ENCHENTES: mais um passo para a migração

"É uma nova migração, temporária/parcial porém, dependendo da gravidade da situação de cada migrante, ela pode ser permanente e, assim como o evento da pandemia, deixar uma grande quantidade de moradores fixos por todo o litoral"

11 de maio de 2024

Não tem como não falar das enchentes no nosso estado, realmente algo nunca visto por aqui nesta proporção. Nunca visto?

É, fazemos sempre essas afirmações porque realmente a nossa geração nunca viu, mas já aconteceu. Não nesta mesma proporção, dirão alguns, mas como saber? Em 1941, por exemplo, não tínhamos como olhar em cada município, cada cidade, cada bairro, cada casa. O que hoje é instantâneo, naquela época só iria ser conhecido depois de dias, semanas ou meses. Cidades e bairros que hoje estão dentro d’água, nem existiam ou faziam parte de banhados ou do próprio rio.

Realmente não temos noção da gravidade do ocorrido e não vamos ter enquanto as águas não baixarem, e isso pode levar algum tempo. Depois virá a reconstrução e, talvez, o repensar no enfrentamento desses eventos climáticos provavelmente com tecnologias mais modernas e que hoje estão disponíveis. O problema sempre é a falta de recursos nas prefeituras, nos estados e no próprio país. Porém, com a terrível destruição de várias cidades e essa reincidência em alguns locais que são propensos a inundação, deve levar os municípios a modificarem certas práticas e alterar, migrar essas casas que estavam em áreas de risco para lugares mais altos e seguros. Talvez até a geografia de certas cidades deva ser alterada ou cidades devam ter que migrar parcial ou totalmente para locais próximos ou outras regiões dentro do estado.

Eventos não muito frequentes fazem com que pessoas e cidades tenham que se adaptar, principalmente quando mudam radicalmente suas rotinas. O que aparentemente seja só viver é algo bem mais complexo quando nossa rotina é alterada radicalmente. Na pandemia tivemos um exemplo e agora estamos presenciando outro. Na pandemia, por causa do isolamento, uma alternativa viável para quem tinha casa na praia (e até para quem não tinha) era migrar para o litoral. Hoje, a enchente principalmente na capital, exigiu novamente a mesma migração: Quem tem casa na praia, vá para o litoral, solicitou o prefeito da capital. E até quem não tem casa na praia está fazendo esse movimento. Casas e apartamentos desocupados na baixa temporada, estão abrigando os proprietários ou parentes/amigos. Essa migração forçada está movimentando o comércio dessas cidades, principalmente os mercados, que estão sendo esvaziados tamanha a demanda por mercadorias diversas, pois desta vez esses migrantes estão vindo sem mantimento algum e talvez até com poucas roupas.

É uma nova migração, temporária/parcial porém, dependendo da gravidade da situação de cada migrante, ela pode ser permanente e, assim como o evento da pandemia, deixar uma grande quantidade de moradores fixos por todo o litoral. E esse aumento da população forçará criação de novas formas de viver essa região que cresceu com a primeira migração e pode repetir a dose com a segunda, ajudando a transformar essa parte do estado que, infelizmente, é lembrada apenas no verão.




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