ESQUENTA A CORRIDA PRESIDENCIAL

No Brasil, as sucessões presidenciais sempre foram “calientes”, mesmo no rígido regime militar. Com Temer, cujo Governo acabou em 12 de maio, a sucessão galopa… (Por Paulo Timm)

10 de novembro de 2017

No Brasil, as sucessões presidenciais sempre foram “calientes”, mesmo no rígido regime militar. Com Temer, cujo Governo acabou em 12 de maio, a sucessão galopa…

Alertando para  os acontecimentos vindouros,  o ex Presidente FHC, que sabe que este pleito será comandado pelo horror à corrupção,  clamou pela imediata retirada das tropas tucanas do Governo , sob pena de desastre eleitoral. FHC vê longe e já enxerga, no horizonte, um plano de liquidação da candidatura do Governador Alckmin.  Afinal, na semana que passou, todas as grandes revistas abundaram em comentários sobre os possíveis candidatos, já criando um clima para a consagração de uma chapa de forte apelo popular com o incrível Huck no comando do Caldeirão, com o Ministro Meirelles, Senhor dos Anéis e polpudas contas em paraísos fiscais, todas segundo ele, legais, na Vice Presidência, com as duas mãos nos cofres da República.  Uma chapa dos sonhos da Grande Mídia, do sistema financeiro e da insignificante cifra dos 0,1% dos brasileiros, nada mais do 200 mil abastados, que, mercê da concentração da propriedade neste país,  controlam mais da metade dos rendimentos gerados numa economia  em que mais de cem milhões ganham até um salário mínimo.

Enquanto isso, Lula e Bolsonaro, continuam na frente das preferências eleitorais.

Lula é um fenômeno de massas e continuará liderando as pesquisas, malgrado a rejeição que sofre, superior a 50% do eleitorado. Pode não ser o melhor candidato, mas é o mais forte.

O maior e mais fiel aliado de Lula, contudo, o Pc do B, dá mostras de que deseja um protagonismo próprio, mesmo que seja velado, como o que se insinua no deslocamento de um ou outro de seus leais quadros para outra sigla. Mais certa será a indicação à Presidência da deputada Manuela, gaúcha, jovem e bonita. Depois do primeiro turno,  dirão eles, “veremos”…Pode-se não gostar. nem concordar com o PcdoB, entre-nós, mas trata-se de um Partido Comunista que preservou o velho estilo jesuítico, da militância para o confronto moral, da hierarquia e disciplina quase militares e de rigorosos hábitos de leitura, embora doutrinária.

O PSB já havia saído da balsa  petista em 2014, com a candidatura que, com o acidente  fatal do Governador de Pernambuco acabou se concentrando em Marina Silva. Não será diferente desta vez. O PSB terá um candidato próprio embora ainda não o tenha apontado. Quem sabe o próprio Aldo Rebello…

O PDT tem sido um aliado também muito próximo, mas já em campanha na defesa de Ciro Gomes, este em seu oitavo Partido em busca de notoriedade, sempre pronto para o ataque verbal inconsequente.

O PMDB, que por duas vezes ofereceu o nome de Michel Temer como Vice do PT, em 2010 e 2014, está fora de cogitação – desta vez- , embora já seja certo que estarão coligados , apesar dos ataques ao “golpe”, em pelo menos cinco Estados. Isso já aconteceu nas recentes eleições para Prefeito.  Mas ninguém se engane. O PMDB sairá do pleito com uma das maiores, senão a maior bancada. Explicação: É um Partido de interesses difusos, adequado à pós verdade e  estruturado nacionalmente, com fortes oligarquias regionais.

Está fora de cogitação, também, qualquer aliança de Lula com alguma personalidade do mundo dos negócios, com a indicação de um “bom burguês”, através de uma sigla menor, tal como aconteceu em 2002 com o nome de José de Alencar. Lula estará, pois, só,  embora imperturbável, se for candidato, em 2018.

Já Bolsonaro, sempre  operou em vôo solo e assim continuará. Ele cresceu como um cogumelo nos subterrâneos da rejeição ao lulopetismo. Se Lula estiver presente no pleito, continuará grande. Se Lula sumir, restar-lhe-á muito pouco a dizer. É parte de uma distopia regressista acalentada por defensores de uma intervenção militar.

Sobram as candidaturas de Marina e de uma eventual ‘concertação’ de centro direita comandada pelo Presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que até lhe poderá socorrer com um nome à Vice Presidência. Marina também tem forte rejeição mas goza do encanto da vitória régia cercada de mistérios, com 15% de preferência eleitoral. Além disso, ela é mulher, é Silva, é cabocla e, acima de tudo, uma fervorosa evangélica, que não nega recorrer à Bíblia em busca de inspiração para certos dilemas.

Por fim, um comentário sobre o PPS, até aqui apêndice tucano, mas com veleidades de maior independência já há alguma tempo e que tem no Senador Cristovam Buarque,  o mais qualificado dos candidatos, senão uma aposta de vitória, um bom trunfo. Ah…! Ia esquecendo do meu Partido do coração: O PSOL. O que fizeram com ele, que já teve uma Heloísa Helena na corrida e hoje praticamente desapareceu? Que é isso companheiros…?

Pode ser cedo, enfim, para se dizer se tudo correrá bem até 2018 e ,mais ainda, para se saber quem sairá vencedor. Nem se sabe se deste pleito sairá um fio de esperança para reconstruir um mínimo de consenso nacional sobre os próximos anos. De qualquer forma, esta é a única janela que nos resta para alimentar esperanças. Sem ela, aí sim, estamos fritos…




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