa Luzia e o hospital N. Sra. dos Navegantes e alguns prédios e bangalôs californianos que restaram; das décadas de 60, 70 e 80, a maioria foi destruída dando lugar aos modernos prédios repletos de vidros espelhados.

A cada dia que passa as lacunas aumentam. Essa semana mais um prédio foi demolido, um exemplar dos prédios baixos dos anos 50 que resistia a investida das construtoras. Alguns outros, do mesmo período, já estão com sua existência  ameaçada. Esse é o destino, pelo que se vê.

Um já foi, amanhã será outro e depois mais outro até o dia em que a história da cidade dependerá somente da memória dos mais antigos e dos livros para existir.

 

Fontes: A dinâmica espacial da cidade de Torres/rs, entre 1970 e 1998, Miriam Falcão, Boletim Gaúcho de Geografia,jul., 2000.

 




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