JUNHO VIOLETA: DEFESA DOS IDOSOS

"Poucos ouviram falar do JUNHO VIOLETA, mês consagrado à luta contra a violência sobre os idosos... Como quase tudo relativo à velhice, poucas autoridades governamentais sequer mencionaram o fato. Pouca coisa, também, na Imprensa. E fico me perguntando: Onde andam os Conselhos Municipais do Idoso?" (por Paulo Timm)

18 de junho de 2020

Todo mundo já sabe do Outubro Rosa, mês de conscientização sobre o câncer de mama, movimento internacional com vistas ao controle do câncer de mama; foi criado no início da década de 1990. Sabe, também, do novembro  azul , maior campanha, igualmente global, sobre câncer de próstata e a saúde do homem. Mas poucos ouviram falar do JUNHO VIOLETA, mês consagrado à luta contra a violência sobre os idosos, numa projeção do dia 15 deste mês, dedicado, no mundo inteiro, com apoio da ONU,  à causa.

Como quase tudo relativo à velhice, poucas autoridades governamentais sequer mencionaram o fato. Pouca coisa, também, na Imprensa. E fico me perguntando: Onde andam os Conselhos Municipais do Idoso? O que terá sido feito do respectivo Conselho Nacional que deveria ter sido mobilizado, desde os primeiros casos de COVID, como importante instrumento de informação e mobilização deste segmento da população? Não sei. Ninguém sabe. Uma cortina de silêncio isola a terceira idade em sua vulnerabilidade e solidão. Falemos dela, começando pelo grande equívoco que veio à tona com a Reforma da Previdência: “Os idosos são um ônus.” E arrematam com arrogância: “Que recai sobre o maior bônus da sociedade que são os jovens”. Daí ao preconceito, um pulinho.

Comecemos, pois, por aí: o ônus.

O que move o cosmos, o planeta, a vida e sua luta pela sobrevivência e reprodução? Por certo, a energia. Logo, ao perder a energia o Homem perde capacidade de trabalho. Ao final da vida, é literalmente carregado. Em algumas culturas, sempre muito primitivas, o fardo fica muito pesado e é deixado aos ursos.. Isso, porém, como tudo, tem que ser visto in flux, como gostava de dizer Florestan Fernandes. Mais do que na natureza, os fatos sociais não são só explicados, são interpretados. O empirismo, tão ao gosto do pensamento anglo-saxão, graças ao qual desenvolveu-se a Física não esgota as Ciências Humanas. Precisamos de Descartes e Hegel, sobretudo o último, ao introduzir sobre a realidade a ideia de processo. Então, este velho alquebrado que hoje engrossa a pirâmide etária, onerando, como diz a Secretária do Guedes, a Previdência, já foi moço e como tal ajudou a colocar um  tijolinho na obra histórica do Economia. Em termos técnicos, por anos a fio contribui, com sua energia em forma de trabalho, para o incremento de produtividade do sistema onde atuou. Graças a isso, a quantidade de produto por homem ocupado, nesta economia, elevou-se, o que se traduz, no mundo moderno por índices mais elevados de salário e renda per capital, qualidade de vida (IDH), esperança de vida, além dos confortos da tecnologia. O idoso foi, portanto, decisivo para que as atuais gerações vivam a vida que vivem. Se hoje ele é improdutivo, há que se convir que não foi inútil.  Tem direito, pois, o idoso, ao reconhecimento social, na forma de aposentadoria e apoio, que por ser oneroso é transferido para o Estado. Como o Estado vai financiar esta conta é uma questão de razão consensual na sociedade e não um assunto de “peritos contadores”.

Vamos, então, ao Junho Violeta. Com a crise econômica, a dívida social do Brasil alcança níveis inimagináveis. Pesquisa PNAD de emprego divulgada nestes dias mostra a gravidade do desemprego: 29 milhões de brasileiros. Eles aprofundam a pobreza dos 100 milhões que antes da crise ganhavam até 1 salário mínimo por mês. Segmentos da informalidade que até ultrapassavam este parco limite hoje tem duas opões: Ou vivem dos R$ 600 do corona-vaucher, já perto de 50 milhões, ou estão na fila aguardando aprovação. Tudo isso leva a constrangimentos sobre os idosos que, por viverem de aposentadorias, ficam a mercê de filhos e netos. Já antes mesmo da crise, era notório o fato de que os idosos eram usados para contratar consignados para cobrar necessidades familiares. Depois faltava dinheiro pros remédios. Isso, agora, agravou-se pelo imperativo da sobrevivência.

Além da exploração econômica dos idosos há inúmeros casos, enfim, de sumária violência física e moral contra os velhinhos. Ela acontece dentro das famílias. Nas ruas, os idosos sofrem recorrentes acidentes de trânsito. Distraídos, meio surdos, não escutam os carros, muito menos as bicicletas em alta velocidade. – “Bah, quase matamos o velho”, disse uma à outra ciclista, certa feita, quando quase me pegam na frente do PEG PAG. E saíram rindo…

Neste MÊS VIOLETA é tempo, pois, de levantar a questão do Idoso. Rogar por uma Lei Afonso Arinos para idosos. E exigir uma reformulação da Política Nacional baseada no Estatuto do Idoso de forma a se criarem em todos os municípios CONSELHOS DO IDOSO à semelhança dos Conselhos Tutelares. Remunerados. Com funções de proteção aos IDOSOS e prevenção de distintas formas de violência contra eles. URGENTE! A tempo de ainda terem algum papel em sua defesa diante do CORONA VIRUS que os têm como principais vítimas.

 




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