É muito clara a falta de conhecimento do torrense sobre a cidade. Me parece que muitas vezes não é apenas a falta de interesse, mas a pouca divulgação e transmissão deste conhecimento através das gerações.
Vamos usar como exemplo a guarita. Todos conhecem a guarita, certo! Acho que quase toda a população torrense já foi lá ou pelo menos passou perto. E o que se sabe sobre ela? Muito, pouco ou quase nada? Muita gente acha que a guarita é o conjunto dos três morros que ficam no Parque da Guarita (ou José Lutzemberger). Bem, a guarita, é apenas o pequeno morro pontiagudo, quase piramidal, entre a torre do meio e a torre sul.
Mas como o assunto aqui é o fantástico, o incrível, o sobrenatural, vou falar sobre lendas relacionadas a Guarita e ao parque como um todo.
A primeira lenda diz respeito especialmente a guarita: a lenda da Fada da Guarita.
Pelo mundo a fora existem várias lendas relacionadas a este fenômeno “fada” e a grande maioria são muito parecidas, mudando, é claro, o local e suas características, o restante é praticamente o mesmo.
Diz a lenda que a fada vista na guarita é uma mulher esbelta, vestida toda de branco e seus cabelos são longos e pretos. Ela surge, em determinadas noites, no alto da guarita. Lá em cima, ela fica por longo tempo parada olhando o horizonte, talvez esperando a chegada de alguma embarcação. Outras vezes, ela se agita e se move para os lados e acena, como se avistasse a chegada de alguém.
Se você ficou curioso para avistá-la é só ir lá na guarita em noites de lua cheia, desta maneira, se ela aparecer, você verá mais claramente o fenômeno! Boa Sorte!
A segunda lenda é a da Sereia da Furna do Diamante.
Conta a lenda que toda a sexta-feira, a meia noite, aparece na entrada da furna do Diamante uma linda e sedutora sereia com longos cabelos prateados. Se houver alguém por perto, um pescador, a sereia vai pedir-lhe um pente, Se a pessoa que lá se encontrar no momento perguntar – Para quê? – a sereia lhe dirá que é para pentear seus cabelos. No entanto, se a pessoa apenas entregar-lhe o pente, sem nada perguntar, a sereia, enquanto vai arrumando os cabelos, lhe contará onde é que está escondido o tesouro das furnas: joias e diamantes!
Se você tiver coragem suficiente para ir lá nas furnas à meia noite de uma sexta-feira, não esqueça do pente!
A terceira lenda é a dos Gnomos da Guarita.
Contam, os pescadores, que nas madrugadas das noites de luar, um ser pequeno, de roupas espalhafatosas, corre pela praia, chegando a certo lugar, nas imediações da Guarita, evapora-se penetrando na rocha. Dizem que eles guardam fabulosos baús de ouro e de diamantes escondido por piratas, que no século XVII, assaltavam os galeões espanhóis vindos carregados do Peru. Estes anõezinhos precisam morar no local para melhor garantir a beleza da paisagem, pois eles adoram plantas e animais nativos.
Se você encontrar um desses gnomos, não faça nada, apenas observe seu trabalho.
A última lenda é a do Tesouro da Guarita.
Trata a lenda que dois piratas – Jaques e Caolho – roubaram de seu navio, quando ancorado na Ilha dos Lobos, barris de ouro e outras riquezas, trazendo-os de escaler à Praia da Guarita. Depois de enterrar o tesouro, Jaques matou seu companheiro, mas, perseguido e cercado pelos demais piratas vindo do navio, jogou-se no precipício da Torre Sul, levando consigo o segredo do lugar do esconderijo.
Bom, uma coisa é certa: há muito tesouro escondido no Parque da Guarita. Será que ainda está lá? Outra coisa certa é que os Gnomos estão cuidando deles, a Fada está ainda esperando a volta dos piratas espanhóis e a sereia deve estar com os cabelos embaralhados com a falta do pente.
Brincadeiras à parte, estas interessantes lendas foram garimpadas nos livros de Dalila Picoral Ruschel, Ruy R. Ruschel e Jovita Esquina, e reescritas nesta coluna.
Fontes: São Domingos das Torres, Dalila Ruschel e Ruy R. Ruschel; Almanaque de Torres, Jovita Esquina; Torres tem história, Ruy Ruschel.
