LIÇÃO DE VIDA

"Temos aqui o contrário do esperado. A moradora de rua continua simpática e alegre. Procura ver a vida da melhor forma possível, mesmo diante da situação que vive."

Imagem publicada no Google. Meramente ilustrativa
6 de dezembro de 2023

Tem dias que saímos de casa sem qualquer pretensão, além de tocar em frente, indo ao supermercado ou à farmácia comprar algo que nem é tão indispensável. Na maioria das vezes, vamos e voltamos praticamente sem darmos conta do que aconteceu no percurso e rapidamente esquecemos que em um determinado dia saímos para fazer tal coisa. Mas têm vezes que a vida nos ensina lições completamente inesperadas, que podem nos dar  ensinamentos que nos marcam  para sempre, apesar da história ter um começo tão banal quanto ir a uma farmácia comprar creme dental e um xarope.

Foi o que me aconteceu…Fui até a farmácia do bairro, num final de semana, comprar creme dental e xarope. Estava na fila do caixa quando uma jovem senhora se aproximou de mim falando rapidamente, com jeito de quem estava precisando de alguma coisa, ela carregava consigo alguns produtos para criança e eu achei que queria passar na minha frente. Pedi que repetisse e foi aí que entendi que ela me pedia para pagar uma mamadeira e uma caixa de fraldas para a filha.

Era uma moradora em situação de rua. A caixa da farmácia olhou de cara feia para ela, como quem diz “não perturbe meus clientes”. Aí eu disse para ela pegar os produtos que precisava que eu pagaria. Ela retornou com a mamadeira e as fraldas, entregou para a caixa e ficou me olhando com os outros produtos na mão, paguei toda conta dela, que não era alta, e ela começou a orar, pulando de alegria e a agradecendo a Deus.

Estava tudo bem, até que ela pediu a nota fiscal e a caixa não a quis dar. Não sei porque ela agiu assim, mas peguei a nota fiscal e dei para a mulher… Mas ainda faltava a lição de vida… Então ela me explicou que precisava da nota porque, se a polícia a abordasse, tinha como provar que não tinha furtado as mercadorias.

 

Contato familiar – Quando perguntei sobre seu maior sonho, Maria Helena, a Lela,  como gosta de ser chamada, se mostrou esperançosa, dizendo: “Quero encontrar o meu irmão e passar um tempo com ele porque já faz 8 anos que eu não o vejo. Falei com ele esses dias, liguei num domingo quando estava na praia de Boa Viagem, na Bahia, passeando. Quero encontrar ele novamente, passar o final de ano,  pois somos só nós dois,  para trocar uma ideia. Acho que a gente vai se entender, porque eu sou uma cara boa, ele vai gostar da mana louca que ele tem. Eu sou uma pessoa de coração bom.”

Para finalizar o questionei sobre o Brasil… Lena abre um sorriso e fala como o nosso País é maravilhoso e acolhedor. Mas não deixa de dizer que o governo precisa ser mais sincero, não só com a população, mas com ele mesmo. Ainda comentou sobre o atual governo de Lula, afirmando “Esse presidente está perdido, não percebe que vivemos em outros tempos, diferente de quando governou, só não mudou nada, continua mentindo e já está gagá, não consegue governar sem acusar os outros, isso é ruim para ele, pois o rancor leva a perdição. No meu ponto de vista ele não fez coisa alguma pra tirar nós da rua, o  contrário do governo anterior que pagava R$600,00 de verba emergenciais. O Lula cortou e suspendeu o Bolsa Família dos moradores de rua, pois não temos residência fixa. Porém ele vê isso normalmente, como algo positivo do governo fazer economia, tirando dos pobres e os deixando vegetando, à  mercê da sociedade”

Após essa conversa, não podia deixar de ignorar as consequências que levam uma pessoa a morar na rua, apesar de muitos pontos negativos que fariam qualquer ser humano se afundar em pensamentos depressivo e até agressivos. Temos aqui o contrário do esperado. A moradora de rua continua simpática e alegre. Procura ver a vida da melhor forma possível, mesmo diante da situação que vive. “Deus que me fortalece, eu sou feliz quando está difícil e agradeço a Jesus. Eu penso que quando o outro está feliz fica mais fácil ser feliz”, conclui.

 

Fazer o bem, sem olhar a quem – Conceitualmente, a filantropia pode ser praticada por meio de contribuições ou doações, por indivíduos ou por entidades filantrópicas, sem fins lucrativos, que trabalham com questões humanitárias como na área social, na educação, ou na saúde. Fazer o bem, sem olhar a quem, nos traz uma sensação de bem-estar, de estar ajudando alguém sem esperar nada em troca. Mas por que ainda somos tão pouco caridosos e generosos?




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