Enfim, jubilado! Aposentado é como costumamos chamar, mas acho mais bonita a forma como os argentinos (e os espanhóis) se referem aos aposentados de lá. Então, como um bom aposentado, vou morar na praia. Opa! Mas eu já moro na praia! Quem sabe possa fazer o caminho inverso? Não, é tarde para isso, e eu gosto de morar onde moro.
Outra coisa que todo aposentado que se preze pensa ao se aposentar é fazer algo que estava esperando para realizar. Um dos meus objetivos, quando me aposentasse, era retomar uma antiga paixão: a pintura, que foi, em tempos passados, tanto um hobby quanto uma atividade econômica. Só que, em 2013, resolvi não esperar a aposentadoria e voltei a trabalhar com arte, montei uma loja e retomei a pintura. Descobri, rapidamente, que o passado já não guardava a mesma magia. Então, “me aposentei” da pintura dois anos depois. Agora, pintar é só por prazer.
Essa, porém, não foi minha primeira experiência de aposentadoria. A primeira vez que deixei uma carreira foi quando encerrei minha atividade como professor, há cerca de 13 anos. Tenho lembranças maravilhosas desse período, das amizades com colegas e dos laços com centenas, talvez milhares, de alunos com quem compartilhei conhecimentos e experiências. Contudo, após 20 anos, concluí essa etapa sem planos (nem saúde) para retornar. Uma fase de vida encerrada, isso em 2011.
Agora, me aposento da minha principal atividade profissional. Foram mais de 30 anos de dedicação a um trabalho que, junto ao de professor, sustentou a mim e à minha família. Entre altos e baixos, guardo muitos momentos bons e, claro, outros nem tanto. A jornada foi dura, o ambiente sempre exigente e, muitas vezes, insalubre em vários aspectos. Muitos colegas deixaram boas lembranças e certamente foram influências positivas, ajudando-me muito nessa caminhada.
Certamente, não terei saudades de alguns chefes que, na verdade, nem merecem uma linha neste texto — mas fazem parte do pacote. Mas isso já passou, como tudo passa. Estou entrando em uma nova etapa e pronto para fazer coisas mais gratificantes. Quem sabe me desaposentar de outras atividades, aprender novas ou, simplesmente, viajar e, quem sabe, viajar um pouco mais!
OBS: Com a partida de meu pai, passei a cuidar da chácara que ele sempre amou e dedicou grande parte de seu tempo após a sua aposentadoria. Sem perceber, já estou seguindo seus passos. Como bom aposentado, vou também cuidar de uma chácara. Será?
