ELEIÇÕES EM PROCESSO

"Segue o curso das eleições, com muitos acontecimentos, opiniões desencontradas e inúmeras pesquisas sobre a preferência dos eleitores. A maior turbulência ocorreu em torno do atentado contra a vida do candidato Bolsonaro...." (por professor Paulo Timm)

14 de setembro de 2018

“Fomos engolidos pela tentação do poder” – Senador Tasso Jereissati – Pres. PSDB (http://www.cartapolis.com.br/novo/index.php/home/k2-item/item/713-fomos-engolidos-pela-tentacao-do-poder)

Segue o curso das eleições, com muitos acontecimentos, opiniões desencontradas e inúmeras pesquisas sobre a preferência dos eleitores. A maior turbulência ocorreu em torno do atentado contra a vida do candidato Bolsonaro. A Pulso BANDRIO, avaliou uma avalanche de comentários nas Redes nas  24 horas  após o atentado :12 vezes mais postagens do que no dia da prisão do Lula. De 2,5 milhões de monitorados com  pouco interesse em Política, 30% comentaram sobre o fato, sendo que  30% destes afirmaram ser tudo armação eleitoral – https://goo.gl/KJ7rh7 .

Como sempre afirmei aqui, Lula não é candidato. Na forma de Lei, impedido de competir, embora não impedido de influenciar o eleitorado, indicou Fernando Haddad, ex Prefeito de São Paulo, como seu substituto na cabeça da chapa do PT. Diante de tudo isso, há pouco a acrescentar. Alguns consensos:

1.Bolsonaro lidera as pesquisas, tangenciando os 30% de preferência, índice um pouco mais alto do que aqueles confirmados, há tempos, por pesquisas, que mostram uma significativa parcela de brasileiros que não acreditam na democracia e namoram o retorno ao autoritarismo.

2.Ciro, Marina, Haddad e Alkmin estão embolados na segunda colocação, na tentativa de de disputar com Bolsonaro o segundo turno, que promete ser bastante disputado, apesar do alto índice de rejeição de Bolsonaro, mas que, aparentemente, depois da facada, parece diminuir um pouco. Dentre eles, Marina derrete, reeditando outras tentativas no passado, não por falta de ideias e espaço, mas de performance e Alkmin não decola, numa espécie de insuficiência dinâmica para salvar o tucanato.

3,Os demais candidatos não detêm qualquer competitividade. Terão cumprido, segundo as vocações que os induziram às candidaturas, seu destino, em alguns casos fé ideológica de esquerda (Boulos e Iza) ou de direita (Amoedo), vaidade pessoal (Alvaro Dias e Meirelles) ou interesses menores.

Isso posto, restam  algumas reflexões sobre como as coisas acabaram ficando do jeito como estão. E como ficarão. Ei-las:

 1.Acho mesmo que o segundo lugar, tal como Paulo Bahia , A.C.Almeida e outros analistas,  vai estar entre HADDAD e CIRO, cuja disputa poderá comprometer o apoio de um deles ao outro no segundo turno, colocando em cheque uma alternativa mais à esquerda.  Situação delicada. Melindrosa. Recomenda-se usar luvas para evitar ferimentos profundos, visando ainda à soma de votos  perdidos no primeiro turno  em Marina e Alkmin.

  1. Haddad tem maior campo para crescer, do que o Ciro. Vox Populi já o aponta na frente de todo mundo, o que considero exagero. Tem tempo de TV, tem a organização e a vantagem dos 30% dos eleitores que defendem o  PT, tem o apoio de Lula, tem, enfim, tudo para ultrapassar Ciro. Mas este tem mais carisma e, sobretudo,  combatividade. Isso talvez o credencie para o voto útil de última hora para um embate final com Bolsonaro.

3.A grande realidade que nem a esquerda, nem a direita moderninha, inaugurada pelos tucanos, quis e quer ver é que emergiu, do turbilhão da crise, um líder direitista, com tamanho eleitoral comparável ao do Lula: Bolsonaro. Ninguém o queria, muito menos eu, mas ele acabará no segundo turno. Oxalá não saia Presidente. Mas marca, em sua trajetória, duas coisas: (1) Reversão  radical do conservadorismo contra o encaminhamento democrático dos conflitos e (2) Novo protagonismo das Forças Armadas enquanto pensamento e corporação. No futuro, mesmo que Bolsonaro não vire Presidente temos que pensar sobre isso. As Forças Armadas, no Brasil – talvez no mundo – são fortes e importantes demais para ficarem entregues à sua própria sorte.

  1. Quanto a esta nova direita deve-se recordar que Direita, no Brasil, ficou historicamente identificada com ditadura, regime militar, fascismo. Caiu em desgraça desde a redemocratização, graças ao FHC, vindo, agora, à tona, com muita força,  com a candidatura Bolsonaro. Isso não vai mudar. Acabou a era da direita “civilizada”. Em tempo, ressalte-se que , no mundo ocidental  a direita tem mais um sentido econômico, de defesa dos princípios do Neoliberalismo, calcada na ideia do Estado Mínimo do que no autoritarismo.  Aqui este segmento confunde-se com os famosos “50 Tons de Temer”: Meirelles, Amoedo, Alkmin e, até certo ponto Marina. Todos eles , menos Bolsonaro, se dizem de centro, quando, na verdade, são de direita. O CENTRO CONTEMPORÂNEO é outra coisa: consiste na tentativa de juntar lideranças que acreditem, sim, que  HÁ ALTERNATIVAS fora do neoliberalismo, tanto para a democracia, quanto para a reforma do sistema econômico fora do neoliberalismo.

5, Alberto Carlos Almeida , famoso analista político, afirma que ″Eleições podem revelar um Brasil dividido entre PT e anti-PT″ . Está errado. Esta pode ser apenas uma  forma de dizer. O Brasil vem se dividindo cada vez mais entre Esquerda X Direita, desde 1950. Mudam , certamente, os tons de um e outro. Agora, voltamos à direita não civilizada e a própria esquerda também se radicalizou, substituindo um José Alencar, como Vice, na chapa do PT,  por uma representante do PCdB. Ou seja, a polarização histórica, mercê de vários fatores subjetivos e objetivos, está se agudizando impedindo uma saída de conciliação.

  1. O Brasil corre o risco, depois desta eleição de ficar dividido em cortes verticais irreconciliáveis entre Nordeste x Sul/Sudeste, corporações x sociedade, Nós x Elles, Poder Executivo x Poder Legislativo. Um perigo.

 




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